Capítulo 5

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A felicidade que sinto é algo surreal.

— Vou indo. — O Cássio tenta me dar outro beijo na bochecha e quase cai em cima de mim. — Não deveria ter tomado a última cerveja.

A última? Provavelmente ele deveria ter parado umas seis cervejas antes.

— Como você vai para casa?

Ele se aproxima, abre um sorriso debochado e solta sem piedade.

— Boa tentativa, mas não levo mulheres para a minha casa. Nunca.

Engulo o nó que se formou na minha garganta e antes que eu pense em falar alguma coisa, ele sai caminhando.

Pelo menos não está pensando em dirigir.

Volto para o carro, não preciso entrar no bar, o Cássio não está mais lá.

O que estou fazendo? Por que de todas as minhas paixões platônicas e obsessões, esta está sendo a pior? O que fui fazer em mais da metade das academias da cidade no sábado à tarde procurando pelo Cássio?

Ligo o carro e vou na direção que vi o Cássio indo.

Posso ser ingênua, romântica e CDF, mas acima de tudo, sou persistente.

O encontro duas quadras do bar. Paro perto da calçada, desligo o carro, desço e abro a porta do lado do passageiro antes de chamá-lo.

— Cássio, entra no carro. — Tento uma voz firme.

— Não. — Ele responde sem nem me olhar. — Não vou deixar você se aproveitar da situação para criar intimidade.

— Não sou eu, Rebecca, quem vai te levar para casa.

Ele para, vira e faz cara de quem não está entendendo nada.

— E é quem então?

— Sou eu, doutora, quem vai te levar. Agora entra.

O Cássio ainda parece meio relutante, mas entra.

— Dobra à esquerda, anda três quadras e depois à esquerda de novo. É o prédio com o coqueiro no jardim.

Faço o que ele falou em silêncio, não posso abusar da minha sorte.

Estaciono em frente ao prédio e não dou chance para ele dizer que não precisa mais de mim. Desço e o ajudo a descer, pego a chave que está na sua mão, abro o portão e entro como se estivesse apenas ajudando um paciente realmente.

Entramos no elevador e ele aperta o botão do andar. Sei que estou exagerando, ele não está tão bêbado quanto eu faço parecer, mas não posso perder a oportunidade de ficar mais tempo por perto.

— Você vai entrar e tudo?

— Sim. Você toma banho, eu preparo um chá e procuro um analgésico para mascarar a ressaca.

O Cássio não discute, vai direto para o corredor, que imagino dar acesso aos quartos, e abre a primeira porta. Corro para a cozinha, coloco uma água esquentar e procuro uma caixa de chá, que não existe.

Estou preparando café quando escuto a porta abrir.

Madre Santa! Estou tentando ser apenas a doutora Rebecca, porém sou ginecologista, meus pacientes não ficam desfilando um corpo perfeito e másculo, somente de cueca, por aí.

— Esqueci a toalha, estendi na área de serviço. – Quem é o homem que estende a toalha na área de serviço? — Agora vou para o banho.

Ele volta e entra em outra porta. Espero ouvir o barulho do chuveiro para bisbilhotar pelo apartamento.

Amizade, Amor e Você - DegustaçãoOnde histórias criam vida. Descubra agora