Capítulo 4

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Uma onda de alívio passa pelo meu corpo. Nunca fiquei tão feliz em toda minha vida com uma mentira. Abro um sorriso tímido, minha vontade é gargalhar e fazer uma dancinha da vitória.

– Tudo bem. – É a única coisa que falo.

– Não, não está tudo bem. A única coisa que não admito é mentira. Não foi minha intenção, apenas achei, realmente, que era suficiente. Desculpa.

Como não me apaixonar cada vez mais? Como não cair de amores por um homem lindo e que odeia mentiras?

– Você sabe o caminho. – Falo entregando a chave e indo para o carro.

Posso passar a impressão de débil mental muda, mas não sou burra. Nem morta vou perder a chance de ter ele na minha casa novamente.

Fizemos o caminho em silêncio como pela manhã. Fico imaginando se ele me quer em silêncio mais uma vez, antes de espantá-lo, é melhor seguir quieta.

Entro no apartamento e abro a sacada como o Cássio fez mais cedo, imagino que ele não goste de locais fechados. Ele liga a televisão e senta no sofá exatamente no mesmo local.

– Você tem compromisso para hoje à noite?

Vou até a geladeira, enfio a minha cabeça lá dentro fingindo pegar água. Na verdade quero esconder minha surpresa e ansiedade. Meu apartamento tem apenas um balcão estilo ilha, com pia, fogão e lugar para duas pessoas sentarem, que divide a cozinha da sala, não tenho lugar melhor para me esconder e esfriar a cabeça.

Ele vai me convidar para sair? Madre Santa! É muita coisa boa para apenas um dia.

Respiro fundo, caminho com cautela até a ilha e tento responder com o máximo de tranquilidade.

– Não.

– O que você vai fazer para o jantar? – Ele pergunta olhando para a televisão como se fosse a coisa mais normal do mundo. Normalmente na sexta vou à livraria aqui perto, tomo um café com alguma bobagem e volto para casa cheia de livros. – Você vai fazer alguma coisa para jantarmos, não é?

Ele levanta e vem ao meu encontro na cozinha. Ele está pensando em jantar aqui? Comigo? São seis horas da tarde, ele não tem planos de ir para casa cedo?

O sorriso idiota me entrega com certeza, mas não consigo resistir a ideia de ter ele aqui comigo por algumas horas.

– Posso fazer.

– Não gosto de comida congelada. Gosto de comida feita na hora. – Sério que ele vai me fazer cozinhar? Estou morta de cansada. – Você deve estar cansada, deixa para lá.

A cara de desapontamento dele me corta o coração.

– Eu faço. Apenas vou tomar um banho e depois faço.

Os olhos dele brilham e o sorriso perfeito que toma conta do seu rosto fazem eu ter certeza que, mesmo se eu tivesse trabalhado uma semana sem dormir, fazer o jantar para ele iria valer a pena.

Deixo o Cássio assistindo televisão e tomo um banho demorado como eu mereço.

Coloco um vestido leve e prendo o cabelo. Solto o cabelo, coloco um short e uma regata. Prendo o cabelo em um rabo de cavalo e troco a regata por uma camiseta folgada. Tiro o short.

– Pegou no sono, Rebecca? – Tomo um susto. Olho para a porta e o Cássio está parado olhando para as minhas pernas. Estou sem short. Sinto meu rosto queimar. – Você estava demorando, achei que poderia ter desmaiado de sono.

A voz dele é baixa, seus olhos continuam nas minhas pernas nuas.

Não sei o que dizer, mas como ele acha que nunca falo nada mesmo, apenas caminho em sua direção.

Amizade, Amor e Você - DegustaçãoOnde histórias criam vida. Descubra agora