"Então, eu irei te esperar amor,
E eu queimarei
Será que eu verei o seu doce retorno algum dia?
Oh, será que eu vou aprender?
Oh amor, você deveria ter vindo
Porque não é tarde demais."
- Jeff Buckley.
Eu estava bêbada, de novo, esse já era o terceiro final de semana que eu voltava assim para casa, não me orgulho disso, mas a bebida parecia ser a única coisa que anestesiava o meu corpo e que me fazia dormir, durante a semana eu trabalhava nas escolas e às vezes visitava a minha avó na cidade, ela sabia que tinha algo errado comigo, mas tentava não me pressionar, eu também estava evitando os meninos, parecia ainda mais doloroso na presença deles, esses segredos que muitos deles pareciam guardar só traziam de volta a sensação de estranhamento em meu peito e a dor latejante que parecia nunca me abandonar de fato ficava mais aguda. Eu fui no hospital quando achei que talvez eu só estivesse paranóica e de fato estava com algum problema de saúde, mas nenhum exame acusou nada, no papel eu estava completamente saudável, mas eu sabia que dentro de mim algo estava errado e tinha mais certeza ainda de que isso envolvia Samuel diretamente e os meninos também.
Tropeçando eu desço do carro da minha colega na entrada que dava para as casas em La Push, meu salto alto afunda na terra úmida, aceno de maneira desleixada para Eva que ocupava o banco do motorista e ria do meu jeito bêbada, fecho a porta do carona e ela arranca com o carro sumindo de vista, tropeçando eu caminho o mais silenciosamente que consigo, busco pelo meu celular para olhar as horas, se passava um pouco das quatro da manhã, finalmente chego em casa e luto contra a chave para conseguir encaixa-la no buraco da fechadura, depois de deixa-la cair duas vezes no chão um suspiro irritado me escapa, antes que eu consiga me abaixar para pegar o molho de chaves brilhando no chão uma mão grande e de pele bronzeada as segura, ergo meus olhos para o dono da mesma e dou de cara com Samuel, ele me encara de maneira preocupada, sem que falemos nada ele enfia a chave com facilidade em seu local e a gira abrindo a porta para mim, tropeço para dentro da construção e não desabo no chão porque Sam me segura firme em seus braços, sinto a quentura de seu peito forte em minhas costas tirando o frio quase constante em que minha pele passou a ficar nos últimos tempos, um suspiro satisfeito me escapa, como se tudo fizesse sentido, como o mundo sendo alinhado ao sol.
Sinto meu corpo ser segurado em seus braços como se eu não pesasse nada para ele, meus braços vão de maneira involuntária para o seu pescoço quente, posso sentir seu coração acelerado sob minha palma que ficou em seu peito, ele me segura em apenas um dos braços enquanto com a mão livre tira meus sapatos os deixando no chão perto da porta agora fechada, ele caminha pela minha casa como se já tivesse estado aqui muitas vezes, isso desperta minha curiosidade, mas não digo nada, entramos no meu quarto e ele finalmente me coloca no chão.
- Vá tomar um banho, vou buscar um pouco de água e um remédio para dor de cabeça. - Quando percebe que estou novamente estável sob meus pés, ou pelo menos o mais perto disso ele se afasta e sai do cômodo, caminho até o banheiro e tiro o vestido colado com dificuldade, coloco ele e a calcinha pequena que uso no cesto de roupa suja, tomo um banho rápido pela leve tontura que me abate, mas consigo lavar os cabelos para tirar o cheiro de fumaça que estava nele, me seco o melhor possível e saio do cômodo entrando no meu quarto outra vez, Sam está sentado na poltrona que tenho perto da janela do outro lado do cômodo, ele me encara na penumbra, sua sombra quase intimidadora se seus olhos negros não queimassem em mim num sentimento tão único que não consiguiria cataloga-lo como outra coisa senão amor.
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Maktub
RomansaSam e Diana se conheceram quando ela ainda era um bebê e La Push era o seu lar, encantado com a doçura da menina sua conexão foi instantânea, criando pela pequena garotinha sentimentos de irmão mais velho, conforme o tempo passa essa relação de cari...