Eu queria começar dizendo "eu aceito o seu caos". Com toda a certeza do mundo, eu aceito. Eu aceito você e os seus trejeitos, aceito suas blusas semanais, seu pijama desleixado, sua cara de sono depois de um show na noite passada. Eu aceito seus excessos, suas crises e seus rumores. Aceito seu mau humor matinal, seu jeito um tanto rude de sentir. Eu aceito o seu sentir. Eu aceito a sua cara de sono, sem muita explicação e sem o mínimo de esforço. Eu aceito suas curvas na cintura e suas pintinhas no corpo todo, onde busco constelações no conjunto entre elas. Eu aceito seus sorrisos, todos eles, eu aceito o excesso deles! Eu aceito o jeito que você transborda. Eu aceito você. Eu aceito todo nosso caos bilateral, toda nossa agonia exacerbada. Aceito nossa ânsia de viver, nossa sede de saudade. Eu aceito sentir saudade, meu amor! Eu aceito seu cabelo bagunçado pelo vento, deixando-a ainda mais encantadora. Eu aceito sem questionar, sem pensar, sem voltar. Eu aceito sua chegada, sua partida, seu recomeço. Nosso recomeço. Em todas as circunstâncias. Eu te aceito de braços abertos, como quem espera a felicidade infinita. Eu te aceito exatamente com seus muros casuais, com sua onda gigantesca que devora todas as minhas limitações sobre sentir. Eu aceito tuas mãos, teus dedos e todo o arrepio que minha pele sente com o seu tocar. Eu aceito te ter por perto, mesmo te tendo de longe. Eu aceito suas culpas no meio das discussões só pra a gente terminar com elas de uma vez por todas e correr para reconciliação. Eu aceito te colocar no colo quando o universo for caótico demais pra aguentar seu coração bondoso. Eu aceito te cuidar, colocar na gaveta em segurança, para que a luz do mundo jamais estrague suas retinas. Eu aceito cuidar do seu miocárdio, mesmo sabendo que o coração engana-nos dizendo que é ele quem sente. Eu aceito. Eu te aceito exatamente como és, sem tirar nem por. Sem acrescentar, sem regredir. Eu te aceito por você simplesmente ser você. E ter você é aceitar ter tudo.
Eu te aceito, pois te amo. E amar é aceitar.
