DESESPERO

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Logo depois de acomodar minha filha, liguei para minha mãe e minha irmã atendeu e pedi que trouxesse meus outros dois filhos.
Nesse meio tempo, a Natasha estava desesperada de dor e incomodo no pescoço e nuca então removi o colar de imobilização e a ajudei tomar banho.
Logo minha irmã chegou e contei o que havia acontecido e o que a médica havia dito.
A Natasha começou a passar mal e vomitou no chão do quarto e na cama, a ajudei a se limpar e ajudei deitar no sofá para limpar as coisas. Minha irmã tratou de ir embora e fiquei aflita para arrumar as coisas. Nesse meio tempo me assustei pois a Natasha começou a perguntar porque estava com o colar e o que havia acontecido, expliquei mas dentro de mim fiquei apavorada.
Mal dei almoço aos meus filhos, quando dei por mim eram uma e pouco da tarde.
Precisei até trancar um pouco o quarto para que minha filha não fosse tomar outro banho, acho que ela esquecia.
Liguei primeiro para o Samu, mas a desgraça da médica, não via a necessidade de mandar uma unidade para mim. Porém, a linha caiu e não conseguia mais linha com a porra do samu. Resolvi então, me comunicar com o Lucas, enviei mensagem relatando tudo que estava acontecendo, pois poderia precisar correr com ela, à qualquer momento, no meu ponto de vista.
Em um momento de desespero da Natasha tomar outro banho, ela desmaiou no banheiro, consegui segurá la e tirei do banheiro com muita dificuldade. Cada minuto era eterno e eu ia me comunicando com meu marido, ele disse que estava chegando, e nesse meio tempo, consegui acalmar minha filha e ela dormiu em sua própria cama. Mas gemendo muito. Uma cena que nunca esquecerei.
Logo meu marido chegou e um tempinho mais tarde minha mãe também. Quando Natasha, percebeu que seu pai havia chegado só queria ele por perto e ele sentou no chão ao lado da cama dela. Ela reclamou muito de dor para o pai, gemeu, pediu até massagem na nuca e não aguentava mais o imobilizador.
Minha mãe logo foi embora, pois estava histérica com a situação da neta. Não à culpo, pois não é fácil ver alguém em sofrimento e não poder se fazer nada.
A situação rapidamente piorou, as dores dela começaram aumentar muito, foi quando fui ao banheiro por um segundo e escutei meu marido me chamando com urgência, a Natasha começou a delirar e falar coisas sem nexo, inclusive fez a mesma pergunta ao pai, e ele explicou que ela estava com dor devido o acidente de moto. O Junior começou a luta para ligar para o Samu e eu fiquei junto a Natasha pronta para qualquer coisa, escutei a discussão e ele gritou para que mandassem uma unidade, explicando tudo que estava acontecendo para a criatura que estava do outro lado da linha. No meu desespero, fiz a merda de ligar para minha mãe e quem atendeu foi a minha irmã e como eu gritava pela minha filha, ela desligou e seguiram para minha casa.
A Natasha gritava de desespero e falava assim: "que isso veihh, que isso veihh". Agonizando de dor e pedia remédio para dor e coloquei água na seringa pois havia dado o que tinha sido receitado, e peli pouco espaço de tempo não podia. Ela abria a boca de maneira torta e abria muito. E teve um momento, que ela me olhou e disse: " moça chama minha mãe, ela é loira, chama ela, chama ela". Meu Deus, ela não me reconhecia mais. Logo ela já começou a se debater de dor e precisei segurá-lá, o quadro dela piorando e me apavorei quando vi os olhos dela revirarem a ponto de ver só a parte branca, gritei para o Junior que ela estava tendo um ínicio de convunsão e ele gritou isso para quem estava do outro lado do celular.
A Natasha do nada, simplesmente, apagou, como se estivesse em um sono muito fundo e pesado e respirava com som de ronco. E começou em seguida enrolar a língua, minha filha caçula que até então, tinha dois anos se desesperou com tudo que assistia, inclusive quando por um impulso, puxei a lingua dela, com medo que o pior acontecesse.
Nem percebi direito, o momento que minha mãe e irmã, já tinham chegado. Só me focava em ajudar a minha filha, quando escutei o Junior entrar já com a equipe do Samu, no quarto.
Eu já não raciocinava, sai do quarto para dar espaço para o atendimento, lembro da minha mãe pressionando para mim ir junto na ambulância e pedi para meu marido ir, eu não tinha condições e sinceramente meu egoísmo de mãe, queria só eu ou o pai lá com ela e só.
Sofri demais ao ver ela ser retirada desacordada e mal daquele jeito aqui de casa. Francamente a única coisa que me passou pela cabeça é que minha filha ia morrer.
A equipe do Samu, com cuidado e rapidez começou remover ela e conduzir para dentro da ambulância, meu marido foi junto e aquele barulho da sirene da ambulância, não saia de minha cabeça. Natasha de novo, foi para o hospital Hugo.

Relato de um desesperoOnde histórias criam vida. Descubra agora