Capítulo 2

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= Layla =

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= Layla =

            Ao entrar na aula de Filosofia, a primeira aula do ano, eu estava com uma vontade de rir tal que estava quase a chorar. As razões para isso eram divertidas, simples e verdadeiramente aterradoras.

Primeira razão: a filha de Morgana Miles, a feiticeira mais poderosa à face da Terra, frequentava a minha escola nova.

Segunda razão: era provável que também houvesse uma Ducci, a família real dos lobisomens, no raio da escola.

Terceira razão: eu estava lixada.

            Por isso, quando me sentei na última mesa da fila junto às janelas, olhei em volta para ver se por acaso elas também não estavam na minha turma.

            Não tive sorte nenhuma, visto que a feiticeira acabava de entrar, os olhos vidrados no telemóvel e a sentar-se na primeira mesa que encontrou vazia (eram muitas pois, pela primeira vez na minha vida imortal, eu tinha chegado antes de toda a gente). Observei-a uns momentos antes de a minha atenção se desviar para as duas lobisomens que também entravam juntamente com o resto dos meus queridos e novos colegas, que infelizmente não conseguiam despregar os olhos da minha pessoa. A que eu suspeitava ser uma Ducci continuava a fitar tudo e todos com o mesmo ar altivo com que já a tinha visto. A outra, um meio metro de gente com os cabelos ruivos no ar, sorria e cumprimentava toda a gente sem vergonha nenhuma. Parecia querer ser simpática por ela e pela a amiga.

             Voltei a olhar em volta, sentindo o meu fraco coração começar a acelerar ao sentir o cheiro a calor e sangue dos humanos. Por viver com eles, habituei-me a respirar normalmente para não parecer mais diferente do que já sou. Por ser Layla Goodwing, a filha mais nova dos últimos membros da família original de vampiros, podia fazer coisas que os outros, os vampiros "normais", nunca sonhariam poder. O meu coração bate. Fraco e mais lento que o dos humanos mas ainda sim bate. Posso respirar, se quiser. Embora tivesse que evitar.

           Faltavam quatro meses para o dia do meu décimo oitavo aniversário, o dia em que eu tinha que fazer a escolha mais importante da vida de um vampiro Goodwing. A escolha do tipo de sangue do qual teria que me alimentar para o resto da vida, humano ou animal. Por causa dessa escolha, a presença dos humanos era insuportável para mim. Ouvir a sua pulsação, o sangue a correr-lhe pelas veias era...sedutor. Uma deliciosa possibilidade. Que eu não iria ceder de maneira nenhuma porque ser uma assassina não fazia parte da minha lista de Coisas Para Fazer Durante A Minha Vida Imortal.

           Ali, naquela sala cheia de humanos, senti-me tonta. Cerrei os dentes e tentei concentrar-me noutra coisa qualquer que não fosse aquele calor irresistível, nas suas emoções ao rubro por causa da excitação do primeiro dia de aulas. Sem me aperceber, agarrei-me ao tampo da mesa que cedeu com a minha força de vampira. Estava prestes a sair da sala quando ouvi alguém chamar o meu nome com uma voz tão esganiçada que os meus ouvidinhos hiper sensíveis deixaram de ouvir o que quer que fosse durante pelo menos uns 20 segundos.

Ser Selvagem [primeira versão]Onde histórias criam vida. Descubra agora