Runaway

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Damon POV

Ela não havia retornado nenhuma de minhas ligações, nem mensagens. Okay. Eu parei de insistir. Mas parar de insistir não é o mesmo que parar de me preocupar.
Isso era tão ridículo. Eu me preocupar com uma brincadeira besta de Bonnie.
Mas, algo me dizia que ela não estava brincando.
Eu tentei esquecer. Eu tentei. Passou um dia e eu estava bem, meu dia se resumiu a umas... 10 garrafas de bourbon? Eu não lembro bem.
No segundo dia eu ainda tava legal, tinha parado com o bourbon e comecei na cerveja.
Mas no terceiro dia as coisas pioraram. As coisas realmente ficaram piores. Porque foi no terceiro dia que eu me senti claustrofóbico. Eu me sentia sufocado por mim mesmo. Por meus pensamentos, eu só sabia pensar em Bonnie e em seu maldito calendário. Calendário que eu pendurei ao lado da lareira e em frente a poltrona que eu permanecia a maior parte do tempo.
Aquele bloco de folhas com todos aqueles números me encarava a cada segundo. Cada dia mais perto de ter Elena. Cada dia mais perto de perder Bonnie. Claro, isso se fosse realmente verdade a palhaçada dessa tal ideia dela.
Eu podia muito bem ficar sentado ali apenas riscando as datas, mas eu não conseguia. Eu não conseguia tirar aquela maldita bruxa da minha cabeça e aquilo estava me deixando doido.
Não ter notícias dela, não ver ela aqui na mansão tentando salvar-me de mim mesmo, suas broncas ou apenas seu sorriso. Me fez afundar em escuridão profunda.
Eu sempre vivi na escuridão, ate me apaixonar por Elena. Ela trouxe toda uma luz para meu mundo. Ela sempre foi a razão. Ela guiava meus instintos... Mas Bonnie... Bonnie guiava meus sentimentos, e isso me assustava. Eu me sentia perdido sem Elena, mas me sentia cego sem Bonnie. Ela sempre me colocou no eixo. Era apenas vê-la que eu voltava pro caminho certo. Era apenas ver seu sorriso.
Sorriso... Falando nisso, eu nunca mais vi Bonnie sorrir verdadeiramente para mim após a morte de Elena. Ela nunca mais deu aquele sorriso que me contagiava, nem sorria com os olhos. Eu só conseguia a ver triste. E sempre por minha causa.
Eu era tão mal assim com Bonnie?
Não.
Eu era pior.
Eu havia prometido a mim mesmo que jamais a deixaria se sentir triste quando voltou do Mundo Prisão.
Eu sou um merda com promessas.
Eu era um merda com Bonnie.
Ela merecia viver a vida que eu dei à ela. Sem mim por perto para a destruir.
Eu pensava nisso o tempo todo desde que ela disse que nunca mais voltaria.
Mas eu sou egoísta demais quando o assunto é Bonnie. Eu jamais iria querer viver minha vida sem ela. Nunca.
Esse era o principal motivo que eu tinha para ir atrás dela.
Eu não aguente mais que cinco dias para ir atrás de Bonnie. Eu não sabia muito bem o que falar para ela. Mas eu tinha que a ver, ouvir sua voz.
Era sexta-feira e com toda a certeza ela estaria em Whitmore. Então era para lá que eu iria.
Dirigi com a velocidade máxima, a ideia de estar próximo a Bonnie me fez parar minha respiração desnecessária. Eu contava as milhas percorridas e isso ajudou a me acalmar.
Quando eu parei em frente a república procurei por ela em seu dormitório.
A cada passo mais próximo eu podia sentir seu corpo me apertando em um abraço e um beijo em meu rosto de Bonnie.
Bati a porta várias vezes até ser aberta por uma Barbie chorosa. Eu inconscientemente murchei. Eu esperava uma morena baixinha ali no batente.
- Damon... - ela sussurrou e me abraçou.
- Ei, o que aconteceu? - perguntei sem jeito. Não estava acostumado e nem me sentia a vontade com aquela aproximação da loira.
- Bonnie...
Eu paralisei. Meus pensamentos se transformaram em foguetes à jatos que explodiam a cada milésimo de segundo. Ela teria... Não, não!
- Ela se foi também...
- Como assim?! - perguntei a afastando e a chacoalhando pelos ombros.
- Ela se mudou de quarto. Estou tão sozinha Damon... Estou perdendo minha melhor amiga. - falou e eu respirei aliviado.
- Para qual quarto ela foi? - perguntei saindo do quarto.
- Número 13...
Eu não quis ouvir mais nada, com a velocidade vampírica eu me dirigi ao dormitório 13. Bati na porta e ninguém abriu.
- Procurando alguém amigo? - uma loira me perguntou.
- Bonnie Bennett. - falei - Sou um amigo dela. Queria a ver.
- Ah, ela foi para o centro da cidade. Acho que no Salão Sparks. - ela digitava algo no celular - É, isso mesmo. Salão Sparks.
- Obrigado. Tem o endereço? Me pouparia tempo. - perguntei apressado.
- Ah, aham. - ela tirou do bolso um papel de bala e uma caneta. Escreveu o endereço no papel que parecia ser de bala de cereja - Aqui.
- Obrigado.
Saí rapidamente do campus e segui diretamente para o salão. O que Bonnie estaria fazendo em um salão? Ela nunca foi muito de ir para um lugar assim. Bom, ela também não precisava, sempre foi bonita ao natural, sem precisar de mudanças radicais. Mas, se bem... Que ela muda muito o cabelo. O meu favorito é quando ela deixa em grandes cachos, ao natural. Ela ficava de algum modo angelical.
Mas ela havia feito uma mudança mais que radical...
Eu a vi ao longe, saindo do salão. Ela estava completamente diferente e eu nunca poderia dizer que foi uma mudança ruim. Apesar de diferente, eu sabia que era ela. Seu cheiro de mel e jasmim não me deixava enganar. Era um cheiro tão único.
Estacionei em um lugar qualquer e saí do carro a passos rápidos até a baixinha a minha frente.
Ela estava entretida em sua música. Eu me aproximei mais e então a chamei.
- Bonnie?
Ela travou e eu ouvi seu coração bater rápido e forte demais. Com alguns minutos de demora ela finalmente se virou.
- Damon...
Eu prendi a respiração quando eu a vi. Ela estava... Linda? Eu não sei bem se essa é realmente a palavra que eu queria usar. Na verdade, acho que não havia um adjetivo específico para descrever Bonnie naquele momento.
Eu não sei se pareci um idiota, mas eu me sentia assim naquele momento. Um completo idiota ao vê-la assim. Eu sempre fui o maioral, o gostoso que todos perdiam a fala ao me ver. Principalmente as garotas. Elas nunca sabiam como reagir, falar ou se comportar perto de mim.
Mas era a primeira vez que eu não sabia o que falar ou como agir diante de uma garota. E ainda por cima essa garota ser Bonnie Bennett.
Eu sempre soube o que falar com ela. Eu sempre soube o que fazer, mas era diferente. Eu havia estado tanto tempo sem vê-la ou sem ter uma conversa decente com ela, talvez eu estivesse enferrujado. Mas, cara, ela é Bonnie! Minha melhor amiga, eu não precisava pensar muito no que falar. Era tão simples, ou conversavamos ou brigamos. Sem muito mistério. Mas naquele momento, brigar era uma hipótese completamente distante. Era a primeira vez que nos víamos depois de dias eu não queria brigar com minha Bonbon. Mas ela me deixou irritado com a essa conversa mole de vou morrer em um ano. Mas não era com ela em si que eu estava bravo, era com a chance de perdê-la.
Eu sentia que estava acuado.
- Aconteceu alguma coisa? - a voz dela me despertou. E quando a ouvi eu senti a felicidade que eu havia deixado de lado, em um canto escuro dentro de mim.
- Hmmm, não sei. Porque? - dei de ombros e tentei com sucesso me recompor.
- Não sei. Acho que por estar aqui é porque precisa de ajuda. - ela recomeçou a andar e eu a acompanhei.
- Nossa, eu não posso estar aqui por que senti saudades? - aquilo foi verdadeiro, mas não acho que ela percebeu. Bom, ninguém perceberia com o tom sarcástico que sem querer eu usei. Mas, ela é minha melhor amiga! Deveria saber o que eu quero dizer, mas... Vai ver ela não queria realmente perceber.
- Hmm, não. Acho que não. Não depois do nosso último encontro. - ela se encolheu e eu também. Eu não conseguia parar de pensar nisso e a cada vez que eu pensava naquele dia um peso de duas toneladas se fixava em minhas costas.
- Isso são águas passadas. - falei virando em uma esquina acompanhado de BonBon. Queria que fossem.
- Pra você é tão fácil. - ela riu seca - Porque não é você que...
- Que merda foi aquela?! - perguntei impedindo que ela começasse com alguma lição de moral. Eu havia a procurado para saber sobre aquele calendário. Eu queria respostas e eu as teria.
- O que? - ela estava confusa. Parou de andar e ficou de frente a mim - Do que está falando?
- Você sabe bem do que eu estou falando Bonnie. Aquele calendário.
- Bom, eu expliquei bem naquele bilhete o que era e pra quê servia.
- Bonnie... Que tipo de brincadeira é essa?!
- Não é brincadeira nenhuma. - ela falou irritada e andando a minha frente. Mas eu a segurei pelo braço. Ela me encarou surpresa.
- Você tem o que na cabeça? Acha que foi engraçado o que fez? Acha que eu vou acreditar nesse seu papo de " Vou morrer para te dar Elena de volta? " - eu estava começando a me irritar.
- Eu não acho nada Damon! Eu não me interesso se vai acreditar ou não. - falou se soltando de meu aperto.
- Bom, eu quero entender o que foi aquilo. Poderia me explicar detalhadamente? - perguntei cruzando os braços.
- O que quer saber? - ela cruzou os braços também - Eu vou diminuir o sofrimento de todos! Eu tenho 360 dias para fazer o que eu bem entender. E ninguém vai me impedir, nem mesmo você.
- Eu não vou impedi-la de nada. Até porque eu não acredito que vá realmente fazer isso.
- Não me importa se você acredita ou não.
- Tem razão. Não importa.
Merda! Mas é claro que importa! Ela sempre irá ser importante para mim.
- Era só isso? - perguntou nervosa, ela olhava para os lados e eu ouvia seu coração rápido. Ela estava com medo, mas de quê? De mim. Ela tinha que ser a última pessoa a ter medo de mim. Ela sabe que jamais a machucariam fisicamente.
- Não, tem mais uma coisa.
Eu a puxei pelo mesmo braço que a apertei e a abracei. A abracei forte como se fosse uma bóia-salva vida que me lançaram pra me impedir de afogar. Eu só consegui sorrir quando ela retribuiu o abraço.
- Eu sinto sua falta Bonnie. - suspirei. Eu não esconderia mais meus pensamentos ocultos dela, assim como ela nunca escondia os dela de mim - Todos os dias.
Ela me apertou mais forte e eu cheirei seus cabelos agora loiros.
- Eu também Damon. - ela tinha a voz embargada.
- Me desculpe por tudo o que eu te fiz passar. Eu jamais me arrependeria de ter a salvo.
Ela olhou em meus olhos e sorriu triste. Beijei sua bochecha e entrelacei nossos dedos.
- Estou com saudades de ter um porre com minha melhor amiga. - falei e ela riu.
Ela riu. Ela riu! E eu ri junto. Eu a fiz sorrir e me senti feliz por isso, e quando eu me senti feliz eu quis absurdamente fazer Bonnie sorrir sempre. Como se isso fosse muito importante para mim.
O telefone dela tocou e ela pegou, quando viu no visor quem era sorriu ainda mais.
- Alaric! - ela soltou minha mão e me senti sozinho por um momento - Acabei de sair do Salão. Aham. Não, até eu me achei linda! - ela ria e ele disse algo que a fez corar - Não, não vou mandar foto. Não, nem se você mandar nudes. E a propósito eu não quero nudes seu. Okay. Amanhã, sem falta hein. Não se esqueça. Beijos. Tchau.
- Alaric hein.. - falei quando ela se aproximou de mim novamente.
- O que tem? - ela estava confusa.
- Bom, andam juntos demais.
- Sim, ele está sendo meu porto seguro. - os olhos dela brilharam quando falou dele, porque brilharam tanto?! - Ele vem me ajudado tanto, mais do que eu o ajudo.
- Sei. Então estão tendo algo? - a resposta me interessava muito. E a possibilidade de ser "sim" me enfurecia.
- Não. Ele é meu amigo apenas, mas ele está sendo a minha luz no fim do túnel. Com ele eu não consigo me sentir sozinha. Entende?
- Entendo...
Entendo porque era assim que ela me fazia sentir, mas eu nunca falei para ela.
- Bom, quer tomar alguma coisa comigo? - perguntou de repente.
- Já me perdoou? - perguntei sorrindo de lado.
- Não. Mas não estou pronta pra ficar longe de você.
Eu nunca estaria pronto para ficar longe de você também Bonnie.

Bonnie POV

Estavamos em uma balada qualquer, eu e Damon estávamos bebendo a algum tempo. Ele bebia seu whisky e eu minha batida de uva.
Eu e ele não estávamos de bem. Eu e ele estavamos em meio a um campo minado, qualquer passo em falso tudo iria explodir e ir pelos ares de novo. E eu não iria pisar em nenhuma mina, não agora que eu sentia que tinha meu melhor amigo de volta. Meu Damon.
Meu Damon, que apesar de ter demonstrado de um jeito muito torto estar preocupado comigo, veio até mim. Isso queria dizer que estava preocupado com o que o calendário queria dizer. Eu fui sincera, mas não acreditou, eu não iria insistir.
"Eu jamais me arrependeria de ter a salvo.", ele disse. Mas eu vi a tristeza em seus olhos. Ele nunca conseguiria mentir, não pra mim.
Por mais que estivéssemos " bem" agora, eu ainda continuaria com meu plano. Ainda faria Damon feliz, ainda reergueria Caroline.
- Como anda Stefan? - perguntei.
- Topetudo como sempre. - ele revirou os olhos e eu tive que rir.
- Eu imaginei.
De repente uma música que sempre ouvimos no Outro Lado tocou. Era uma música que eu colocava para dançaramos quando estávamos tristes.
- Oh meuu Deus! - gritei e ele me olhou sorrindo.
Ele se levantou e me puxou para a pista de dança lotada.
- Não acredito! - ele dançava a minha frente e me girava em seus braços.
- Think I can fly, think I can fly when I'm with u. My arms are wide, catching fire as the wind blows - cantei abraçada à Damon.
- I know that I'm rich enough for pride, I see a billion dollars in your eyes. Even if we're strangers til we die. - ele completou.
- I wanna run away. I wanna run away. Anywhere out this place. I wanna run away. Just u and I, I, I, I, I. U and I, I, I, I, I
Just u and I. - Cantamos juntos e nos preparamos para a parte explosiva da música.
A batida estava chegando. Meus olhos e de Damon estavam conectados e nossas mãos também. Se ele tivesse seu coração pulsante, estaria tão forte e rápido como o meu? Nos aproximamos e então explodiu!
Nossos passos sincronizados como ensaiamos no Outro Lado. Eu me sentia feliz. Ele ria e abriram uma roda para nos olhar.
- I wanna run. Chase the morning sun when I'm with u. Give it all away. Catching fire as the wind blows. - ele cantou de cabeça erguida e olhos fechado. Ele era lindo demais.
- I know that I'm rich enough for pride. I see a billion dollars in your eyes. Even if we're strangers til we die. - completei e respirei fundo.
- I wanna run away. I wanna run away. Anywhere out this place. I wanna run away. Just u and I, I, I, I, I. U and I, I, I, I. Just u and I. - voltamos a cantar juntos nos preparando para a parte apoteótica da música.
E quando ela chegou, recomeçamos os passos. Ele pegou em minha mão me girando sem parar o jogo de pés.
Para frente assim como o quadril. Lado esquerdo e direito. Depois para trás. Os pés tinham movimentos rápidos e leves.
Aquela era a NOSSA música. O refrão que era o nosso pedido de socorro. O refrão que era nossa pedida para o outro.
"Eu quero fugir
Eu quero fugir
Em qualquer lugar fora deste lugar
Eu quero fugir
Só você e eu, eu, eu, eu, eu
Você e eu, eu, eu, eu, eu
Só você e eu."
Queríamos fugir, nós dois daquele inferno. Queríamos fugir de todos as vezes, ir pra qualquer lugar só nosso. As vezes sumiamos para qualquer lugar longe. Apenas nós dois, voltavamos depois de dias. Sem Elena, Stefan ou Caroline. Apenas Bonnie e Damon. Apenas Bamon.
Será que ele ainda iria querer fugir comigo?
As batidas foram abaixando, e começamos a diminuir a velocidade. Até que outra música começou.
- Arrebentamos! - falei animada pegando minha bebida na nossa mesa.
- Somos demais BonBon. - falou sorrindo de canto.
- Vem cá. - peguei meu celular e tiramos uma selfie - Vou publicar no Insta.
Nem precisava de edição, éramos lindos de qualquer jeito. Até meio altos.
" Matando as saudades.
6/365. #RunAway #love ", escrevi como legenda.
Publiquei e logo 10 likes foram notificados.
Logo um comentário de Ric apareceu.
"@AlaricH: me trocou?
@BennettBonnie: Nunca. Você sabe que é o amor da minha vida.
@AlaricH: Está bêbada?
@BennettBonnie: Não.
@D.Salvatore: Sim, está.
@AlaricH: Onde estão?
@D.Salvatore: Interessa porque...?
@AlaricH: Quero beber com vocês. É ruim beber sozinho.
@D.Salvatore: Estamos na W. Party's. Cola aqui.
@AlaricH: perto. Já já chego . "
- Alaric estava vindo? - perguntei animada.
- Aham. A festa vai finalmente começar.

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