Capítulo 26 - Felizes para sempre? [ CAPÍTULO FINAL ]

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A Susana acordou a vomitar e pior do que João alguma vez a tinha visto, para ele a quimioterapia parecia que estava a fazê-la mais doente, mas os médicos diziam ser normal naquela fase.

João passava os dias e noites ao lado dela, sempre segurando a sua mão, como se tivesse medo de que a levassem dele e a perdesse para sempre.

Admitindo a possibilidade de ela poder morrer ele queria ficar ligado a ela para sempre e só havia uma maneira de fazê-lo, pedi-la em casamento, mas para isso tinha de pedir ao seu pai, algo que não seria fácil.

Ganhou coragem, aproximou-se dele e disse:

- Senhor, tenho de lhe pedir uma coisa.

O pai de Susana, apenas levantou a cabeça, as lágrimas notavam-se secas nos seus olhos, ele tinha mudado bastante e já nem se importava tanto com o namoro deles.

- Que foi?

- Queria lhe perguntar se posso casar com a sua filha?

Os seus olhos iluminaram-se e João pensou que fosse dizer que não, mas a sua resposta foi:

- Claro que sim, por favor, posso não gostar muito de ti, mas sei que ela te amo imenso e quero que ela seja feliz, antes de...

Ele não terminou aquela frase, talvez doesse demasiado, talvez acabar aquela frase destruiria o resto do escudo, que ele usava para esconder as suas emoções, para esconder a dor que sente, em relação à doença da filha.

João apenas acenou com a cabeça e foi até ao quarto de Susana, que estava a dormir profundamente, como se estivesse tudo bem.

- Susana - chamou ele acordando-a.

Ela sorriu e disse:

- Passa-se alguma coisa?

- Não, apenas quero te perguntar uma coisa.

- Força!

João pôs-se de joelhos, retirou o anel do bolso, que tinha pedido à Marta para ir buscá-lo à ourivesaria de manhã e respirando fundo disse:

- Susana Albuquerque, queres casar comigo?

Por momentos nada se ouviu, senão a chuva que cai lá fora, as lágrimas escorreram na face pálida de Susana.

- Então?

- Claro que sim! Muito Obrigado - respondeu Susana abraçando-o.

Abraçaram-se e ficaram assim durante minutos, até que o pai de Susana entrou e abraçou Susana e João ouviu o que nunca esperou ouvir.

- Obrigado!

O casamento foi marcado para uma semana depois, era muito apertado, porém o pai de Susana contratou vinte assistentes para ajudar Susana e João a preparar tudo, não havia tempo a perder.

O dia chegou finalmente e Susana sentia-se melhor, o lugar do casamento era o rancho da Marta e João insistiu que fosse num dia de chuva, ninguém percebeu porque, mas Susana sorriu e concordou e assim foi, construí-se um toldo enorme por cima do altar e os lugares dos convidados e começou o casamento.

- Bem estamos aqui para unir Susana e João no casamento - começou o padre.

Tudo correu bem e então chegou o momento, em que trocaram os anéis e então passaram a ler os seus votos, um para o outro que tanto esperavam.

- Susana eu não podia estar mais feliz, és a melhor coisa que me aconteceu és o meu primeiro amor, a razão da minha felicidade há onze anos seguidos, ajudaste-me tanto mesmo sem estares presente, ainda me lembro de quando te vi pela primeira vez, apenas por uns minutos, mas percebi de imediato, que estávamos destinados a ficar juntos, que os nossos destinos estavam ligados e agora depois de tantos obstáculos tenho o prazer de casar contigo, a única coisa que te posso dizer é OBRIGADO - disse João, desfeito em lágrimas.

- João, quero-te contar uma pequena história, sabes que eu quando era pequena costumava odiar a chuva, porque não podia brincar lá fora, mas agora são os meus dias preferidos, simplesmente porque foi em dias de chuva, que os momentos mais importantes da minha vida aconteceram. Foi num dia de chuva que perdi a memória e assim te consegui encontrar. Foi num dia de chuva que me pediste em casamento e hoje também está a chover, no dia mais importante da minha vida e se eu morrer de cancro, lembra-te que estarei sempre contigo quando chover! AMARTE-EI SEMPRE!

Os convidados estavam todos a chorar e o padre estava a aguenta-se, mas acabou por ceder e depois da cerimónia todos festejaram. À noite Susana voltou para o hospital e João foi com ela.

Ela não podia estar mais feliz, tudo nela era felicidade e foi a sorrir que adormeceu, mas a noite não foi assim tão feliz.

Eram quatro da manhã quando João foi acordado pelo médico, que tinha noticias terríveis, o coração de Susana tinha acabado de parar.

João correu em lágrimas para o quarto dela, Susana estava imóvel e o barulho horrível da máquina do coração anunciava que estava morta.

Ele correu para a rua, estava a chover, as lágrimas fundiam-se com a chuva e sentou-se nas escadas da entrada, desejando que tivesse sido ele, amaldiçoou Deus, amaldiçoou a sua vida, o seu coração estava despedaçado.

Depois de uns minutos um médico chegou:

- É um milagre! Ela sobreviveu.

João não podia acreditar no que ouvia:

- Mas como?

- Não sei, ela esteve morta durante dez minutos, mas do nada o seu coração voltou a funcionar, venha!

Ele fugiu escadas a cima e abraçou o corpo agora mais quente o mais forte que conseguiu, era um milagre, pediu perdão adeus e ficou deitado ao pé dela.

Ela acordou já era no outro dia de tarde e as suas primeiras palavras foram:

- Obrigado por me teres trazido de volta!

Ele estava confusa e ela apenas beijou-o e disse:

- AMO-TE!

Ele mais descansado respondeu:

- TAMBÉM TE AMO!

Desculpem ter demorado tanto, mas aqui está o último capítulo, espero que tenham gostado e deixem nos comentários a vossa opinião!

Por entre a chuvaOnde histórias criam vida. Descubra agora