A maldição

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  O susto foi grande. 

  Nossa sala foi dispensada depois do desmaio repentino da professora Marta, que foi levada ao posto de saúde.

 Simone e eu combinamos de ir até o posto de saúde depois do almoço para ver Marta, afinal ela não tinha família ou amigos, seus alunos eram tudo o que ela tinha.

  Na hora marcada encontrei com Simone que insistiu para passarmos na casa dos meninos,  então fomos até a casa do Daniel, nenhuma notícia, depois na casa do Gabriel e nada também.

  Chegamos no posto de saúde e perguntamos para a recepcionista se podíamos ver nossa professora então ela disse: 

  — Podem... mas sejam breves, porque daqui a 40 minutos a paciente será levada para São José do Rio Preto para uma série de exames!

  — E o que ela tem de tão grave? — perguntou Simone.

  — Pneumonia forte! Pelo fato de ter ficado exposta a chuva ontem a noite, o estado de saúde dela piorou!

  — Espera aí... como assim ela ficou exposta a chuva? — Perguntei atônita.

  — Marta disse que não lembra de nada do que aconteceu durante a noite, quando acordou estava deitada no meio do quintal de sua casa cheia de arranhões, acreditamos que tenha sofrido um ataque, a polícia irá investigar melhor esse caso!

  — Os arranhões no corpo dela, lembra?  — Sussurrou Simone em meu ouvido.

  — Obrigada pela informação! — Agradeci a recepcionista então Simone e eu seguimos até o quarto da professora Marta.

  — Vocês aqui? — Perguntou Marta surpresa assim que entramos no quarto,sua expressão era de um misto de alegria e preocupação.

  — Viemos ver a senhora! Já soubemos o que aconteceu ontem a noite, tem certeza de que não lembra de nada do que aconteceu? — perguntou Simone sem dar tempo de Marta pensar.

  — Calma Simone uma coisa de cada vez!

  Marta deu uma risadinha e voltou com a pose séria,agora nos olhava da mesma maneira de quando veio nos dizer que não devíamos nos meter com a novata.

  — Sabe meninas... Eu só estou assim por conta da curiosidade... Ela me fez saber de coisas das quais eu jamais deveria saber,vocês são meninas curiosas eu sei,por favor...  — Agora ela havia estendido as duas mãos para segurar a nossa,o que me fez arrepiar de medo a respeito das palavras que viriam a seguir — Aceitem o conselho dessa velha moribunda que já teve experiências dolorosas demais na vida... Se vocês tiverem alguma curiosidade ou duvida,não investiguem nada... Eu já soube que seus amigos desapareceram e suponho que as duas querem investigar o sumiço deles não é mesmo? Mas deixem isso pra polícia e...

  — Como assim professora? Por acaso a senhora sabe alguma coisa sobre o desaparecimento deles?  — Interrompeu Simone.

— Talvez. Por que as duas não me contam o que aconteceu antes de verem eles pela última vez?

  — Bom...  — comecei a falar indecisa se falava da marca ou não.  — Eles estavam na minha casa e...Antes de irem embora reclamaram de uma dor nas costas e quando fomos ver...eles tinham uma marca roxa nas costas, não contamos para ninguém, a senhora é a primeira.

  — Fizeram bem em não contar... Ela deu um longo suspiro para continuar a falar.  — Não sei como dizer isso, mas... seus amigos estão mortos!

  — O que????  — Simone e eu falamos juntas.

  - Qualquer um que tiver essa marca está fadado a morte,faz parte da maldição,a maldição que eu arrastei para cá e que levou seus amigos a morte!

  - Espera aí,como assim maldição?A senhora tem que nos explicar isso direito! - Perguntei atônita novamente, meus olhos já haviam se enchido de lágrimas e Simone já se derramava em prantos.

-Vocês não precisam saber de mais nada,eu já contei tudo o que podiam saber!-Marta estava decidida.

-ESCUTA AQUI PROFESSORA...SE A SENHORA NÃO NOS EXPLICAR ESSE NEGÓCIO DE MALDIÇÃO,EU VOU CONTAR TUDO PRA POLÍCIA!-Eu já estava gritando de nervoso.

-Calma Ana!Calma!-Falou Simone segurando meu braço.

-A polícia vai descobrir tudo o que precisam saber.-Marta continuava serena.-Eu só peço á vocês duas que...-Ela voltou a falar em tom de súplica.-Deixem essa história pra lá,se não quiserem ter o mesmo fim de seus amigos...E continuem vivendo suas vidas esquecendo-se de tudo o que aconteceu até agora!

-Mas nós precisamos saber mais!Como eles foram amaldiçoados,COMO?-Eu já me derramava em lágrimas.

-Acho que está na hora das duas irem embora!-Falou Marta.

-Eu não vou me esquecer disso professora,NÃO VOU!-eu disse correndo porta á fora,então me sentei no corredor e pude ouvir a última pergunta de Simone que já estava na porta,para Marta:

-Escuta Professora...Por que a senhora pediu que a gente ficasse longe da Sofia?Por acaso ela tem algo a ver com tudo isso?

-Não, não tem... Eu apenas disse aquilo porque a considero má companhia só isso!-Afirmou Marta ainda calma.

  Então Simone e eu fomos cada uma para sua casa e combinamos de não falar do que acontecerá no posto de saúde com ninguém.
Mais tarde por volta das sete da noite eu estava na sala de estar assistindo televisão com meu pai enquanto minha mãe tomava banho,meus pensamentos não saiam das palavras tenebrosas de Marta "Maldição","marca","morte",era muita coisa para digerir,eu nunca acreditei em nada que fosse sobrenatural ou paranormal,talvez Marta estivesse louca,mas qual outra explicação poderia haver para tudo de estranho que acontecera desde o dia anterior...desde quando a Sofia chegou.

  Meus pensamentos foram interrompidos por batidas na porta,me assustei porque para alguém bater na porta deveria passar pelo portão,e eu não tinha ouvido o portão se abrir.

Chamei meu pai,mas ele cochilava no sofá e até roncava.Ouvi as batidas na porta de novo,então tomei coragem e fui abrir,para minha surpresa não havia ninguém,olhei para o portão e estava fechado,então olhei para baixo e dei de cara com um lindo embrulho de presente,peguei e levei para dentro,sentada no sofá comecei a desembrulhar delicadamente.E quando eu finalmente terminei de abrir,dei de cara com a pior coisa que já tinha visto na vida...o que me fez gritar de terror...o grito mais alto e mais apavorante que fui capaz de dar.

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