O dia da competição chegou mais rápido do que eu esperava. O ginásio estava lotado, cheio de energia, com os gritos e aplausos da multidão reverberando nas paredes. Rayssa estava concentrada, ajustando os tênis e segurando o skate como se fosse uma extensão de si mesma.
Eu estava a poucos passos dela, com a câmera pronta, mas minha mente estava em outro lugar. A conversa que tivemos na praça ainda ecoava na minha cabeça. Rayssa havia segurado minha mão, e aquele gesto simples havia me deixado mais confusa e ao mesmo tempo mais consciente do que eu sentia.
"Você vai arrasar, sabe disso, né?" Eu disse, tentando quebrar o silêncio enquanto ela fazia os últimos ajustes.
Rayssa sorriu, aquele sorriso confiante que sempre me desarmava. "Com você aqui, acho que sim."
Meu rosto ficou quente, e eu rapidamente fingi que estava verificando a câmera para esconder o rubor. Antes que eu pudesse responder, o alto-falante anunciou que era a vez dela.
"É agora," ela disse, levantando-se. "Deseja-me sorte?"
"Você não precisa de sorte," respondi, sorrindo. "Mas boa sorte, mesmo assim."
Rayssa se afastou, mas não sem antes dar uma última olhada em minha direção, como se quisesse garantir que eu estivesse ali. Eu não conseguia tirar os olhos dela enquanto ela se posicionava na pista.
A música começou, e Rayssa deslizou com uma precisão e uma fluidez que só ela tinha. Cada manobra era perfeitamente calculada, mas ainda assim, parecia natural, como se o skate fosse apenas uma extensão de sua vontade. A plateia vibrava a cada movimento, mas eu estava focada nela, gravando cada segundo.
Quando a última manobra foi executada — um flip perfeito no ar — Rayssa aterrissou com firmeza, levantando os braços em comemoração. O público explodiu em aplausos e gritos, e eu mal conseguia conter minha empolgação. Ela tinha arrasado, como sempre.
Depois da cerimônia de premiação, onde Rayssa garantiu o primeiro lugar, voltamos para o hotel. Ela estava exausta, mas visivelmente feliz.
"Você viu aquele flip final?" ela perguntou, jogando-se no sofá do quarto. "Achei que não ia conseguir."
"Foi incrível," respondi, sentando ao lado dela. "Você fez parecer fácil."
Rayssa virou-se para mim, o sorriso ainda no rosto. "Eu não teria feito sem você lá, Lívia."
"Ah, vai," eu disse, rindo. "Eu só filmei."
"Não é só isso," ela disse, mais séria agora. "Ter você comigo... faz tudo parecer mais possível."
Meu coração disparou novamente, mas antes que eu pudesse pensar demais, Rayssa se inclinou um pouco mais perto. Não era uma ação impulsiva, mas também não parecia ensaiada. O silêncio entre nós se prolongou, e eu senti como se o mundo tivesse parado.
Mas, como se o universo estivesse conspirando contra nós, o telefone do quarto tocou, interrompendo o momento. Rayssa riu, um pouco frustrada, e eu suspirei, me levantando para atender.
Depois que desliguei, Rayssa olhou para mim com um sorriso brincalhão. "Alguma coisa sempre interrompe, né?"
"Parece que sim," respondi, rindo. "Mas talvez da próxima vez, ninguém consiga."
Ela concordou, e o olhar que trocamos foi suficiente para confirmar o que estávamos evitando dizer em voz alta. Algo estava crescendo entre nós, algo que nem mesmo o ruído do mundo lá fora poderia apagar.
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Entre manobras e sentimentos-Rayssa Leal
Novela JuvenilRayssa Leal está no auge de sua carreira no skate, viajando pelo mundo e conquistando prêmios. No entanto, sua vida pessoal começa a ganhar um novo brilho quando ela conhece Lívia, uma fotógrafa apaixonada por capturar a essência das pessoas em movi...