23|Corrida de Idiotas

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Melissa.

Minions.

Eu estava pensando em algo como minions dançando hula-hula com saias de folhas e sutiãs de cocos, enquanto a professora de Francês tagarelava sobre a verbos irregulares, ou coisa do tipo.

Para variar, eu mal conseguia prestar atenção nas aulas. Quando não estava quase dormindo, estava pensando em alguma coisa completamente sem noção. Minha capacidade de concentração estava nula hoje.

Eu não havia dormido praticamente nada na noite passada, devido à festa de halloween e ao retorno surpresa de Harry. Ele pediu para que eu faltasse à aula hoje, e a proposta pareceu absurdamente tentadora. Mas se minha mãe descobrisse que faltei na aula porque fui à uma festa e em seguida passei a noite toda com o meu namorado, ela me mataria sem pensar duas vezes.

Então cá estava eu, cansada, sonolenta e um tanto acabada, com direito até a algumas runas que eu senti preguiça de tirar.

No momento, eu estava reparando sobre o quão eficiente foi a desmontagem da decoração de Halloween. Se fosse no Brasil, a decoração provavelmente permaneceria até o Natal (ainda mais se fosse na minha casa, onde a árvore de Natal geralmente ficava montada até Julho).

Senti alguém me cutucar no ombro. Olhei para o lado e vi Alec apontando discretamente para a professora, que me encarava como se estivesse realmente afim de me matar (não duvido muito).

- E então, senhorita Castro? - ela perguntou, seu sotaque estranho (e definitivamente não-britânico) deformando meu sobrenome. Me dei conta que ela estava me fazendo uma pergunta. Obviamente, notara o quão distraída eu estava e resolveu aproveitar-se disso.

- Ah, desculpe senhora. Pode repetir a pergunta? - pedi.

Ela revirou os olhos, sorrindo em seguida, como se isso fosse exatamente o que ela queria que eu dissesse.

- Pode me dizer o que significa essa frase? - ela apontou uma frase gigante no quadro. Consegui entender algumas palavras aleatórias no meio, mas não entendi praticamente nada.

- Ahn... - olhei para o lado e vi Alec com o caderno meio levantado, com a resposta escrita. Embora estivesse fazendo isso, ainda olhava para o quadro, como se prestasse atenção na aula.

Li o que estava escrito no caderno dele, e a professora fez uma careta.

- A resposta está certa. - ela disse. - Mas sugiro que no futuro, responda apenas perguntas que foram dirigidas à você, senhor Bailey.

Caralho! Essa mulher tinha o quê, um terceiro olho?

- E, - ela continuou - Acredito que a senhorita Castro não quer pegar mais uma detenção, então seria muito sensato de sua parte prestar atenção na aula.

- Claro, senhora. - eu disse, sentindo vontade de esfregar a cara dessa velha no asfalto até arrancar esse sorriso falso dela.

Olhei para Alec, que encolheu os ombros. Movimentei os lábios em um agradecimento silencioso, e recebi um sorriso como resposta. Logo depois, o olhar dele desceu até meu pescoço, e vi ele franzir a testa e olhar para mim com as sobrancelhas erguidas. Ajeitei a gola da camisa e voltei minha atenção para o meu caderno.

Não que eu estivesse realmente escrevendo ou lendo algo no caderno, eu só esperava que ele esquecesse logo e não perguntasse sobre isso mais tarde.

Comecei a rabiscar aleatoriamente a folha do meu caderno. Se tiver uma caneta e algum tipo de papel ao meu alcance, eu vou rabiscá-lo o máximo possível. Faço isso desde sempre, principalmente quando estou ansiosa ou entediada.

One More Day (H.S)Onde histórias criam vida. Descubra agora