Capítulo Dezenove

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Valentina passou a semana toda cuidando de cada detalhe do projeto da New Tech. Tudo tinha que estar no lugar e impecável. Sua carreira dependia desse projeto. Passou o sábado organizando os objetos de decoração e colocando as estatuetas no lugar certo. Terminava de posicionar algumas almofadas quando Valéria entrou no escritório:

- Boa tarde Valentina – cumprimenta ela, sorrindo para Valentina. Observou a sala, fascinada. – Uau! Ficou a cara do meu filho. Parabéns Valentina.

- Boa tarde Valéria. – sorri de volta Valentina – Fico muito feliz em saber. Foi... digamos... um pouco complicado descobrir os gostos do senhor Fontes. – admite ela.

- Imagino. – diz Valéria, rindo e se aproximando da coleção de estatuetas – O quê é isso? – pergunta apontando, curiosa.

- Foi a coleção que ele pediu que eu colocasse no projeto. – responde Valentina.

- O Jonathan não tem jeito mesmo. – diz Valéria rindo – Esse meu filho!

Valentina ri, dando de ombros. Não sabia o que falar.

*******

Segunda de manhã, Valentina estava indecisa sobre que roupa vestir para a entrega. Parada a frente de seu guarda-roupa, ela acaba pegando uma saia de cintura alta preta e uma blusa sem mangas vermelha. Essa roupa ficava perfeita em seu corpo.

Não sabia se ficava mais nervosa por entregar seu primeiro projeto solo, se porque conheceria o senhor Fontes ou se com a presença de James. No táxi Valentina recebe uma mensagem de Maria Fernanda:

Fique tranquila Tina.

Tudo vai dar certo.

Seu projeto está perfeito.

Não se deixe intimidar pelo pervertido.

Beijo,

Ma

PS.: estou te esperando ansiosíssima para saber como foi.

Sorri e logo digita uma breve resposta para a amiga. Chegando ao edifício Montreal Business Center, ela passa pela porta de entrada e para, observando em volta à procura do seu deus grego. Queria muito vê-lo novamente, ainda mais depois daquele sonho intenso. Respirando fundo, Valentina segue para o elevador. Ao chegar no andar da New Tech, logo é recebida pela secretária:

- Bom dia senhorita Monteiro. – cumprimenta a secretária, sorrindo.

- Bom dia Carla. Vim para encontrar o senhor Fontes e entregar o projeto. – fala Valentina.

- Ah sim. Ele ainda não chegou, - fala a ruiva para Valentina – vou avisá-lo que a senhorita já está aqui.

- Obrigada. – agradece ela sentando-se. Toca seu celular, era James:

- Oi James. – atende Valentina.

- Oi Valentina, só para avisar que em meia hora chego aí. – avisa James.

- Ok, o cliente ainda não chegou. Fique tranquilo que dá tempo. – avisa-o Valentina.

- Certo. Até mais – despede-se ele, desligando.

- Senhorita Monteiro? – chama a secretária. Valentina olha para a ruiva atrás do balcão – O senhor Fontes já está chegando e pediu que a senhorita o aguardasse em seu escritório. – avisa.

- Muito obrigada. – agradece Valentina se levantando e indo em direção à sala.

*******

Chegando à sala, Valentina aproveita para checar, uma última vez, se tudo estava no lugar certo. Estava orgulhosa com o resultado final de seu trabalho.

Valentina vai até a janela, tinha passado a semana ali, mas nem teve tempo de admirar a vista. Agora, enquanto esperava, aproveitou para observar, ficando impressionada com a visão da cidade a sua frente. Estava extremamente nervosa, ansiosa até. Olhava para seu reflexo no vidro, quando ouviu alguém a chamando:

- Senhorita Monteiro? – era uma voz masculina, um pouco rouca. Valentina vira em direção à pessoa parada a porta, com uma sensação de déjà vu passando pela sua cabeça. "estranho, isso já aconteceu antes?" pensa ela.

- Porra... – escuta o homem soltar. Quando ela o vê, entende do que se tratava, ou melhor, de quem. Parado junto à porta, com olhos arregalados e semblante assustado, estava seu deus grego.

- Não pode ser... – fala ela sem pensar. "só pode ser uma brincadeira de mau gosto" pensa – Senhor Fontes? – pergunta Valentina para ter certeza da sua infelicidade.

- S-sim. – gagueja ele parecendo tão atordoado quanto ela – Você é a arquiteta? – pergunta ele.

- Sim, sou Valentina Monteiro. – responde ela chocada.

- Mas como pode? – pergunta ele confuso.

Valentina nunca sentiu tamanha decepção, nem com Carlos. Seu deus grego, o homem que lhe deu o melhor orgasmo de sua vida, apenas com um mero sonho, era na verdade, seu pior cliente. Aquele que vinha lhe atormentando, tirando sua paciência e menosprezando seu trabalho. "que pesadelo" pensa ela desanimada, mas mantendo a aparência tranquila, não daria esse gostinho a ele.

- Podemos começar? – pergunta ela séria. Queria acabar logo com aquilo e nunca mais ter que vê-lo na sua frente.

Além da Razão (Em Revisão)Onde histórias criam vida. Descubra agora