Capítulo Quatro

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Valentina tirou a manhã para o projeto das salas de conferências do hotel. Era confirmação de entrega de material, disposição de mesa e mais alguns detalhes que exigiam sua presença no local. Combinou de encontrar Flavia e Maria Fernanda para almoçar no restaurante preferido delas. À uma quadra do restaurante, Valentina ouve o bip do seu celular. Pega o telefone na bolsa e ainda caminhando, lê o email.

Era a resposta ao seu pedido para visitar o local da reforma. Precisava conferir algumas medidas. Tinha pedido para a secretária do responsável pela reforma marcar um horário com ele. E ela estava avisando Valentina que a visita seria hoje as duas horas da tarde. Valentina confere a hora no relógio do celular, tinha uma hora e meia. Entrando no restaurante, Valentina logo avista suas amigas.

- Oi meninas. Demorei muito? - cumprimenta Valentina.

- Oi Tina. - responde as duas.

- Não, acabamos de chegar também, né Ma?

- Sim. Estavam fazendo manutenção em alguns elevadores em pleno horário de almoço, veja se tem cabimento uma coisa dessas? Só não reclamei, porque um dos rapazes parecia um deus grego e veio pedir desculpa pelo transtorno que eles estavam causando, dando uma piscadinha pra mim. Daí, senhor, eu não resisto! - diz Maria Fernanda se abanando toda, fazendo as amigas rirem.

- Ai Ma, só você mesmo. - diz Valentina rindo.

- Essa Ma não vale nada. Me diz que tem um homem aí dentro desse corpo de mulher? - brinca Flavia.

- Mas eles estão certo mesmo. Tem que aproveitar a vida. Vocês não sabem o que estão perdendo. - diz gabando-se Maria Fernanda.

- Por falar em aproveitar a vida... - começa Flavia.

- Ah, nem precisa terminar Flavinha. Já conheço o discurso. - corta Valentina.

- Mas eu concordo com a Flavinha. Você tem que sair mais, conhecer alguns caras, sabe? Não pode fazer celibato, não é saudável. - incentiva Maria Fernanda.

- É, Tina. A gente sabe que o Carlos te magoou muito. Mas você não pode se fechar pro mundo. - completa Flavia.

Carlos era um dos quatro sócios de um escritório de advocacia de outro estado, que estava montando uma sede na cidade. A Marques Vieira Arquitetura foi contratada para fazer o projeto e Valentina fazia parte da equipe responsável.

Como era um projeto extenso, que demoraria alguns meses para ser entregue, é normal que com o passar do tempo cliente e profissional criem uma proximidade. Devido as muitas reuniões, troca de informações e opiniões, vai percebendo-se algumas afinidades. E com Valentina não foi diferente. Carlos era um homem bonito, moreno, de olhos azuis. Sempre impecável em seus ternos de grife. Tinha um charme que envolvia as pessoas.

Valentina e Carlos acabaram se aproximando. Enquanto o restante da equipe ficava no escritório com o projeto, Valentina levava Carlos no local da obra e em algumas lojas. E então começaram os convites:

- Que tal tomarmos um café juntos amanhã, querida?

No começo, Valentina recusava, inventava uma desculpa. Mas ele fora persistente, até que ela cedeu. Daí de cafés, já eram almoços. Tão logo jantares. Nesse meio tempo, um mês já tinha passado. Então ele convidou ela para passar a noite com ele no hotel:

- Venha passar a noite comigo. Quase não temos nos visto, assim passamos mais tempo juntos. Prometo que você não vai se arrepender, linda.

E foi aí que Valentina se entregou a ele e ele foi perfeito. Começaram a namorar. Mas sempre muito discretos os dois, somente Maria Fernanda sabia.

E assim foi, os meses passaram e Valentina era só sorrisos. Se sentindo muito feliz. Até que chegou o dia do coquetel de inauguração da sede. Todos estavam presentes, a equipe da Marques Vieira, alguns funcionários da outra sede do escritório de advocacia e alguns da nova sede. Exceto Carlos, que não havia chegado. Valentina é chamada por Hugo, juntamente com seus outros colegas presentes, para irem onde ele estava. Enquanto Valentina se aproximava, foi sentindo um aperto no peito. Reparou na jovem mulher morena, lindíssima que estava ao lado de Hugo, junto com mais uma loira muito bonita, um pouco mais velha que a morena, e um senhor grisalho. Todos muito bem vestidos. Abrindo um sorriso, Hugo diz:

- Gostaria de apresentar as pessoas que me ajudaram a tornar o sonho de vocês realidade. Essa é Letícia Pinheiro, arquiteta; Murilo Tavares, arquiteto; Leonardo Nunes, engenheiro civil e por último, mas não menos importante, Valentina Monteiro, arquiteta. O aperto no peito aumentou. Algo estava errado. Sentia isso.

- Todos conheceram Carlos Goulart - continuou Hugo com as apresentações - e esses são, o senhor Luis Kutz.

- Prazer em conhecê-los. - respondeu o homem grisalho.

- Essa é a senhora Marta Peres.

- Prazer. - diz a loira sorrindo.

- E essa é a senhorita Rafaela França, futura senhora Goulart.

- Prazer em conhecê-los e obrigada por tudo. - diz abrindo um sorriso com dentes brancos e perfeitos. Ela era toda perfeita. Na hora certa, Carlos surge ao seu lado todo sorridente.

- Oi amor, desculpe pelo atraso. - diz dando-lhe um leve beijo nos lábios. - Vejo que já conheceram minha noiva? - pergunta ao grupo reunido em volta do casal, mas sem olhar Valentina uma vez se quer.

Além da Razão (Em Revisão)Onde histórias criam vida. Descubra agora