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Depois que Seungmin e eu retornamos ao mundo divino, ele já saiu para algum compromisso. Confesso que voltar a ficar sozinha nessa enorme casa era bem angustiante e melancólico, mas estava feliz de poder ir até as flores do jardim e regá-las.

Quando chego aqui a sensação de não saber de nada sobre o lugar me causa calafrios, ainda mais depois de tudo o que meu pai falou. Droga, não acredito que estou com receio.

Ainda assim, ocupo minha mente com outras coisas.

Continuo seguindo as regras impostas por Kim: por exemplo, nem chego perto das cortinas porque sempre sou tentada a abri-las. Me dá uma certa agonia ver a casa toda escura — se não fosse pelas lâmpadas —, a sensação era que o ar não passava, já que era tudo fechado. Me pego pensando em Minho, queria muito poder falar com ele e perguntar sobre a conversa que teve com meu pai.

É claro que estranhei meu pai ter acreditado plenamente sobre o mundo divino, por mais que ele sempre tivesse certo de que esse mundo existia, é bem diferente quando escuta realmente ser de verdade. Queria saber o que Douradinho disse para não deixá-lo preocupado com a filha dele estando longe.

Um barulho surge de dentro da floresta fazendo-me levantar após regar os cravos de Seungmin, as coisas por aqui eram estranhas e confesso ficar ainda mais receosa sem o dono da casa por perto. Querendo ou não, é ele quem sempre me alerta dos perigos.

E por falar em perigo…

— Jeongin?

Mais uma vez pareço ter visto uma pelagem branca entre as árvores e por um piscar de segundos algo que parecia uma cauda surge entre algumas folhas, não é a primeira vez que sinto-o me vigiando de longe.

Uma raposa de nove caudas é descrita como uma criatura não confiável, que manipula e gosta de ver os outros sofrerem. Por mais que isso possa ser generalizar, devo confessar que quase comecei a ter um pé atrás com Yang… ainda assim, tenho a impressão de que ele não é tão ruim quanto me alertam.

Adentro a floresta cautelosamente prestando atenção até onde pisava, se a raposa quer falar comigo então eu entendia porque não se atreve a vir até mim. Afinal, aqui é a casa de Seungmin; acredito que até ele seja receoso com o cão.

Me lembro do dia em que nós três nos encontramos, a conversa que tiveram voltou a minha mente como num flash, me lembrando da fala da raposa.

“Não seria a primeira vez que você arranca a parte do corpo de alguém.”

Ele quis dizer que Seungmin arrancou a parte do corpo de alguém… de verdade? Não sei se devo acreditar em suas palavras, não, na verdade eu nunca acreditaria num absurdo desses.

Apesar dele ser uma criatura das trevas.

Chacoalho a cabeça me livrando desses pensamentos horríveis. Eu confio nele, confio plenamente em Seungmin.

— Jeongin - vejo-o sentado de frente a cachoeira, dirigindo-me até o mesmo.

— Você voltou - ele não me olha em nenhum momento e eu me sento um pouco afastada. — Como foi no mundo humano?

— Muito bom - respondo sorrindo fechado —, consegui ver meu pai e minha amiga.

— Ah, deve ter sido bom mesmo.

— O que foi? Por que parece tão triste?

Cruzo minhas pernas notando seu rosto abatido me virando para a raposa, que sequer se deu o trabalho de me fitar mesmo que eu tenha sido trazida até aqui por ele.

— Eu não sinto tristeza, Eunji.

— Por que não?

— Não sinto nada há muito tempo.

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⏰ Última atualização: 4 days ago ⏰

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Perfume | Kim Seungmin |Onde histórias criam vida. Descubra agora