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Levantei da cama e olhei para o chão, fiquei ali por uns minutos indeterminados. Quando me deparei com o Matthew no reflexo do espelho vagabundo no fundo do quarto.
- Teve mais uma lembrança do passado?- perguntou ele sorrateiramente. Se aproximou e sentou do meu lado, pegou minha mão num gesto inocente.
- Minha cabeça vai entrar em colapso...
- Se incomodaria se eu deitasse sua cabeça no meu colo?- fez uma pausa.- Não sei como foi a minha vida, nem a melhor e nem a pior parte até que, olhei nos seus olhos...- ameaçou levantar e sair mais eu segurei a mão dele.
- Posso deitar no seu colo?-  no meio da pergunta ele começou a chorar e eu deitei ele no meu colo.- Quando eu era criança, chorava e minha mãe ficava comigo a noite toda ou até eu pegar no sono; olhava para as estrelas e imaginava se existia alguma história paralela,  alguma aventura ou algo no qual eu podia me orgulhar de fazer.- ele levantou do meu colo e olhou pra mim com o rosto manchado de lágrimas, como uma criança curiosa para saber se a história teria um final feliz ou se o lobo devorava a garota da capa vermelha.
- Eu sou bom ou mau? Muitos tem medo de mim, entre todas as pessoas que eu fingi ser mal teve uma na minha vida que sempre me acolheu, não conheci minha mãe. - tentou parecer frio.- Quando eu era pequeno a minha avó me dizia que 'o mal necessita do bem, ambos são bons.' No dia que eu pedi para ela explicar, só encontrei carros enormes e duas mulheres me levando para a casa estranha. 'Sua avó foi brincar com anjos meu querido Mat.'- ficamos ali sentados por um longo tempo sem falar nada, ele olhou pra porta esperançoso.
Minha dor terá fim? Ou tenho que procurar um bom lugar para morrer?  Eu imaginava que ele estava pensando isso, um olhar inocente e frio, sem foco e brilho algum.
- Uma vez eu vi uma garotinha naquele orfanato, tentei conhecê-la. No mesmo dia a Claire apareceu com um homem de aparência séria, me levou dali.- sorriu e continuou.- Eu tenho apenas lembranças do meu primeiro 'eu', sou uma reencarnação como você e a garotinha era você.

Pude sentir a dor que as palavras saíam da boca dele e foi tudo, ele se levantou e me levou pro Observatório. Ficamos lá e fomos procurar Lean depois.

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