-Perrier Jouët

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Durante a semana não tive tempo de ficar com Charlie, ela chegava muito tarde em casa, acho que propositalmente. Ela estava me evitando. Minha mãe ligava todo dia para saber se estávamos bem, eu fazia questão de deixá-la sem preocupações, não queria que Elizabeth chegasse antes do previsto.

Só me restaram dois dias e estava difícil dormir com Charlie. Quando estava saindo da faculdade na sexta-feira passei por uma loja de bebidas importadas e vi o champanhe que Charlie havia dito que era seu favorito e me lembrara que era forte demais pra mim, ou seja, poderia ser uma boa desculpa para fazer algo "errado". Ela alegaria embriaguez após o ato, mas daí já estaria feito.

Com meu cartão de crédito comprei cinco garrafas de Perrier Jouët e em outra loja uma lingerie preta para seduzi-la.

Deixei a casa inteira arrumada e perfumada. Pus um hobby preto de seda para simular que eu estava pronta para dormir, que na verdade estava a esconder a lingerie. Deixei as garrafas de champanhe em um enorme balde de gelo na mesa de centro da sala. Pedi comida chinesa e também arrumei tudo alí mesmo sem formalidades. Então, sentada no sofá esperei que ela chegasse do trabalho.

-Boa noite.- Ela disse ao entrar e fechou a porta.

-Já comeu?- Continuei do mesmo modo como se estivesse concentrada na TV.

-Ainda não. Tem alguma coisa pronta?- Ela jogou a bolsa no chão.

-Gosta de comida chinesa?- Disse com tom de tédio.

-Sim. Você já comeu?

-Ainda não, minha mãe me interrompeu quando eu ia comer. Ela pediu pra comprar isso pra você.- Apontei para o balde.

-Sério? Por quê ela pediria isso?- Charlie franziu a testa.

-Ela me disse que na sexta o dia é puxado pra você na academia e que você deveria relaxar pra não estar "tensa " quando ela chegar domingo.

-Sua mãe é ótima. Isso é muito bom. Obrigada por se dar ao trabalho.

-Quem vai pagar é ela.- Dei de ombros- Vai comer agora? Eu vou.- Peguei uma caixinha de papel com os rolinhos primavera.

-Vou sim.- Ela foi lavar as mãos e logo voltou.

-Vamos comer então.

Charlie se sentou na poltrona e começou a se servir. Abri uma garrafa de champanhe e entreguei a ela enquanto comia.

-Pode tomar tudo.-Disse.

Ela pegou uma taça, se serviu e tomou um gole grande.

-Isso é maravilhoso!- Charlie sorriu- Sempre fico relaxada quando bebo isso.

Aquilo abriu o apetite dela. Logo Charlie terminou de comer e acabou com a primeira garrafa.

-Quer mais?- Perguntei sorrindo.

-Quero. Hoje foi bem puxado.

-Aconteceu alguma coisa?

-Muitos alunos...

-Isso é bom. Mais dinheiro no seu contracheque.- Dei risada e a entreguei a segunda garrafa.

-Isso é.- Ela bebeu mais da metade da garrafa.

-Não acha melhor ir com calma nisso aí?- Fingi estar preocupada.

-Não. Eu sei o meu limite.- Ela piscou para mim.

-Certeza? Isso é muito forte.

-Sim. Você deveria beber também.

-Não, amanhã eu tenho que acordar cedo pra fazer um trabalho da faculdade.- Sorri.

CharlieOnde histórias criam vida. Descubra agora