Amor e Dúvida

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Becky

Um aperto sufocante tomou conta do meu peito, tão intenso que quase me fez perder o fôlego. A dor não era apenas emocional — era quase física, como se algo dentro de mim estivesse se partindo em pedaços pequenos demais para serem juntados de novo.

Engoli em seco, tentando manter o controle, mas minha garganta queimava, e meus olhos ardiam com a ameaça iminente de lágrimas. Eu pisquei rápido, na esperança de afastá-las, mas a imagem daquele vídeo já estava gravada na minha mente, repetindo-se como um pesadelo do qual eu não conseguia acordar.

O hospital ao meu redor parecia distante, como se o mundo estivesse se dissolvendo em um borrão sem som.

Eu queria duvidar do que tinha visto. Queria encontrar alguma justificativa, alguma explicação lógica que fizesse tudo aquilo ser menos... real. Mas o nó na minha garganta só apertava, e por mais que eu tentasse conter, sentia que, a qualquer momento, o choro poderia escapar de forma descontrolada.

Voltei para o quarto com as pernas fracas e o coração em pedaços, me sentei no pequeno sofá que havia ali e permaneci em silêncio, duvidava que conseguiria falar qualquer coisa sem que tudo desmoronasse de vez.

Narradora

Becky inspirou fundo, guardou o celular desligado no bolso com as mãos ainda trêmulas e esfregou o rosto na tentativa inútil de apagar a sensação sufocante que o vídeo tinha deixado nela. Seu peito pesava, como se algo estivesse apertando cada parte do seu corpo por dentro, mas ela não podia desmoronar ali. Não naquele momento. Pensava em sua irmã que havia acabado de ter um bebê e não queria preocupá-la com seus problemas pessoais.

Becky se virou para olhar Chloe, respirando fundo ao ver Amber dormindo no pequeno berço ao lado da mãe, e de David, que acabara de chegar e já cochilava na poltrona. O quarto da maternidade estava em silêncio, iluminado apenas pela luz fraca do corredor. Becky cedeu ao cansaço, se afundando no estofado sem dizer uma palavra. A exaustão bateu forte, mas o turbilhão na sua mente ainda gritava. Mesmo assim, fechou os olhos, na esperança de que tudo aquilo fosse apenas um sonho ruim.

Becky

A manhã chegou com o som abafado dos corredores movimentados. Acordei sentindo o corpo pesado e os olhos inchados, mas me forcei a levantar. A alta veio logo depois do café, e em pouco tempo já estavam prontos para ir embora. Ajudei David com as bolsas, peguei a mochila que havia levado e, ao sair do hospital, senti o ar fresco bater contra meu rosto.

O silêncio do meu celular deveria me trazer paz, mas tudo o que eu sentia era um nó apertado no estômago. Desde que chegamos do hospital, foquei toda a minha atenção na minha irmã e na minha sobrinha, tentando ignorar a tempestade dentro de mim.

A casa estava mais movimentada do que o normal. David ia e vinha do quarto, ajudando minha irmã em relação aos cuidados do pós-parto. Eu fiquei na sala, observando o pequeno berço portátil ao lado do sofá. Amber dormia profundamente, com o rostinho sereno e minúsculo envolto em uma manta rosa.

Eu deveria estar emocionada, deveria estar sentindo apenas alegria por esse momento especial, mas tudo o que havia dentro de mim era uma confusão emocional, dividida entre estar plenamente grata por minha irmã e minha sobrinha estarem bem e a inquietação que persistia em meu peito. Eu havia desligado o celular desde ontem, não queria desculpas, justificativas ou mensagens desesperadas, preferia resolver isso pessoalmente. Sem muitas alternativas, resolvi focar minha atenção em organizar as coisas para a mudança, que ocorreria amanhã.

it's golden - freenbecky Onde histórias criam vida. Descubra agora