Capítulo 32

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Xxx: Pois é cara, deu muita dó da menina.

Ucker: Coitada dessa garota, já começou muito bem aqui na faculdade, desde o trote até sua primeira aula. Sr Bryan é osso duro.

Um menino que havia presenciado tudo que aconteceu na primeira aula da Anahi, conhecia Ucker e lhe contou o ocorrido.

Ucker: Faculdade nem sempre é fácil, o curso que ela escolheu não é nem um pouco um mar de rosas, quanto mais com o Sr Bryan Cranston como professor em sua primeira aula.

Xxx: Ela precisa ter um belo motivo para continuar aparecendo pelo campus, porque sem dúvida a bola de ping pong  da vez será ela.

E eles não eram os únicos a comentar o ocorrido, não demorou muito para chegar aos ouvidos da Dulce e ela começar procurar a Annie por toda parte. A trupe estava formada, parecendo soldados ao resgate de alguém ferido, o que não deixava de ser verdade, pois onde quer que a Annie estivesse, machucada era a única certeza que todos tinham. Decidiram se dividir e ir procurar em lugares onde costumavam ir, reviraram o campus, todas as Alas, masculinas e femininas, todos os banheiros, todos os boxers e se encontraram no lugar mais óbvio: PCP. Mas nem lá ela estava, ou achavam que não estava.

Quando ela saiu da sala, sua vontade era de correr, correr, correr até apagar ou esquecer tudo que vinha acontecendo com ela, mas como isso não era possível, ela só pensou em um lugar que lhe traria paz e que, com sorte, ninguém a encontraria, no PCP, mas não em um lugar qualquer daquele parque, mas sim naquela árvore. A árvore que Alfonso estava na noite do beijo. Com certa dificuldade ela conseguiu subir e sentar em um dos galhos mais grossos, achou um posição onde pudesse ficar sentada confortável. Seu olhar se perdeu no horizonte, era uma confusão sua mente, tanta coisa e ao mesmo tempo nada.

"Será que foi uma boa escolha vir para cá?"

"Será que eu deveria desistir e voltar para casa?"

"Nada deu certo desde que cheguei aqui"

Entào ela resolveu fazer o que traria paz naquele momento de guerra interior, abriu sua bolsa, pegou uma agenda, caneta e começou escrever uma letra de musica. E aquela letra parecia que estava dentro dela a muito tempo, as palavras saiam automaticamente, sem nenhuma dificuldade e as lágrimas também começaram a aparecer.

"Como cada día te recuerdo hoy

Como cada día se me van las ganas

Como cada día estoy aquí

Derrotada, aburrida y sin tí; partida el alma"

Ao decorrer das linhas escritas, Annie ia sentindo um alívio em estar colocando aquilo tudo para fora.

"Está bien, te juro que yo, perderé

Te juro que yo, desistiré

Esperaré, a que pase la tormenta"

Ela precisava apenas decidir. Decidir encarar, decidir lutar, decidir vencer. Não estava ali por apenas um capricho, por mais que tenha decidido estar naquela faculdade para manter vivo o sonho de Ana e sua família, ela finalmente passou entender que era um pedaço de sua vida. Mesmo que sua paixão estivesse na música, se dedicaria aos estudos, levantaria a cabeça e seguiria em frente.

"Si puedo seguir viva, si puedo resistirlo

Si puedo resignarme y seguir

Aunque no estés conmigo

Si puedo reponerme, de este fatal castigo

Si puedo resignarme y seguir

Aunque no estás conmigo"

Terminou de escrever, guardou de volta em sua bolsa, secou as lágrimas e desceu da árvore. Caminhou de volta ao campus, não menos machucada, mas decidida a encarar tudo e todos. Fácil não seria, mas não desistiria. 

Era na hora que ninguém mais estava em sala de aula, logo todos estavam espalhados pela Fox. Alguns grupos sentados em rodinhas, outros caminhando e até quem apenas estava la parado esperando a hora passar, mas todos fizeram a mesma coisa ao ver Annie se aproximar, começaram o cochicho, comentários vindos de toda parte. Era um "coitada", ou um "bem feito", sorrisinhos maldosos. E encarando todos seus medos, continuava caminhar em direção a Ala B.

Até que alguém soltou "Ouvi dizer que esta aqui porque a irmã queridinha da família explodiu junto com um avião e ela teve que ficar no lugar dela"

Ninguém sabia falar de onde veio esse comentário, de repente ninguém falava mais nada e um silencio tenebroso de formou e sua trupe apareceu e ficou a uma certa distancia olhando para Annie, que olhava para cada rosto naquele lugar, como se quisesse memorizar para sempre aquele momento. Sim ela queria se lembrar daquele momento, porque lhe traria força, pois a força caminha lado a lado com a dor. No meio da multidão, encontrou o par de olhos verdes, que incendiou seu coração instantaneamente, como um ligar e desligar de um botão e teve mais certeza do que iria fazer.

Anahi: Meus parabéns a quem espalhou essa informação, pois está correta. Peço que se lembrem bastante desse momento, e de tudo que aconteceu comigo até aqui, quero que cada um tenha gravado os momentos de vergonha que passei, para que no momento certo, eu olhe nos olhos de cada pessoa responsável por eles e os esmague como formigas embaixo dos meus pés.

E como uma rainha, caminhou para seu quarto. Aquele momento ficou marcado como a evolução de menina a mulher.

A Música Une CoraçõesOnde histórias criam vida. Descubra agora