A cozinheira da escola pôs a comida no prato de Benjamin. Ele caminhou pelo refeitório, procurando uma mesa para se sentar.
Já sei.
Ele e Franklin normalmente sentavam em uma mesa bem central, onde também se sentavam outros alunos populares. Benjamin encontrou a mesa e foi caminhando na direção dela. Luana Chesterfield acabara de se sentar lá, ao lado de suas amigas Caroline Simpson e Tiffany Clarck. Zack McAdams estava lá também, e mais uns sete ou oito garotos do time de futebol.
Benjamin chegou perto da mesa.
— Oi, galera — Benjamin falou em voz alta para todos que estavam sentados na mesa. — Tem um lugar para mim?
Zack olhou para os lados.
— Foi mal — disse o garoto, parecendo um pouco irônico. — Não tem espaço.
O queixo de Benjamin caiu, involuntariamente.
Se Franklin estivesse com ele, já teriam criado uma vaga para os dois. Realmente, parecia que as coisas mudariam dali pra frente.
Os alunos da mesa voltaram a conversar, e o ignoraram. Benjamin, não querendo causar nenhuma confusão, decidiu pegar sua bandeja e sentar em outra mesa. Ele percorreu o refeitório. Não haviam cadeiras livres. Pelo ao menos não em mesas com outras pessoas.
Havia uma mesa, no canto do refeitório, perto da entrada. Ela estava completamente vazia. Benjamin, não tendo outra opção, sentou ali.
O garoto viu Robert Stevens, perdido no meio das mesas. De repente, ele começou a se aproximar de Benjamin.
— Hum... — Robert murmurou. — Eu posso sentar aqui com você?
Benjamin olhou ao redor. Sabia o quanto era ruim não ter onde sentar. Mas ao mesmo tempo, não queria muito ser visto com Robert.
— P-Pode — Benjamin gaguejou depois de pensar um tempo.
Apesar de se importar com as aparências, Benjamin era um bom garoto. Sabia que aquilo era o certo a fazer.
Robert se sentou em uma cadeira na frente da de Benjamin.
Enquanto almoçavam, os dois ficaram em silêncio absoluto.
— Soube do que aconteceu com seu irmão — Benjamin surpreendeu-se ao ouvir Robert falar de uma forma educada. — Só quero dizer que sinto muito.
Enquanto tomava um gole de suco de uva, Benjamin assentiu.
— Fique sabendo que ele não odiava você — falou o ruivo.
— Como é? — Robert fez uma expressão confusa.
Benjamin suspirou.
— Bem... Você sabe, o Franklin e o Nolan eram grandes amigos. Depois do que você fez para o Nolan no verão, meu irmão até sentiu um pouco de raiva de você. Mas não ódio.
Benjamin percebeu que Robert não se sentia muito confortável em falar sobre o Nolan Hard, então decidiu parar de falar.
— Você disse que Franklin e Nolan eram amigos — comentou Robert. — Por que no passado?
Pegando um guardanapo, Benjamin limpou a boca.
— Eu até quero pensar que meu irmão vai voltar. Mas preciso ser realista. Já fazem dois dias que ele não aparece. Não acho que ele vai aparecer agora.
— Tenho um conselho pra te dar.
As sobrancelhas de Benjamin subiram.
— Apenas esqueça tudo — Robert disse. — Esqueça o que os outros falam, esqueça o que os outros pensam, esqueça o que os outros querem. Relaxe. — aquilo soava estranho aos ouvidos de Benjamin. Relaxar não era exatamente o que sua família fazia. — Cedo ou tarde, você vai encontrar algo que vai valer a pena. Talvez agora seja difícil para você entender, ou talvez ninguém saiba o que você está passando, mas uma hora, a vida muda. Você vai seguir em frente, e vai perceber que as coisas não são tão ruins. E só... A vida.
O incentivo ficou pairando na cabeça de Benjamin. Até que fazia sentido. Quem diria. Robert Stevens era bom em dar conselhos.
Assim que terminou de comer seu almoço, Robert se levantou da mesa e saiu do refeitório, se despedindo de Benjamin apenas com um aceno discreto com a mão.
Não só os conselhos de Robert ficaram na cabeça de Benjamin. Aquele almoço ficou. Era difícil para Benjamin imaginar que Robert tivesse feito aquilo com Nolan. Ele parecia ser um bom menino. Qual motivo teria um garoto como ele para dar três facadas em Nolan? Complicado de pensar. Mas agora, Benjamin seguiria o conselho. Relaxaria. Ele não estava nem aí se os outros o consideravam apenas o irmão gêmeo de Franklin Green. O importante era ele pensar positivo.
Entretanto, agora Benjamin percebia uma coisa. Franklin sempre o afastara de Robert. Talvez, se não fosse assim, os dois poderiam ser amigos.
O tempo foi passando. Benjamin comeu lentamente. Quando viu, os últimos dois alunos saíram do refeitório. Ele se levantou apressado. No momento que pôs sua mão na maçaneta da porta do refeitório, viu um vulto passar atrás de si.
Estranho.
De repente, ele olhou para trás, e viu em cima de uma das mesas uma caixinha de papel. Benjamin foi até a mesa e pegou a caixinha. Não havia mais ninguém ali. Será que a caixinha era para ele?
Ele agarrou a caixinha e a abriu a pequena tampa. Havia um papel dentro da caixinha. Benjamin o desdobrou. Era um mapa impresso. Um mapa de Iowa City. Certo ponto do mapa estava marcado com uma bolinha vermelha.
O menino olhou o outro lado da folha. Estava escrito algo, em caneta vermelha.
Benjamin. Se quiser saber mais sobre seu irmão, venha até esse ponto. Sozinho. Vamos marcar para às 20:00. Espero por você. – ANÔNIMO.
Fala sério. Quem é esse tal de Anônimo?
— Ei, garoto! — gritou uma das velhas merendeiras da escola. Aquela era uma negra, rabugenta, aparentemente. — Você não devia de estar aqui ainda!
— Desculpe.
Benjamin agarrou a caixinha e saiu do refeitório, um pouco sem jeito.
Aquela mensagem de Anônimo tinha lhe assustado. Claro ele não iria naquele ponto, por informação nenhuma. Era muito perigoso.
Ele pegou o mapa de novo. Olhou mais uma vez o ponto marcado de vermelho.
Espere.
Benjamin parou de caminhar. Aquela rua... Ele sabia onde era aquele lugar.
Assim, Benjamin se obrigou a mudar de opinião. Agora ele não podia mais relaxar. Era hora de agir.

VOCÊ ESTÁ LENDO
Anônimo
Mistério / SuspenseEm Iowa City, as vidas de Robert Stevens, Luana Chesterfield e Benjamin Green irão mudar após a chegada de um perseguidor psicopata em suas vidas, denominado de Anônimo. Agora, os três juntos terão que pensar e tentar desvendar o enigma da perseguiç...