-Intimação

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Um mês se passou. Eu já não era a mesma pessoa. Mal comia, mal dormia, mal vivia. Ter Harrison, meu pai, em casa ou não, não fazia diferença. Caí em profunda depressão. Não atendia nem mesmo os telefonemas da minha mãe, só quando ela se desesperava e ligava para a casa de Harrison em busca de notícias minhas.

Em um fim de semana muito chuvoso, enquanto estava sentada próxima a janela do meu quarto decidi que não poderia desperdiçar mais o meu tempo por alguém que nem sequer estava pensando em mim. E naquela mesma semana eu comecei a agir com a transferência de faculdade. Havia um pólo da mesma onde eu estudara que ficava há uns cinqüenta minutos da casa de Harrison. Passei a semana inteira indo e voltando de ônibus até finalmente conseguir realizar a transferência na sexta-feira.

Não era muito diferente da antiga, a não ser pelas pessoas estranhas que eu não conhecera. Mas felizmente, ao sair da minha última aula, tive uma surpresa.

-Elisa?- Um homem disse e eu me virei curiosa para olhar.

-Andrew?- Disse sorrindo. Era o amigo que me levou para beber recentemente.

-Você estuda aqui?- Ele pareceu feliz.

-Me transferi hoje na verdade.- Sorri.

-Que ótimo!- Ele me abraçou e beijou meu rosto.

-É... Ótimo.- Ainda estava me recuperando dos sentimentos passados.

-E aí... tá morando por aqui agora?

-Sim, na casa do meu pai.- Fomos andando até a saída.

-Podemos sair qualquer dia desses... Se sua madrasta não implicar.- Ele riu sem jeito.

-Eu não tenho contato com ela há um mês- Respirei fundo tentando reprimir a dor- E me desculpe por aquele dia no bar.

-De boa. Eu entendo ela.

-A gente pode sair hoje.- Disse rapidamente para desviar do assunto sobre "ela".

-Perfeito! Quer uma carona pra casa?- Andrew ficou entusiasmado.

-Preciso.- Dei risada- Já estou ficando enjoada de pegar o ônibus.

Ele deu risada também.

-Vamos então.- Fomos para o carro dele que estava no estacionamento e saímos dalí.- Quer almoçar em algum lugar? Eu imagino que morar com um homem não seja tão saudável.- Ele riu.

-Não precisa.- Dei risada- Mas se você quiser pode almoçar na minha casa.- Estava louca por uma companhia.

-Certeza? Seu pai não vai ligar?

-Ele não esta em casa, chega bem tarde e vai ser bom ter uma companhia diferente.

-Tudo bem então.- Ele sorriu animado com meu convite.

Chegamos na minha casa com meia hora de viagem, nada se compara a uma viagem de carro. Descemos do carro e eu abri a porta, ele ne ajudou com meus livros pesados pondo eles na mesa de centro da sala. Fui direto para a cozinha preparar algo para comermos.

-Fique a vontade.- Disse.

Ele me seguiu até a cozinha.

-Você deve se sentir sozinha aqui.

-Bastante.- Parei por um segundo encarando o nada- Eu preferia quando minha mãe era uma vagabunda.-Murmurei.

-Agora que nos encontramos, você pode me chamar sempre que quiser.

Andrew era um homem encantador e conseguia me deixar bastante a vontade em sua presença.

-Olha, pelo o que conheço de você é um cara muito legal e eu não quero te machucar. Acabei de sair de um relacionamento ruim e...- Andrew me interrompeu.

CharlieOnde histórias criam vida. Descubra agora