Becky
O bar estava cheio, abafado, com o cheiro forte de álcool e vozes misturadas em um zumbido constante que, para qualquer outra pessoa, poderia ser apenas parte do ambiente. Mas para mim, parecia mais um ruído distante, insignificante diante da tempestade que se formava dentro de mim. Minha mente estava um caos. Sentei-me em um canto qualquer, longe o suficiente para evitar conversas, mas perto o bastante para que o som alto pudesse, quem sabe, calar minha própria mente.
O gosto amargo do álcool me revirava o estômago, mas eu continuei bebendo. Cada gole era uma tentativa desesperada de afogar a dor que insistia em me puxar para o fundo. Eu odiava aquilo. Odiava o gosto, o ardor, o desconforto. Mas, naquele momento, odiava ainda mais sentir.
A bebida não trazia alívio verdadeiro, apenas uma sensação passageira de torpor. Um breve instante onde a dor parecia adormecer, só para voltar ainda mais forte logo depois. E mesmo sabendo disso, eu continuei. Porque, por mais momentâneo que fosse, qualquer alívio era melhor do que encarar o peso da decepção e da dúvida. Meus dedos giravam o copo quase vazio, enquanto os pensamentos insistiam em se entrelaçar, como um tipo de nó.
Em um determinado momento, um rapaz que eu mal conseguia reconhecer tinha se aproximado. Seu sorriso forçado e as palavras arrastadas pelo excesso de bebida me enojavam. Tentei ignorar, mas ele insistiu, chegando perto demais. Cada vez que eu recuava, ele avançava mais, como se meu desconforto fosse um convite.
—Dança comigo... você é tão linda! —Ele insiste novamente.
—Eu não quero —Digo com a voz rasa.
—Por favor, é só uma dança... —O rapaz segurou um dos meus braços.
Minha mente confusa lutava para reagir, mas antes que eu pudesse dizer qualquer coisa, uma mão firme afastou o garoto.
—Ela disse não. Você é surdo? — a voz de Freen cortou o ar com uma firmeza que me arrepiou.
Levantei o olhar, ainda atordoada pelo álcool e a vi.Não sei distinguir exatamente o que estou sentindo agora, mas sei que transita entre uma espécie de dor, saudades, e angústia. O desgraçado resmungou algo, mas logo sumiu na multidão. Fiquei imóvel, sem saber se o que me deixava mais desnorteada era o álcool ou o fato de que Freen estava bem ali, na minha frente.
—Você está bem, Becky? — ela perguntou, com o olhar preocupado.
E naquele instante, mesmo com tudo entre nós quebrado, uma parte de mim, que eu nem sabia que ainda existia, respirou aliviada.
—Vem comigo, você definitivamente não combina com este lugar. —A morena agarra meu pulso com delicadeza, enquanto me puxa para fora do local.
—Pra onde pensa que está me levando? —Pergunto, quando um vestígio de sanidade surge.
—Pra minha casa. —Ela responde, sem me dar tempo para protestos e me coloca no banco de seu carro.
FreenQuando cheguei naquele bar, meus olhos varreram o ambiente, até encontrá-la: sozinha, em um canto afastado, com um copo na mão e um olhar perdido que eu mal reconhecia. Quando estava prestes chegar perto, um garoto alto se aproximou dela. A maneira como ele falava e invadia seu espaço estava me incomodando. Becky tentava se esquivar, mas o imbecil parecia não estar disposto a ouvir. Com os punhos cerrados e a raiva explodindo no meu peito, tratei de tirá-lo dali, recebendo imediatamente um olhar de alívio pela parte de Becky.
Acho que ela estava tão imersa no álcool que não se incomodou tanto com o fato de eu estar a levando para minha casa, tanto que o trajeto até aqui foi banhado em silêncio.
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it's golden - freenbecky
Fanfictionfreen sarocha, uma jogadora de futebol acabou de se transferir para uma nova instituição após se envolver em uma briga em seu antigo colégio, nessa bagunça o que ela menos espera é se apaixonar pela sua colega de mesa após um beijo inesperado.