vinte e três - alex

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Acordou com as janelas batento forte pelo vento que acompanhava a chuva da manhã. Como pode ter se esquecido de fechá-las?

O garoto se levantou, o corpo pesado ainda se acostumando a funcionar. Molhou um pouco as braços que arrepiaram de frio ao entrarem em contato com o ar gelado do exterior.

Deitou-se na cama encarando o teto, virou de um lado para o outro buscando uma posição confortável para dormir outra vez. Ao julgar pelos pequenos raios de sol vindo de fora, o dia começava a amanhecer. Apesar da luz solar, o tempo era frio e chuvoso, nublado com nuvens cobrindo parte significativa do céu.

Alex não consegiu dormir novamente. Ele não pegava no sono com facilidade a não ser nos dias em que se encontrava exausto, como ontem. Mas sempre teve dificuldades para dormir, por um tempo tomou remédios durante a noite por conta da insônia.

Foi até a cozinha, pegar um copo de água quando encontrou Edna sentada no banco da janela, encarando as gotas de chuva que rastejavam pelo vidro.

- Vó? Bom dia! - Ele disse meio sonolento. Feliz de tê-la ali com eles depois de tanto tempo distante.

- Ah, meu querido! - Edna pegou as muletas e quis ir até ele, sorridente. - Quanto tempo, como está bonito.

Alex andou mais rápido para que a avó não precisasse se levantar. Abriu os braços para envolver a senhora em um abraço acalorado e cheio de saudades.

- É tão bom te ver vó. A senhora está bem? O que 'tá fazendo aqui sozinha? Quer um café, algo para comer?

Edna riu e deu dois tapinhas nas costas de Alex antes de se sentar outra ver no sofá da janela.

- Meu menino, está igualzinho a seu pai. Tão atencioso.

Alex ficou um pouco sem graça, não sabia lidar com os elogios da avó que eram sempre tao doces. Edna parecia muito bem, o rosto rosado os cabelos penteados e seu costumeiro vestidinho de flores. Era bom vê-la assim, depois de tanto tempo sem sair de casa.

- Falando nele, sabe onde está? Pensei que tinha dormido na sala ontem.

- Ah sim, obviamente eu o mandei de volta para o quarto assim que acordei. - Ela fez uma cara de reprovação. - Me deixou dormir na cama dele, acredita nisso.

Alex riu. George sempre colocou sua mãe em primeiro lugar.

- Coitado, estava exausto. Dormindo todo torto. Já falei que se continuar comendo tantos bolinhos de chuva não vai mais caber no sofá.

- E a senhora pensa em parar de fazer seus deliciosos bolinhos sempre que vai vê-lo?

- Nem louca. Nunca vou parar de fazer bolinhos para o meu filho.

Os dois riram. Edna voltou a encarar a chuva.

- Você está bem, vó?

Ela sorriu, seguindo com o dedo pelo vidro uma gotinha que se perdia no fim da janela.

- Muito bem, Alex. Muito bem.

Uma onda de carinho misturado com conforto tomou seu corpo, feliz por ela, que bateu no lugar vazio ao seu lado para que o neto sentasse.

- Sabe, querido. Sinto muita falta do seu avô.

Alex se sentou. Também sentia.

- Agora eu penso, vivemos 60 anos juntos. Os melhores anos, todos eles. É certo eu me recolher agora? Deixar de viver só por ele não estar aqui comigo?

A avó respirou fundo. O sorriso ainda caloroso no rosto e Alex a ouvia com atenção.

- Deixa eu te contar um segredo, querido. Ele ainda está aqui.

𝘴𝘪𝘭𝘦𝘯𝘤𝘦 ⸺ alex walter Onde histórias criam vida. Descubra agora