17|Só quinze filho

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Duda.

É muito triste ter que fazer aula de química sozinha. Essa era a única aula da semana que eu tinha sem Julia ou a Mel. Imagine, não ter ninguém para compartilhar suas, como a Melissa diria, "dudices". É o nome que ela e a Julia deram para as besteiras que eu faço. Como se fossem muito frequentes.

Ok, talvez sejam. Só um pouquinho, eu juro.

Eu estava fazendo alguns rabiscos aleatórios no meu caderno, enquanto o professor falava algo sobre divisão de átomos. Tentei focar na aula, mas acabei me distraindo em algum ponto.

Todos dizem que sou muito distraída, que nada prende minha atenção por muito tempo e...

Olha! Uma poeirinha em formato de unicórnio!

- Voa, voa poeirinha, até o infinito e além!

O professor parou de falar e me olhou, assim como todos na sala de aula. Então eu percebi que falei isso alto demais.

- O que você disse? - o professor perguntou.

- Ahm... sabe... poeira... de... átomos.

- Poeira de átomos?

- Sim. Poeira são feitas de átomos, que podem se dividir e...

Conhecem aquela expressão, "salvo pelo gongo?" eu nunca entendi ela muito bem, mas depois que a Julia me explicou, agora ela faz total sentido! O sinal para a próxima aula bateu, e eu peguei meus cadernos e saí correndo.

Foi legal. Eu me senti num daqueles filmes de ação onde o mocinho tem que fugir dos bandidos para salvar sua vida e às vezes como bônus salvar a humanidade também.

Quer dizer, foi legal até a parte que eu esbarrei em alguém e derrubei todos os meus livros, cadernos, e meu celular.

Levantei a cabeça para ver quem era o culpado pelo derrubamento (essa palavra existe?) do meu material e vi Peter me olhando com uma expressão confusa.

- Desculpe. - eu disse, recolhendo meus livros. Onde está o cavalheirismo? Ele ajudou a derrubar, devia estar me ajudando a pegar também!

Ah, esqueci. Homens como Niall Horan só nascem uma vez a cada 100 anos.

- Não tem problema. Você... é a amiga da Mel, a Manoella, certo?

Revirei os olhos, enquanto recolhia o último livro. Eu estudava com ele há quase seis anos, e ele até hoje insistia em errar meu nome.

- É Duda. E sim, sou amiga da Mel. Por quê?

- Ah, nada. Eu só queria saber onde ela está.

- Ela está em uma aula, que por acaso é a que eu tenho agora. Acho que isso significa que eu deveria estar lá e...

- Ok, entendi. Obrigado, Priscilla. - ele me interrompeu, e saiu andando, não sem antes me olhar como se eu fosse uma maluca com extrema necessidade de internação em um hospital psiquiátrico.

Contive a vontade de gritar que meu nome não era Priscilla, nem Manoella, nem Danielle, nem qualquer um desses nomes. Mas fiquei quieta (coisa rara) e corri para minha aula, me sentindo novamente um herói de filme de ação, mas dessa vez um herói com um senso de direção um pouco melhor.

Cheguei na aula e Julia estava ao lado da Mel, mostrando uma foto no celular para ela.

- Ele não é fofo?

- Julia...

- Ok, eu sei. Mas ele é tão irresistível...

Mel revirou os olhos. Ela sempre parecia entediada, talvez até um pouco irritada quando falávamos dos meninos para ela. Nunca entendi muito bem o motivo, mas acho que ouvir suas amigas falando o tempo inteiro sobre pessoas que ela vê todos os dias deve ser um pouco chato.

One More Day (H.S)Onde histórias criam vida. Descubra agora