vinte e seis - alex

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"a gente passa a entender melhor a vida quando encontra o verdadeiro amor.
cada escolha, uma renúncia, isso é a vida.
deixa eu acompanhar esse instinto de aventura de menina solta.
deixa minha estrela orbitar e brilhar no céu da sua boca.
deixa eu te mostrar que a vida pode ser melhor mesmo sendo tão louca."

Gwen se levantou da cama e vestiu o moletom de Alex.

- Você tem cigarro?

- Na segunda gaveta da cômoda, acho que tem um isqueiro vermelho no meio da roupa de baixo.

Gwen riu, arqueando uma sobrancelha.

- Pensei que não fumava com frequência, só socialmente. - Ela começou a fuçar a gaveta da cômoda procurando o maço de cigarros.

- Eu não fumo. - Alex se sentou na cama, olhando para ela, os lençóis brancos cobrindo parte do seu corpo, deixando apenas o abdômen a mostra.
- Meio que guardei aí alguns dias depois que você chegou. Pensei que pudesse querer.

Gwen encontrou o que procurava e se virou para ele.

- Sério? - Ficava boba com a forma que ele sempre pensava em detalhes específicos, devaneando sozinho.

- Eu me perguntei se algum dia você gostaria de vir para o meu quarto e repetir aquela noite do caralho.

- Meu Deus, você não existe.

Alex riu, pegou um cigarro que ela ofereceu e deixou o pacotinho de malboro em cima da mesa.

- Jackie vai te matar por alimentar meu vício. - A garota abriu as persianas do quarto para ver que a chuva se tornara apenas uma garoa.

Alex deu um trago no cigarro.

- Eu acho que você deveria parar de fumar, se estiver pedindo pra que seja sincero. - Então soltou a fumaça no ar. - Não faz bem.

- Me ajuda a ficar mais calma. - Gwen abriu uma frestinha da janela, para que a fumaça pudesse encontrar seu caminho para fora.

Apoiou a cabeça na parede e ficou observando as gotas lá fora. O sol decidiu ficar escondido naquela tarde, sem sinal dos raiozinhos de luz que se esgueiravam para o quarto naquela manhã. Para Alex não importava, o sorriso dela seria seu raio de sol.

- É uma válvula de escape, entende? Parte minha acredita que consigo parar quando quiser.

Ele levantou uma das mãos para ela, que se lembrou da forma que ele socava coisas mais pesadas para que a dor se tornasse física e não emocional, a válvula de escape dele. Engraçado como as pessoas expressam sentimentos parecidos de formas diferentes.

- Claro que entendo, por isso não comentei sobre. Mas espero que consiga o quanto antes.

- Vou pensar no seu caso. - Ela piscou para ele. - Penso nos pais da Jackie, faziam tudo certo, não comiam porcaria, iam no médico de dois em dois mêses, tinham repúdio a qualquer tipo de droga.

Alex engoliu em seco.

- Mortos, os dois. Acidente de carro, irônico, não?

É estranho como a vida muda, sem explicação, tão derrepente. Nada pode ser esperado.

- Não tô dizendo que é pra gente sair por aí cheirando cocaína e tal, mas me faz pensar em tudo que deixamos de fazer por medo da morte, e ainda assim não escapamos dela.

- Preciso me acostumar com sua forma de pensar totalmente mórbida.

- Acho que eu era gótica em outra vida.

Os dois riram.

Gwen fez um coque no cabelo, prendendo-o com os próprios fios. Ela era tão não intencionalmente linda, Alex nunca conheceu ninguém assim.

𝘴𝘪𝘭𝘦𝘯𝘤𝘦 ⸺ alex walter Onde histórias criam vida. Descubra agora