38|Break Up

2.9K 110 51
                                    

Melissa.

- Quando me disseram que eu precisaria usar a porta dos fundos, não foi bem isso que imaginei. - falei, entregando meus sapatos para uma das funcionárias da livraria. 

Ela sorriu como se pedisse desculpas. 

- Sinto muito, muito mesmo, mas apareceram muito mais pessoas do que esperávamos, e nessa situação a gerência pede que os autores entrem pela "entrada alternativa" para evitar possíveis tumultos.

 - É só uma escadinha, você vai chegar lá embaixo em poucos minutos. - falou o sr. Williams.

 - Ah, maravilha. - praguejei.

Quando eu sonhava com o lançamento do meu primeiro livro, ter que entrar pelo segundo andar da livraria e descer por um alçapão em uma escadinha de metal não fazia parte da fantasia. Agarrei-me firmemente à escada de metal, torcendo para que ela aguentasse bem o meu peso, ou que eu não errasse nenhum degrau. 

- Ai caralho! - gritei, quando minhas meias escorregaram e eu quase caí.

Ouvi as pessoas acima rirem, assim como o outro funcionário da livraria que estava segurando a escada no andar debaixo.

- Isso mesmo, riam da desgraça alheia! - falei para Duda e para o tal funcionário, que eu descobri que se chamava Andrew.

A funcionária desceu logo depois de mim e entregou meus sapatos, e eu fiquei feliz em poder calçá-los novamente.

- Desculpe, mas não deu para resistir! - Duda falou, ainda rindo. 

- Ah, claro, faz todo o sentido mesmo, morrer de rir com a possibilidade da sua amiga despencar para a morte certa!

- Claro, uma morte certa de uma queda de no máximo um metro e meio. Para de reclamar e vai logo! - apressou Duda, dando tapinhas em minhas costas como se isso fosse acelerar o processo do fechamento do zíper nas minhas botas.

Julia não pôde vir, pois tinha ido com o Louis e o resto da banda para os Estados Unidos.

Vadia sortuda. 

- Já está na hora. - a funcionária da livraria comunicou, interrompendo uma possível discussão. - Sigam-me, por gentileza. Concluí que o "sigam-me" foi apenas por educação mesmo, uma vez que a livraria nem era tão grande assim e se perder ali dentro seria praticamente impossível. 

A cada degrau que eu descia, o nervosismo aumentava. Interagir com as leitoras das fanfics que eu publicava quando era mais nova é uma coisa, mas interagir com pessoas que leram - e gostaram - do livro que eu escrevi era outro nível.

E eu ainda teria que autografá-los. Eu nem mesmo tenho uma assinatura!

Nos encaminharam até um dos cantos da livraria, onde as estantes haviam sido arrastadas para dar lugar a uma mesa grande, com uma pilha de livros, canetas e garrafinhas d'água. Ao fundo, haviam montado um painel com a capa e a sinopse do livro (e um banner em menor escala igual a ele encontrava-se na porta a livraria). Em frente a mesa, uma fila de pelo menos 200 pessoas.


- Puta merda! - exclamei. Nem em sonhos eu esperava algo assim logo no primeiro lançamento do meu primeiro livro. E não, eu não canso de dizer "  meu livro" , acostume-se a isso. - De onde saiu tanta gente?

Todos me ignoraram.

O sr. Williams deu de ombros, como se isso fosse normal.

- Distribuímos mais ou menos 150 "senhas" para facilitar a organização, mas ainda temos uma boa quantidade de pessoas na fila que não pegaram esses bilhetes, então resolvemos esperar o senhor para consultá-lo sobre o que fazer sobre isso. - falou a funcionária - eu agora conseguia ler o crachá dela e vi que ela se chama Emma - dirigindo-se ao sr. Williams.

One More Day (H.S)Onde histórias criam vida. Descubra agora