Luta Por Uma Vida

Capítulo 6

Escrito por:
Gissy Makoto & Daniel Fernandes

cristaldaluz

Desde que Sophie chegou, nossa vida mudou da água para o vinho. Ela trouxe luz e alegria para nossas vidas, como se nos tivéssemos saído de uma tempestade para um dia de ensolarado.

Ela é tão doce e esperta, não me dá trabalho nenhum. Apesar de esperta e muito brincalhona tenho notado que quase não come nada, além de estar sempre tão pálida. Carlos diz que é coisa da minha cabeça e que me tornei uma mãe coruja demais. Esses dias dispensei uma babá por que estava aparecendo umas manchas estranhas pelo corpo de Sophie, achei que era de beliscões ou algo do tipo, mas estava totalmente enganada por que as manchas insistem em aparecer. Minha mãe diz que por ela ter uma pele alva talvez seja do sol e deve ser mesmo. Meu marido tem razão estou ficando paranóica.

Hoje faz quatro meses que estamos com nossa pequena e a adaptação dela foi total; parece que nos conhecemos há anos e que ela nasceu do meu ventre.

Daqui a pouco a levarei num pediatra muito conceituado e recomendado pela minha prima Lay afinal ela tem gêmeos.

Eu sei que essa consulta demorou um pouco pra acontecer mas eu estava curtindo minha filhota além do mais ela veio do orfanato com os exames todos atualizados e em perfeito estado.

-Sophie vem lavar a mão para almoçar!

-Mãe a Ana (sua boneca) está esquentando sol e hoje está muito frio. -diz fazendo bico enquanto enrola a boneca em um pano. -só mais cinco minutinhos...

-Hoje não tem cinco minutinhos por que temos médico, já expliquei.

-Tá bom! Tá bom! Mas eu nem estou doente. Por que tenho que ir no medico?- diz com as mãos na cintura. Me coloco na altura suficiente para olhar em seu olhos.

-Nem sempre vamos no médico porque estamos doentes, as vamos pra previnir doenças ou descobrir doenças que não dão sinas que está aqui dentro. -digo apontando o indicador em seu peito. -Agora vamos lavar essa mãos mocinha!

Nosso almoço foi tranquilo e saudável. Almoçamos arroz, feijão, frango grelhado e salada de alface. Desde que minha filha chegou mudei todos meus hábitos para hábitos mais saudáveis. Agora que sou mãe tenho que dar o exemplo. Carlos paparica muito a pequena, então trouxe torta de chocolate de sobremesa.

Depois do almoço nos arrumamos e partimos em direção ao consultório. Como hoje o dia está realmente frio resolvi colocar uma calça preta bota, uma camisa azul escura e uma blazer preto por cima. Sophie está com uma bota meia-calça branca e um vestido preto de manga comprida e gola alta, porém é super fácil de tirar pois imagino que o médico a examine.
Chegamos no consultório dez minutos antes do horário marcado. A sala de espera do consultório e grande muito iluminada, tem grandes sofás de couro branco e algumas imagens do desenho da Turma da Mônica nas paredes dando um ar mais infantil no ambiente. A recepcionista e magra, baixa morena com os cabelos presos em um Coque .

-Sophie de Freitas Albuquerque e Mello.

-Somos nós. -digo já levantando e pegando minha pequena pela mão.

-O Doutor Álvaro está lhe aguardando.

O escritório e todo branco, mas tem pequenos desenhos na parede.

-Boa tarde! -diz apertando minha mão. -sente por favor.

-Boa tarde obrigada!

-Oi princesa, tudo bem? Qual seu nome?

-Eu me chamo Sophie e eu não estou doente já falei pra mamãe.

-Que ótimo que uma menina tão linda não está doente, mas irei examina-lá para garantir isso tudo bem?

Ela balança a cabeça positivamente enquanto ele olha em minha direção.

-Mãe você tem notado algo de diferente na criança?

-Nada demais doutor, mas ela quase não come, esta pálida e tem algumas manchar aparecendo pelo corpo.

-Tem algum históricos de doenças crônicas na família? -pergunta enquanto pega um palito e olha sua garganta.

-Ela é adotada doutor. -digo sem jeito.

-Ela é minha mãe, mas faz pouco tempo, a cegonha me entregou no lugar errado, né mamãe?

-Sim minha filha.

-Esses sintomas que a senhora falou é muito comum nessa idade mais vou averiguar para eliminar qualquer suspeita.
Ele coloca Sophie na maca e examina com um estoscopio pedindo pra ela respirar e inspirar algumas vezes. Ele tirou o vestido dela e começou apertar lugares estratégicos pequeno corpo e perguntando se estava doendo. O tempo que que ele demorou em sua barriga me chamou atenção.

-Tudo bem doutor? -pergunto preocupada.

-O fígado dela apresenta uma pequena disforme a mais, passerei alguns exames para avaliar isso, toda via acredito que não seja nada. Faça também alguns exames de sangue, urina e um raio X e traga para mim o mais rápido possível. Pedirei para minha secretaria abrir um brecha na minha agenda para atende-lá.

Assim que ele me entrega a receita nos despedimos e fomos embora. Não posso negar que estou temerosa e meu coração me diz que tem algo errado.

No outro dia nos dirigimos ao laboratório logo cedo. Apesar de minha pequena dizer que não tem medo de injeção foram precisos três enfermeiras segura-lá para tirar uma seringa de sangue. Eu fiquei com dó mas foi necessário para o bem dela. Logo depois do almoço voltamos ao consultório mas dessa vez com os resultados dos exames em mãos.

-Boa tarde!

-Boa tarde! -respondemos nos três em coro, já que dessa vez Carlos me acompanhou.

-Tudo bem?

-Espero que sim doutor.

-Trouxe os exames?

-Sim aqui está. -e sem mais delongas ele abre e começa a avaliar os exames.

Sua expressão não é nada boa. Ele franze as sombracelhas algumas vezes. Aos poucos o rosto feliz que encontramos quando entramos vai sumindo e em seu lugar um rosto preocupado se forma. Ele olha e reolha os exames algumas vezes mas nada diz. Essa demora está me matando então resolve perguntar:

-E então doutor? O que minha filha tem?