Capítulo 6

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= Roxanne =

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= Roxanne =

      No hospital, sentada na sala de espera, eu chorava. Ver Alex apagado tinha sido um choque maior do que a explosão em si. Alex, o forte. Alex, o arrogante. Alex, que nunca tem medo de nada. Alex, que estava deitado numa cama de hospital quase morto.

O problema, o grande problema é que não fora a explosão que pusera Alex naquele estado. Aliás, pouco ou nada o afetara. Fora os cortes nos braços que lhe tinham retirado muito sangue, além de que os cortes no pulso podiam tê-lo matado. Como lobisomem, as feridas curariam mas só se se mantivesse vivo tempo suficiente para que isso acontecesse. No entanto, a razão porque eu chorava ia muito além do facto de estar extremamente preocupada. Os cortes de Alex eram exatamente iguais aos que os meus pais tinham no dia em que os vi mortos. Mesmo sentido, mesmo sítio e provavelmente mesma profundidade. Por isso, Alex não era suposto estar vivo. O assassino dos meus pais tinha tentado matar o meu melhor amigo e eu não tinha conseguido protege-lo.

Olhei para a minha melhor amiga, que estava muito séria e pálida. Embora não chorasse, tinha os olhos azuis acinzentados cheios de lágrimas contidas. Parecia que, se chorasse, a ideia de que o irmão podia morrer tornava-se mais viva na sua cabeça. O pai dela e meu braço direito, Lorenzo, fitava o chão completamente em estado de choque. Também ele não acreditava que Alex alguma vez pudesse estar naquela situação. Estávamos os três à espera de saber notícias de Alex, mas não éramos os únicos.

Sentados à minha frente, Camila Miles e o rapaz humano que Layla Goodwing protegera durante a explosão esperavam notícias sobre a vampira. Esta tinha sido transportada para as urgências tal como Alex. Ao proteger o rapaz, Layla ficara exposta aos vidros das janelas do Bar que, como é óbvio, não sobreviveram à explosão. A ideia de uma vampira a sacrificar-se por um humano fazia-me confusão mas tratava-se de uma Goodwing e ninguém sabia ao certo as regras que esta família tão especial seguia.

Observei a filha de Morgana durante alguns momentos. De olhos postos no telemóvel, parecia preocupada com alguma coisa. Eu não queria de maneira nenhuma falar com ela mas eu era demasiado curiosa para deixar de perguntar:

- Estás bem?

Senti o olhar de Sasha nas minhas costas mas concentrei-me na feiticeira, que parecia desconfiada em relação à minha pessoa. Por fim, lá respondeu, ao mesmo tempo que encolhia os ombros:

- Mais ou menos. Contínuo sem perceber muito bem o que aconteceu mas estou bem. O meu problema é outro.- franziu o sobrolho- Tu não gostas de mim, pois não?

Baixei os olhos, demasiado surpreendida para responder. Sempre fui uma péssima mentirosa por isso limitei-me a ficar calada. Também não pude dizer mais nada por que dois médicos saíram do quarto onde Alex e Layla se encontravam.

- Como está o meu filho?- perguntou Lorenzo aos dois médicos, sem se preocupar com as formalidades, coisa que tinha em comum com o filho.

- Conseguimos estabilizá-lo.- respondeu o médico mais alto- Infelizmente, ainda não acordou.

- Mas vai acordar?- perguntou Sasha, esperançada.

- Não sabemos, Menina. Só podemos esperar que sim.

- Posso vê-lo?- perguntou a minha melhor amiga, sem hesitar.

- Só uma pessoa de cada vez, está bem?

- Sim, doutor, obrigado.- agradeceu Lorenzo.

- Agora, falemos sobre a Menina Layla.- começou o médico mais baixo, os óculos a escorregarem-lhe pelo nariz abaixo- Todos os pedaços de vidro foram retirados das suas costas e ela está acordada. Chamou pela Menina Ducci e pela Menina Miles.

- Ela não me chamou?- perguntou o rapaz, tão surpreendido quanto eu.

- Você é o rapaz cujo nome ela nem chegou a perguntar?- questionou o médico, aparentando usar as mesmas palavras que Layla lhe dissera; o rapaz assentiu, os olhos verdes ligeiramente semicerrados- Ela pediu-me para lhe dizer para ir para casa.- o rapaz arregalou os olhos- E pediu-me para eu o pôr na rua caso não o fizesse.

- Ai sim?- murmurou o rapaz, soltando uma gargalhada bem-disposta- Sendo assim, eu vou. Importa-se de lhe mandar uma mensagem?- o médico anuiu, claramente divertido por fazer de pombo-correio- Diga-lhe que o meu nome é Daniel. Daniel Cardoso. E diga-lhe que, caso ela não me procure, eu vou chateá-la tanto que ela vai-se arrepender de ter me dado semelhante ordem. Obrigado e boa tarde.

Dito isto, afastou-se, de mãos nos bolsos e um sorriso leve no rosto. Assim que se afastou, eu e Camila seguimos o médico até ao quarto onde se encontrava Layla, deitada e embrulhada em lençóis de um branco imaculado. Por momentos, a vampira pareceu não se aperceber que tinha companhia, ocupada como estava a observar qualquer coisa no seu pulso esquerdo. Quando me aproximei, tentei perceber o que representava a tatuagem que ela tinha no pulso e que fitava com tanto carinho mas, assim que o fiz, ela pôs a mão dentro dos lençóis e lançou-me um olhar tão perigoso que nem sequer abri a boca.

- Deu o meu recado ao rapaz dos olhos verdes, Doutor Francisco?- perguntou ela, sentando-se.

- Dei sim e ele pediu-me para lhe dizer que se chama Daniel Cardoso e que, se não o procurar, ele fará a sua vida num inferno.

- Ele disse isso?- perguntou Layla, chocada.

- Não com estas palavras mas foi o que quis dizer.- afirmou o médico, a sorrir- Agora deixo-a com as suas amigas e, por favor, tente permanecer calma e quieta.

- Nós não somos amigas...- ouvi Camila sussurrar.

- Pois não, eu não sou amiga de feiticeiras.- ripostei assim que o médico saiu.

A expressão de Camila fez-me sentir uma parva por ter feito aquela afirmação. Eu nunca conhecera nenhuma feiticeira e apenas embirrava com esta porque não conseguia tirar da cabeça que a sua mãe tinha tido alguma coisa a ver com a morte dos meus pais. Camila não era como a ideia da feiticeira forte e completamente sem limites que eu tinha de Morgana; parecia apenas uma adolescente assustada que não faz ideia do que se passa realmente no mundo.

- Como é que tu...- começou ela, meio ofegante-...como é que tu sabes?

- És a filha de Morgana Miles.- encolhi os ombros- Não és?

- Sou. E então?

- E então?!- perguntei, surpreendida- Oh, não sei, ela é só a feiticeira mais poderosa à face da Terra e a sua representante em todo o tipo de eventos que envolvem as mais importantes famílias do mundo sobrenatural. É só mesmo isso.- tentei soar sarcástica mas o sarcasmo não combina comigo, infelizmente.

- Ai é?- perguntou a feiticeira, amargamente- Não fazia ideia.

- Ai é?- perguntou a feiticeira, amargamente- Não fazia ideia

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