Capítulo 11

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O Cássio está lindo. O cabelo bagunçado, os olhos pequenos de sono e o rosto meio amassado gritam cama, cobertor e sexo quente.

— Rebecca, eu fiz uma pergunta. O que diabos você está fazendo aqui às duas da manhã em plena terça-feira? — Ele me segura pelos ombros e me ergue como se eu não pesasse nada. — Você deve estar tentando testar minha paciência.

Ele para de falar e fica me olhando com o rosto muito próximo ao meu.

Minha vontade é beijar essa boca deliciosa que parece chamar meu nome.

— Não chegava me deixar preocupado com o teu sumiço da casa de praia, agora tenho que me preocupar com o que você anda fazendo pelas madrugadas?

— Você ficou preocupado comigo?

Achei que ele ficaria indignado, puto da vida, não preocupado.

— Fiquei — ele fecha os olhos, respira fundo e vira o rosto para o outro lado. — Fiquei até perceber que você apenas me usou para ter prazer, e quando teve, foi embora — ele me solta e caminha em direção ao carro.

Eu usando ele?

— Eu te usando? Você deve estar louco! — Caminho até ele, o viro para que olhe para mim e falo tudo o que penso. — Você agradece depois de transarmos, você fica todo distante depois do sexo, você levanta e vai embora todas às vezes. Não eu. Se alguém deveria se sentir usada aqui, esse alguém sou eu!

Ele me puxa e me beija. Sinto suas mão me segurando com força e o beijo se torna agressivo, urgente, furioso.

O Cássio interrompe o beijo, olha firme para mim e me arrasta até o outro lado do carro. Ele abre a porta, me coloca sentada e afivela o cinto.

— Não quero ouvir mais uma palavra — a expressão dele não deixa margem para discutir. — Preferia muito mais quando você era muda.

Ele faz a volta, entra no carro e sai cantando pneu.

Sinto a respiração dele ficar pesada e a sua mão vai para o peito, começo a ficar preocupada. Todas às vezes que ele teve um ataque de pânico, os primeiros sintomas foram esses.

— Cássio, você precisa apenas respirar — passo a mão no seu cabelo com calma.

— Você pode, por favor, não falar mais nada?

Ele não olha para mim para falar, sua voz é baixa e calma. Vozes calmas me preocupam, opto por fazer o que ele pediu.

O Cássio estaciona em frente ao edifício onde moro, desce do carro e faz a volta para abrir a porta para mim.Mal termino de descer, ele segura minha mão e me puxa para entrar. Subimos mudos, nem nossa respiração é possível ouvir.

— Agora vamos esclarecer algumas coisas. Senta — ele diz apontando o sofá e fechando a porta. Sento e o nervosismo começa a tomar conta de mim. — Você se sentiu usada? É isso mesmo que eu ouvi?

— Um pouco — respondo olhando para os meus pés.

— Tudo bem, cada um tem direito de se sentir como quiser, mas antes de você sentir isso, quero que pense exatamente como as coisas aconteceram — ele vem até mim, se ajoelha na minha frente e ergue meu rosto para olhá-lo. — Nunca tive a intenção de te usar, nunca passou pela minha cabeça que você poderia se sentir assim. Você parecia estar gostando tanto quanto eu. Odeio mal-entendidos, simplesmente não suporto. Quando foi que você se sentiu usada?

Os olhos azuis me fuzilam e tenho impressão que não vou conseguir falar. Respiro fundo, fecho os olhos e falo sobre nossa primeira vez.

— Você agradeceu na primeira vez — falo tentando manter a calma. — Faltou apenas deixar algumas notas de dinheiro na mesinha ao lado da cama.

Amizade, Amor e Você - DegustaçãoOnde histórias criam vida. Descubra agora