No lugar a qual eu vivia, sempre nos contavam várias histórias; contos de ninar, histórias de terror, lendas e várias outras, entre elas a mais conhecida era a do fabricante de lágrimas. Nela falava de um mundo onde ninguém chorava, todos eram despi...
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O quarto estava bagunçado e empoeirado, como sempre.
A escrivaninha ficaria linda sem todo aquele caos e as manchas pegаjosas de conhaque deixadas pelos copos. Mas isso não importava.
Ele olhava para baixo.
Aquela altura, Jungkook já conhecia de cor as manchas do piso.
— Olha só para ele. É um desastre.
Era sempre assim. Apesar de estar ali, os dois adultos no recinto sempre falavam como se ele não estivesse presente.
Talvez seja essa a forma que se fala dos problemas. Como se eles não estivessem ali.
— Olha só para ele — disse o médico à mulher mais uma vez.
Havia um toque de pena na voz do homem e, daquela vez, Jungkook o odiou com cada fibra do corpo.Jungkook o odiou por sua compaixão, pois ele não a queria. Ele o odiou porque o médico o fazia se sentir ainda mais errado. Ele o odiou porque não queria se desprezar mais do que já se desprezaνα
Mas, acima de tudo, ele o odiou porque sabia que o médico tinha razão.
O desastre não estava nas unhas sujas, Não estava nas pálpebras que às vezes ele queria arrancar. Não estava no sangue nas suas mãos.
O desastre estava dentro dele, tão enraizado que chegava a ser incurável.
— A senhora pode não aceitar. Mas o menino já mostra os primeiros sintomas. A incapacidade de se relacionar com os outros é só um dos sinais. E, em relação ao resto...
Jungkook parou de ouvi-lo porque aquele "resto" era o que mais doía.
Por que ele era assim? Por que não era como os outros?
Não eram per guntas para uma criança, mas ele não podia deixar de fazê-las.
Talvez pudesse ter perguntado aos pais. Mas eles não existiam. E Jungkook sabia o motivo. O motivo é que ninguém gosta de desastres. Os desastres são inconvenientes, inúteis e incômodos.
É mais fácil se livrar dos brinquedos quebrados do que guardá-los.
Quem é que poderia querer alguém como ele?
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