Capítulo 40 - Medos

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Enid estava assustada, não tinha como saber o que eles fizeram com Cheryl e Desdemona. No mesmo momento, pensou  em Wednesday, sabia que a namorada não era do tipo que reagia com calma, ainda mais em situações que envolviam tensão. Ela precisava escapar, por mais impossível que parecesse.

Ajax, sempre o perfeito idiota, tinha superado suas piores expectativas ao se aliar a gente como aquela. Embora fosse um tanto irônico, já que ela jamais imaginou a si mesma como namorada de uma mafiosa. O destino realmente tinha um senso de humor mórbido.

Desde que acordou, Ajax tentou beijá-la várias vezes, desde que a trouxe para aquele lugar imundo, mas ela só cedeu uma única vez — e apenas para cravar os dentes no lábio dele, arrancando um pedaço com gosto de vingança. Ajax gritou de dor, e Enid aproveitou para desferir um chute certeiro e impiedoso entre suas pernas. O impacto foi brutal. 

A vitória durou pouco. Um dos brutamontes que acompanhavam Ajax não gostou da cena e a acertou com um soco no rosto. Ela caiu no chão, o gosto metálico do sangue se espalhando pela boca. Ainda assim, o golpe não a quebrou. Pelo contrário, fortaleceu sua determinação. 

Os homens se afastaram, acreditando que ela não era uma ameaça. Péssimo erro. Enid percebeu um ferro com espirais no canto do galpão e começou a se arrastar em direção a ele, mantendo o olhar vigilante sobre os capangas. O silêncio e a escuridão do lugar jogavam a seu favor. 

Ela tensionou a corda contra as espirais enferrujadas, sentindo o atrito esquentar a pele dos pulsos. O som áspero do corte ecoou baixo, e logo suas mãos estavam livres. Com agilidade, engatinhou para longe, escondendo-se nas sombras. 

O galpão era uma velha fábrica com teto alto e estruturas metálicas enferrujadas. O cheiro forte de peixe morto confirmava que ali processavam pescados. Enid ignorou a náusea e focou na única coisa que importava: escapar. 

Os brutamontes notaram sua ausência e entraram em alvoroço. A vantagem era que eram burros o bastante para presumir que ela havia fugido pela única porta do galpão. Enquanto eles se dispersavam, Enid encontrou uma escada de ferro que levava ao andar superior. 

A subida foi rápida, mas ao chegar ao topo percebeu um problema: a escada de emergência não alcançava o chão. Não havia escolha. Respirando fundo, ela pulou, aterrissando com um impacto brutal que fez suas pernas tremerem de dor. 

Mordendo o lábio para não gritar, levantou-se e se esgueirou com cautela pelo terreno escuro até avistar algo familiar — o carro velho de Ajax. Aquela lata velha era um conhecido desafortunado de seus dias passados, mas agora representava uma chance de salvação. 

Ela abriu a porta sem dificuldades, sabendo que o carro não tinha alarme. Para sua infelicidade, nunca aprendeu a dirigir, por falta de tempo devido a faculdade, e sem ter quem lhe ensinasse, mas nunca tinha sentido falta disso, até aquele momento. Mas lembrou-se de algo que poderia ajudar, vasculhou rapidamente o porta-luvas e sorriu ao encontrar o rádio que Ajax sempre mantinha ali.

Sintonizou a frequência que Mãozinha havia lhe ensinado: 104.09 AM. 

— Aqui é Enid... Alguém na escuta? — sussurrou, tentando não fazer barulho. — Mãozinha? Socorro. 

Houve um silêncio opressor, até que uma voz familiar soou pelo rádio: 

— Loirinha? É o Pugs. O que tá pegando? 

— Fui sequestrada — disse rápido. — Mas diga à Wednesday pra não vir, eles vão matá-la. 

— Onde você tá? 

— Não sei... tem cheiro de peixe e água, acho que é uma doca. Vários galpões. 

— Tá segura? 

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⏰ Última atualização: 4 days ago ⏰

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WenClair em Linhas De Sangue e o DestinoOnde histórias criam vida. Descubra agora