O calendário

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Damon POV

Ela não voltou. Passou alguns dias e ela não passou por aquela porta de novo. Eu não sabia dizer se isso era bom ou ruim.
Eu sei que não havia acontecido nada demais a ela, porque se não Alaric me ligaria dizendo que a culpa era minha.
Desde a discussão com meus dois melhores amigos, eu não saí da sala de estar. Na esperança inútil de que eles voltassem.
Mas nenhum dos dois voltou. E eu sentia mais falta de Bonnie.
Aquela baixinha irritante me fez falta. Querendo ou não, era ela que me impedia de enlouquecer.
As palavras dela não saíam de minha mente.
"- Não se preocupe. Eu não vou voltar nunca mais. Adeus."
Ela não seria nem louca de fazer uma besteira. Ela não seria maluca de me deixar também.
Eu sei que sou rude e cruel, sei ferir de verdade, sei que falo coisas que ela jamais merecia escutar. Mas, eu... Ela não consegue ver que estou morto por dentro? Acha que é fácil perder a pessoa que ama? Acha que é fácil conviver com a tristeza? Com a saudade?
A dor dela pode ser grande. Mas a minha é maior. Ela só está a fim de se fazer de vítima.
Mas mesmo eu não querendo, eu me importava com ela. Eu nunca vou poder responder porque eu a escolhi. Era tão fácil falar a todos que tinha chego tarde demais. Que foi inevitável. Mas a ideia de viver todos os dias com a certeza de que não teria Bonnie em minha vida, me fez sentir como se levasse aneurismas em cada canto do meu corpo. Ver aqueles olhos verdes sem vida era demais para mim.
Eu admito que não pensei em um minuto sequer em Elena. Não quando Bonnie estava ali.
"- Entre você e a bruxa, sempre vai ser você!"
Ri muito disso. Não era assim. Não depois de Bonnie se fixar em mim, depois de Bonnie ser tão essencial para mim quanto sangue. Ela era a minha passagem para a lucidez. Era a âncora que me impedia de sair do controle. Tudo apenas com um toque, uma palavra, um olhar. Tudo por ser simplesmente ela.
Mas, eu era um idiota. Eu não pensei em Elena quando vi a bruxinha ali. E era por isso que me culpava. Porque eu não pensei na mulher que eu dizia amar.
E era por isso que eu sentia raiva de Bonnie. Porque ela me faz esquecer tudo o que eu achava importante, mas que no fundo não era um bom caminho para mim. Dizia que a queria morta, porque eu sei que se Elena voltasse, toda a confusão iria embora. Seria como antes. Não seria uma montanha russa como é quando penso ou estou com Bonnie.
Aquela bruxa...
Ouvi alguém bater na porta, eu levantei e corri para abrir na esperança de ser ela. Eu tentei sufocar a ansiedade, eram poucos passos para a porta, mas a ideia de ser Bonnie ali me fez sentir como se fosse um longo caminho. Era tão ridículo sentir isso pela pessoa que queria morta.
Mas quando abri, me decepcionei.
Era apenas um pequeno embrulho repousado no chão. Olhei em volta e não vi ninguém que pudesse ter deixado.
Eu deixaria aquele pequeno pacote roxo ali, se eu não tivesse visto:
"De: Bonnie Para: Damon. "
O peguei rapidamente e fechei a porta com o pé. Sentei na poltrona que a pouco ocupava.
Com cuidado eu desfiz o laço amarelo e o joguei em um canto qualquer. Abri a caixa e vi um calendário e um bilhete.

" Querido Damon.
Te envio este presente. Não é nada demais para os outros, mas pra você será.
365 dias é o prazo que eu nos dei. Para que eu faça tudo o que eu sempre quis fazer e o que eu deveria ter feito.
365 dias até você ter Elena de volta.
Aguente mais um pouco.

Ass: Bruxa Má do Oeste."

Eu engoli em seco. Bonnie era louca? O que ela tinha na cabeça para fazer algo desse tipo?
Peguei o calendário, era simples com apenas alguns desenhos bobos em verde ao fim das páginas.
No dia de hoje estava marcado com uma caneta vermelha a frase:
"Conte a partir daqui."
Joguei aquele presente de merda para longe de mim. Ela estava brincando comigo? Ela achava graça todo o meu sofrimento? Achava engraçado minha dor e minha angústia?
Bonnie Bennett estava mexendo com fogo. Ela acabaria se queimando. Ela se arrependeria dessa brincadeira estúpida.
Mas, eu conhecia Bonnie Bennett melhor que a mim mesmo. Ela não era o tipo de pessoa que brincava com os sentimentos ou angústias dos outros. Pelo contrário. Ela tomaria as dores. Como fez todas as vezes pelos amigos, por mim.
O que Bonnie pretendia?
Peguei o calendário do chão e o folheei.
Ele ia até maio do ano que vem. Dia 25 de maio. Exatos 365 dias.
Aquilo fez sentir meu corpo afundar em puro vácuo.
Metade de mim queria acreditar que era apenas uma brincadeira estúpida. Outra metade estava se desesperando.
Peguei meu celular e disquei seu número. Uma, duas, seis vezes e nada. Ela não estava on-line em nenhuma rede social. Mas eu olhei seu Instagram. Era uma foto de algumas horas atrás.
Ela e Alaric em uma cafeteria sorrindo, mas o sorriso de Alaric era de pura tristeza.
" Fazendo planos. Contando os dias. Não fique triste Ric.
1/365 #freedom", dizia a legenda.
Continuei tentando ligar, mas ela não atendia. Olhei para o relógio, ela já estava em Whitmore.
Mas se ela pensava que iria me fazer sentir remorso, ou até mesmo que iria me arrastar a seus pés pedindo que não fizesse nada disso... Ela estava redondamente enganada.
Vamos ver até onde essa palhaçada iria.

O Calendário da Garota Problema.Onde histórias criam vida. Descubra agora