Capítulo trinta

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Mark

       Beijo a minha namorada completamente faminto e apenas paro quando preciso recuperar meu fôlego e deixar seus lábios inchados. Lindsay olha para mim e sorri, passando a mão no meu rosto com carinho.
       Eu entendo porquê George ficou com mais raiva de mim, sou um sortudo por ter essa mulher. E se ele quiser, que faça o que quiser, tudo o que eu preciso e quero é que Lindsay fique comigo.
        — Não consigo me cansar de você. — Beijo o seu queixo. — O que você fez comigo?
        Ela boceja. — Não sei, mas pretendo descobrir para deixar ainda mais apaixonado.
       — Eu sempre estarei. Não consigo me imaginar não amando você.
       — Mark!
       — O que foi?
       — Você diz essas coisas o tempo todo... — seu rosto corado me faz sorrir.
       — É apenas a verdade, meu amor. — Acaricio o seu rosto também.
       Estamos na sua cama, completamente nus depois de transar bastante, agora trocamos carinho e beijos. Eu estava um pouco abalado com a visita do meu primo mais cedo, mas agora já não quero saber. Depois dessa noite maravilhosa, não quero saber de mais nada, principalmente do filho da puta do George.
        — Eu sei.
        — Então, quer que eu diga que não me canso de fazer amor com você? Que me deixa louco de tesão?
       Ela ri. — Diga o que quiser. Eu gosto tanto de você romântico como de você safado.
        — Ótimo. — Abraço o seu corpo e respiro fundo. — Eu já tomei uma decisão sobre George.
        — E o que decidiu?
        — Se ele não vai me deixar lutar pelo que é meu, então desisto.
        — Tem a certeza?
        — São apenas ações, uma empresa. Tudo o que tenho agora é tudo o que preciso. Meus amigos, você, não posso abalar a minha paz por causa dele.
        — Estarei do seu lado para tudo o que você decidir.
        — Obrigado, meu amor.
        Ela boceja mais uma vez. — Você também é o meu sonho.
        — É bom saber. — Beijo a sua testa. — Durma, está bem?
        — Boa noite, amor.
        Lindsay fecha os olhos e cede ao sono. Admiro a sua beleza por alguns segundos e depois penso em ir atrás do George e dizer que ele ganhou. É isso que ele tanto quer, ganhar. Eu posso perder na guerra contra ele, mas já ganhei na vida.
        Dou um último beijo na minha namorada já adormecida e tento dormir também. Estou feliz e despreocupado, tomar essa decisão me ajudou, embora seja triste saber que não consegui salvar a empresa do meu pai. Imagino que de qualquer forma, ele está orgulhoso de mim, ele sabe que eu tentei e sei que só devem querer que eu seja feliz.

                                    ****

      Passei a manhã com Lindsay no seu apartamento depois de uma noite maravilhosa, agora estou com os meus amigos no Hartwell. Justin também está aqui porque as meninas estão com Alaia nesse momento.
      Obviamente Villaggio veio cobrar a partida de golfe da última vez. Eu achei que poderíamos vencer, mas eles são os melhores, eles vencem e nos humilham completamente. Nem a derrota estraga a minha disposição, mas não posso dizer o mesmo do Dorian.
       — Foi um bom jogo, Aikyo. Quem sabe da próxima vez vocês vençam. — Villaggio sorri como se não tivesse vencido apenas o jogo.
       — Quem sabe. — Dorian olha para ele, mas parece que se segura para não acertar na cabeça dele com o taco de golfe.
        — Então até mais. — Ele leva seus amigos e vai ter com uma mulher ruiva.
        — É sempre uma mulher diferente. — Christopher acena em negação. — Ele não é feliz.
        — Ele deve ter contratado jogadores profissionais. Só pode. — Dorian diz. — Enquanto eu tenho o Mark e o Justin.
        — Como se eu tivesse influenciado para você perder. — Justin cruza os braços. — Achei as minhas tacadas perfeitas.
        — Claro que achou, porque você não entende nada de golfe. — Christopher responde.
        — Vai se foder!
        — Não quero mais falar sobre essa derrota humilhante. — Dorian diz. — Vamos comer alguma coisa.
        — Não precisa dizer duas vezes. — Solto o meu taco.
        Vamos para dentro no restaurante do clube e nos sentamos. O engraçado é que onde estamos, Villaggio sempre está, ele tem os mesmos privilégios que o Dorian, mas às vezes parece que o persegue.
         — Dorian, você tem a certeza que ele não está apaixonado por você? — aponto para o italiano agora sozinho com a mulher ruiva numa das mesas.
         — Quem me dera! Assim ia parar de olhar para a Veronica. — Ele vê a carta de vinho. — Ele ainda quer alguma coisa com ela, eu sei.
         — Eu sei como é. — Christopher suspira. — Eu sofro bastante também. Elena chama atenção de todos os homens e isso me enfurece.
         Agora estou um pouco preocupado. Eu não sei como são as coisas no trabalho com a Lindsay, mas imagino que deve haver muitos homens também. Felizmente eu confio nela e sei que finalmente tenho o seu coração.
        Um século depois, caralho!
          Justin suspira. — Acontece com todos nós.
         — Há uma coisa que eu quero dizer. — Consigo a atenção de todos. Eles merecem saber, Henri me aconselhou a me abrir mais com os meus amigos.
         — Diga.
         — O meu plano para recuperar as ações, eu vou desistir.
         — Por quê? — Justin pergunta.
         — O plano tinha tudo para dar certo e quase consegui, mas George apareceu. Eu sei que deveria lutar, que tenho esse direito, mas eu percebi que quanto mais eu lutar, mais ele irá contra atacar. Eu quis recuperar a empresa do meu pai por ser o seu legado, mas agora vejo que eu sou o seu legado. Essa guerra nunca vai terminar, e eu não aguento mais.
        Eu jurei que iria acabar com eles, que iria recuperar, mas não dá mais. Se eu desistir, não significa que serei fraco. Otto não cuidou tão bem de mim, George fez da minha vida um inferno e eu queria me vingar, mas não é o meu dever. Eu não preciso continuar nisso, e quem sabe se eles ficarem com a empresa, eles se sintam melhor e até esqueçam que eu existo.
        Eu queria recuperar a empresa, mas depois percebi que George nunca irá mudar. Por que ele mudaria se ele me odeia? Ele sempre quis tudo o que era meu. Por que ele iria desistir se sabe que quero tanto? Se sabe que Otto quer destruir tudo o que a minha família construiu? Eles querem ganhar.
        Mas eles não vão ganhar porque não vou deixar me destruírem. Se eles querem tanto, terão o que tanto querem, eu vou desistir. Ainda que eu me tornasse no sócio majoritário eles fariam de tudo para me sabotar, poderiam comprar as ações de outros sócios, poderiam me impedir, simplesmente porque eles querem ganhar.
        Eu não quero ganhar. Eu quero paz e ser feliz. Se esse é o fim da Dreieck Enterprises, então será. Eu vou desistir e continuar com o meu emprego, vou continuar com a minha família de verdade e com a mulher que eu amo. Não posso acabar com o seu ódio por mim, mas posso acabar com essa guerra.
         — Você tem a certeza? — Justin pergunta mais uma vez.
         — Eu tenho a certeza.
         — Há alguma coisa que podemos fazer por você? — Dorian deixa a carta de vinho de lado.
         — Vocês já fazem muito e eu agradeço.
         — É uma decisão muito difícil. — Christopher olha para mim.
         — Estou ciente disso.
         — Você tem a certeza? — Justin insiste.
         — Tenho. Eu vou ficar bem, garanto.
         Dorian suspira. — Bem, às vezes, desistir é a escolha certa. Vamos pedir um champanhe para brindar ao seu recomeço.
         — É uma excelente ideia, Dorian. — Sorrio. — Raramente você tem boas ideias.
         — Você sabe que eu sou o único que tem boas ideias.
         — Nem fodendo! — Christopher diz.
         Justin ri. — Sinceramente, nenhum de nós aqui tem. As boas ideias surgem para consertar as merdas que fazemos.
         Christopher ri. — Verdade, porra!
         — Falem por vocês. — Digo. — Eu penso mil vezes antes de fazer uma coisa.
         — Não importa. Vamos comer e brindar. — Dorian chama o garçom, que minutos depois traz o melhor champanhe.
         Estranhamente sinto um alívio quando levantamos as nossas taças e brindamos à minha desistência, ao meu recomeço. Devia ter pensado nisso antes.

                                          ****

      Antes de buscar Lindsay, vou para o apartamento de George com Justin, porque vamos para o mesmo destino, que é a sua casa. Peço para ficar no carro, porque isso é algo que tenho que fazer sozinho. Depois de hoje, espero que as coisas sejam diferentes.
       Respiro fundo e toco a campainha. George não demora para abrir, como se estivesse à espera de mim. É a última vez que pretendo vir aqui, que pretendo falar com ele ou olhar para a sua cara. Tudo o que espero e desejo é que tudo termine aqui.
        — Você por aqui. Veio admitir que eu tinha razão? — Não se pode falar com ele.
        — Sim. Você tinha razão, George. Não quero demorar, então serei rápido. Não precisa nem me pedir para entrar.
        — Então diga. — Seu cabelo está ligeiramente úmido, veste uma regata branca, que mostra as suas tatuagens e uma bermuda preta e está com seus chinelos de couro.
        — Vim dizer que você venceu. Eu desisto da empresa. Em breve o meu advogado irá aparecer com um contrato de compra e venda das minhas ações. Eu não terei mais nada a ver com aquela empresa.
        George parece mais chocado do que feliz. Parece também que não sabe o que dizer. Deve estar surpreso, porque acredito que no fundo deve estar feliz com a minha decisão.
        — Você ganhou a guerra, George. Muitos parabéns, espero que tenha valido a pena. E também espero que isso ajude a ver que o meu problema nunca foi com você. Eu só queria recuperar o que é meu. Espero também que um dia se torne uma pessoa melhor.
       Dou às costas para ele, mas ouço:
       — E acha mesmo que eu acredito? Deve ser uma armadilha.
       — A vida é muito curta para viver lutando numa batalha que sei agora que não posso vencer. Se você acredita ou não, é problema seu. Eu não sou mentiroso. — Sorrio. — E eu consigo lidar com isso, tenho muita coisa que sei que ninguém pode tirar de mim.
        Caminho até ao elevador, feliz por ter a última palavra e sinceramente, não me sinto um perdedor. Do meu jeito, eu venci essa maldita guerra, do meu jeito, sou um vencedor.
        Encontro Justin no carro e ele manda o motorista dirigir. Sinto-me mais leve e nesse momento só quero ir para casa e me perder na minha namorada.
        — Então, como correu? — ele pergunta.
        — Muito bem. Vamos para casa.
       

DESASTRE [SERÁ RETIRADO DIA 20/02]Onde histórias criam vida. Descubra agora