De início ela apenas me encara com os olhos verdes arregalados, incrédula, mas depois ergue o queixo e escancara a boca, revelando seus dentes.
Antes que possa entrar em ação, porém, arremeto contra ela, determinada a dar o primeiro golpe, a derrubá-la enquanto é tempo. Antes de alcançá-la, no entanto, vejo a poucos metros de distância um círculo de luz dourada, uma espécie de véu cintilante que acena para mim, como em meus
sonhos. Mesmo sabendo que foi Daniela quem fabricou esses sonhos, e que decerto estou diante de uma armadilha, não consigo me conter: ando em direção à luz.
Saio tropeçando através da neblina reluzente, banhada por uma claridade tão amável, morna e aconchegante que logo me vejo livre de todos os receios e temores, ficando tomada de paz. Até que pouso num campo de relva muito verde, a queda amortecida pela grama.
Olhando ao redor, vejo flores com pétalas que parecem iluminadas por dentro, cercada de árvores tão altas que chegam a roçar o céu, os galhos cedendo ao peso de frutos maduros e apetitosos.
E enquanto admiro a paisagem, deitada em silêncio, lentamente digerindo cada detalhe, tenho a estranha sensação de que já estive aqui antes.— Luna.
De um pulo fico de pé e me preparo para lutar. E quando vejo que estou diante de Billie, dou um passo atrás, desconfiada, sem saber ao certo de que lado ela está: do meu ou do de Daniela.
— Luna, fique tranquila. Está tudo bem — ela diz sorrindo, oferecendo sua mão.
Mas fico onde estou, imóvel, nem um pouco disposta a morder a isca. Olho ao redor à procura de Daniela, dando outro passo para trás.
— Ela não está aqui — Billie afirma, me encarando. — Você está segura. Somos só nós duas, você e eu.
Hesito um instante, sem saber se devo acreditar nela ou não, achando difícil estar segura ao lado de alguém como ela.
Encarando-a de volta, avalio minhas opções (que na verdade não são muitas), até que finalmente pergunto:— Onde estamos? — Mas, no fundo, o que quero saber é: Estou morta?
— Você não está morta, isso eu posso garantir — ela responde rindo, depois de ler meus pensamentos. — Está em Summerland.
E percebendo a interrogação em meu
olhar, explica:— É um tipo de lugar intermediário. Como se fosse uma sala de espera. Uma
dimensão entre as dimensões, se assim preferir.— Dimensões?
Aperto os olhos sem entender, a palavra soa estranha, enigmática, pelo menos do modo como foi usada. E quando Billie estende o braço para pegar minha mão, recuo rapidamente, pois sei que não consigo ver nada com clareza quando ela me toca.
Resignada, ela dá de ombros e acena para que eu a siga através de uma campina onde todas as flores, árvores e filetes de grama balançam suavemente, oscilando para um lado e para o outro como se estivessem em uma dança infinita.— Feche os olhos — ela sussurra. E diante da minha recusa, insiste: — Por favor.
Então, concordo, mas não sem deixar uma pequenina fresta entre as pálpebras.
— Confie em mim, Luna. Pelo menos desta vez.
Por fim faço o que ela pede e fecho os olhos por completo.
— E agora? — pergunto.
— Agora imagine algo.
— Como assim? — No entanto, mesmo sem entender, imagino a figura de um elefante.
— Imagine outra coisa, rápido!
Assustada, abro os olhos e dou de cara com um elefante de proporções titânicas vindo em nossa direção. E fico maravilhada quando, também por obra de minha imaginação, ele se transforma em uma borboleta, uma linda e inofensiva borboleta-monarca, que pousa na pontinha de meu dedo.
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Para Sempre - Os Imortais. ●Billie Eilish●
РазноеDepois de perder toda a família em um desastre de automóvel, do qual inexplicavelmente escapou, Luna Whisper tem sua vida transformada por completo. Ela muda de cidade, de escola, de amigos e precisa aprender a conviver com uma realidade atordoante:...