Benjaminestava sentado no banco de trás do carro da família. O motorista estavadirigindo em silêncio. Ir para a escola naquele dia, sem dúvida não seria umatarefa fácil. Quando Benjamin não tinha controle de algumas situações, Franklindava sempre um jeito. Afinal, Franklin era um garoto determinado e forte. Elesabia como lidar com as coisas, mesmo que algumas vezes parecesse esnobe. JáBenjamin, era diferente. Ele não gostava de chamar a atenção. Era um garototímido, e bastante quieto.
Comovou passar por isso sem o Frank?
Essa pergunta estava atormentando a mente deBenjamin.
Ele estava se sentindo como umcompleto covarde. Alguém com medo de enfrentar aquilo sozinho. Ele não podiadesanimar. Tinha que fazer aquilo. Ir para a escola era o certo a se fazer.Pelo ao menos, seus pais pensavam assim.
O motorista parou o carro. Benjaminnão tinha percebido, mas eles já estavam no estacionamento do Iowa City High.
O velhomotorista abriu a porta para Benjamin sair do carro. A chuva já tinha parado,apenas algumas gotas finas ainda caiam. Antes que Benjamin pudesse agradecer aomotorista pela carona, ele já havia partido.
Normalmente Franklin desceria junto com ele ali.Mas não naquele dia.
O garoto Benjamin respirou fundo.Por mais que ele tentasse pensar em frases prontas de incentivo, só lhe vinhampensamentos ruins na cabeça. O nervosismo estava lhe tomando conta.
Ele continuava parado no estacionamento. Ao mesmotempo em que conseguia tomar ânimo, acabava o perdendo no mesmo momento. Umacompleta bipolaridade mental.
Certo momento, ele se encheu de coragem. Sabia quenão podia fugir daquilo. Então, Benjamin ergueu a cabeça e entrou no saguão.
Todos pararam. Os alunos se voltarampara ele.
As suas pernas estavam trêmulas efracas.
A cada segundo, mais uma pessoaparava para lhe observar.
Benjamin suspirou.
De repente, vários alunos vieram atéele, de forma aleatória. Alguns o cumprimentavam, como se nada tivesseacontecido. Outros lhe davam palavras de consolo, carinhosamente.
— Vai ficar tudo bem — disse umamenina morena que Benjamin nem sabia que o conhecia.
— Qualquer coisa que precisar podecontar comigo, cara — falou um garoto que Benjamin não estava certo se o nomeera Roderick ou Rodrick.
— Não se preocupe — pediu outramenina. — A polícia vai fazer um bom trabalho.
— Seja forte, Benjamin — comentouKevin Mitchell.
Assim, os cinco primeiros minutos ali tinham sido.Repletos de palavras calorosas.
Depois que o movimento passou, Benjamin ficousurpreso. Não tinha sido tão difícil assim passar por aquilo. Até que o pessoaltinha sido bem jóia com ele. Ele estava feliz que afinal as preocupações nãoeram necessárias. Entretanto, agora ele estava sozinho. Todos tinham saído deperto dele.
Aquela situação era até irreconhecível para Benjamin.Sempre haviam vários alunos ao redor dele e de Franklin. Sempre mesmo. Apopularidade fazia isso com eles. Mas parecia que algo tinha mudado. Ele estavacompletamente sozinho naquele momento. Então, ele percebeu o que tinha mudado.Franklin não estava ali.
Tudo indicava que Franklin era popular, e Benjaminnão. Era algo tão óbvio por todos esses anos. Como ele nunca havia percebidoisso antes?
A sensação de estar sozinho foi pior do que tervárias pessoas ao seu redor para lhe consolar. Bem, mas talvez quando eleentrasse no corredor principal as coisas mudariam. Mas não. Ele entrou e ocorredor estava quase vazio. Alguns alunos ainda estavam lá, mas apenasacenaram para Benjamin de longe.
Benjamin nunca tinha pensado que não era popular.
Era essa a verdade. Franklin era o verdadeiro reido colégio. Franklin era o verdadeiro garoto popular. Franklin era o verdadeiroprotagonista. Benjamin era apenas o coadjuvante.
Pensando dessa forma, até que fazia sentido. Paraser popular no Iowa City High, era preciso ter um mínimo de maldade. Franklinera bom nisso. Sempre que precisava, humilhava algum desajeitado. Já Benjaminnão conseguia fazer isso. Franklin até tentava o ajudar, mas esse não era ele.
Realmente, Benjamin e Franklin eram muitodiferentes.
O sinal da escola tocou. Os alunos saíram correndo,entrando rapidamente nas salas de aula.
Benjamin foi correndo até o seu armário. Ele oabriu. Mas não lembrava qual era sua primeira matéria.
— Acho que é... História — lembrou-se em voz alta.
Ele pegou seu livro de história, bateu a porta do seu armário e correu até a sala de aula.
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Anônimo
Mistério / SuspenseEm Iowa City, as vidas de Robert Stevens, Luana Chesterfield e Benjamin Green irão mudar após a chegada de um perseguidor psicopata em suas vidas, denominado de Anônimo. Agora, os três juntos terão que pensar e tentar desvendar o enigma da perseguiç...