Capítulo 29

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Se fosse pra descrever aquele momento em uma palavra seria MÁGICO. Incrível como seus lábios se aproximaram como ímã e num encaixe perfeito começaram se movimentar naquele beijo que faziam as borboletas no estômago de Annie voarem como nunca, o frio da barriga de Alfonso se intensificar e o coração de ambos acelerar como se tivesse recebido uma descarga elétrica. Era um beijo calmo, sem pressa para acabar, como se eles tivesse todo tempo do mundo. Naquele momento parecia que todos os fantasmas do passado haviam sumido, a dor da perda pela morte da Ana, o remorso pela morte de Belinda. Era como se um precisasse do outro para completar o buraco existente na trajetória de vida de cada um. Com um selinho prolongado o beijo chegou ao fim e enfim as respirações ficaram ofegantes se misturando com a proximidade, pois permaneciam com as testas colocadas tentando entender o que acabara de acontecer. De repente se espantaram com um barulho bem próximo, alguém pigarreou. Rapidamente se afastaram e olharam em direção ao pigarro.

Dulce: Annie nós já estamos indo pra o quarto e... - foi interrompida por Annie que já se levantou sem esperar ela terminar a frase.

Anahi: A-aah sim cla-claro vamos sim, pro quarto - gaguejou sem jeito, era nítido mesmo no escuro que ela tinha corado de vergonha e nem para Poncho ela conseguia olhar, fora pega em flagrante pelos amigos. Olhou para Dul e a amiga fez um gesto com a cabeça em direção ao Poncho e mesmo se negando a olhar pra ele foi obrigada - Po-poncho eu já vou...

Alfonso: Claro Annie, já está tarde - disse se levantando e indo em direção a ela, pegou em sua mão e tentando vencer o frio na barriga, levou até sua boa e num beijo suave, encostou seus lábios nas costas da mão de Annie, fazendo as rebeldes borboletas no estômago dela se alvoroçarem novamente - obrigada por essa noite - e antes de deixa-la partir, beijou sua testa.


                                                                                         ***


Digamos que não foi fácil para Annie se desviar do bombardeio de perguntas que explodiu depois que deixaram Poncho no PCP, mas como uma boa amiga que era Dulce, a ajudou e já estavam no quarto, cada uma com seu banho tomado em sua devida cama.

Annie não conseguia esquecer o que se passara com Poncho, era estranho pois acaba de conhecê-lo, não tinha nem uma semana, mas desde quando chegou a Fox parecia já ter passado muito tempo, pois já tinha acontecido muita coisa. Mas uma série de perguntas sem respostas dançavam em sua mente: por que ele me beijou? Será que foi pena pela minha história? Será que foi pena pelo trote? Se recusava a imaginar que poderia estar rolando um sentimento de verdade. Foi tirada do seu mundo de pontos de interrogação pelo assovio da Dul.

Dulce: Eu gostaria de ter um bom papo com meu amigo antes de dormir, assim já dizia Rony Weasley quando Harry só quis saber do livro de Poções do príncipe Mestiço - brincou e Annie sorriu.

Anahi: Desculpe Dul - Dulce saiu da sua cama e foi para cama de Annie sem pedi permissão, esse era jeito e isso agradava Annie, era bom ter uma pessoa totalmente o oposto dela por perto para tira-la da mesmice. 

Dulce: Annie se quiser nem precisa me contar o que aconteceu lá no PCP, não que seja difícil de adivinhar - se sentou atrás de Annie e começou mexer em seu cabelo fazendo uma trança. 

Anahi: Dul nem eu entendi o que aconteceu, nem preciso te contar que a gente se beijou né - corou outra vez ao falar disso.

Dulce era uma pessoa agitada, que não levava desaforo para casa,que fazia piada sempre que possível, mas uma coisa ela não era: insensível. Fazia apenas poucos dias que conhecera Annie e estavam dividindo o quarto, mas era bem observadora também e tinha a impressão, ou podemos falar que quase certeza que Annie já tinha sofrido muito e que carregava um peso em suas costas, o que era bem nítido para quem olhasse em seus olhos. Assim que terminou a trança se sentou em frente a amiga e pegou em suas mãos.

Dulce: Annie você não precisa me contar de sua vida inteira pra que eu saiba que já sofreu algo que lhe afeta até hoje - Annie abaixou a cabeça, realmente não conseguia esconder que algo morreu dentro dela - desde quando você chegou, com o trote e depois toda produzida, toda linda, nem mesmo assim o brilho dos seus olhos se acenderam. Mas Annie, desde o momento que vocês cantaram juntos algo acendeu em você.

Anahi: Acendeu? - perguntou meio confusa.

Dulce: Sim sim, você parecia ter ficado mais leve, algo diferente aconteceu com a aproximação de vocês e desde o beijo a Terra não é mais seu planeta - riu.

Anahi: Dul eu não sei, ele pode ter me beijado por pena por tudo que aconteceu, eu estou acostumado a terem pena de mim.

Dulce: Mas porque acha isso? 

Anahi: Você está com sono?

Annie precisava desabafar com Dul e como já estavam nesse assunto, nenhuma das duas dormiria tão cedo essa noite.


                                                                            ***


Depois de ficar observando Annie se distanciar com os amigos, Poncho caminhou para seu quarto também. Aquela necessidade de sentir a maciez da pele dela, de sentir o perfume, parecia mentira que acabara de acontecer, que eles haviam se beijado. O trajeto até o dormitório foi enfeitado de pensamentos e lembranças do beijo.

A porta de seu quarto estava trancada, como ele não queria dormir no corredor foi obrigado a bater. Demorou um pouco até ser aberta saindo de lá uma Leticia semi nua e um Ucker descabelado. Parecia que esse casal adorava colocar Poncho em situações inusitadas e que indicavam que eles acabaram de ter um momento sexual quente. E como se não fosse bem constrangedor toda aquela cena, ela se jogou no pescoço de Ucker lhe dando um beijo de faltar o ar o que obrigou ao Poncho mais uma vez pigarrear para lembra-los que estava bem ali.

Leticia: Tchau bb, tchau Popozinho - Poncho arregalou o olho ao ouvir seu nome daquele jeito. Olhou para Ucker e os dois falaram juntos:

Alfonso/Ucker: Po-po-zi-nho? - mas ela nem ouviu pois já estava no fim do corredor indo para sua ala. Enfim Poncho entrou no quarto, já tirando o sapato e se jogando na cama. 

Alfonso: Pelas condições dos dois e pela organização do quarto, a festa foi melhor aqui do que lá fora hein amigão - brincou com Ucker.

Ucker: E pela marca de batom na sua boca você não ficou pra trás - observou - ou você curte maquiagem depois de meia noite? - brincou gargalhando fazendo Poncho rir também.

Alfonso: É, foi bom - disse levando seu pensamento para longe.

Ucker: Então, a Van te deixou marcado é capitão?

Alfonso: Van? - demorou uns segundos para Poncho se lembrar quem era Van - não não, não foi a Van.

Ucker: Então pode começar me contar.

Pelo jeito muita gente não dormiria tão cedo aquela noite, pois haviam muitas histórias a serem contadas.

A Música Une CoraçõesOnde histórias criam vida. Descubra agora