-Lobo Mau

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Ficar confinada não foi tão ruim como parece, tínhamos tudo que precisávamos em casa mesmo. Passamos meses assim. O pior de tudo foi ficar assistindo na TV Elizabeth especulando inverdades de Charlie. Bom, algumas coisas eram verídicas, mas ela fazia parecer que Charlie era uma pessoa horrível que havia sequestrado a "filhinha" e o namorado dela. O mais engraçado era que de uma hora para outra eu passara a ter grande importância na vida da minha mãe. Os comentários negativos estavam começando a afetar Charlie e eu não gostava nem um pouco de vê-la pra baixo.

-Ei... Não fica assim, amor.- Desliguei a TV.

-É fácil falar quando você não está sendo vista nacionalmente como uma espécie de lobo mau com demência.- Ela apagou o cigarro no cinzeiro e pôs a mão na testa.

Larguei o controle no sofá e pulei no colo de Charlie.

-Não gosto de te ver assim, meu bebê.- Acariciei seu rosto de um lado e beijei o outro.

-Se você me tratar desse jeito cada vez que eu ficar assim então não será um problema.- Charlie segurou com as duas mãos minha cintura.

-Você não é nada daquilo que aquela outra está dizendo.- Beijei seus lábios brevemente.

-Mas os que não me conhecem não sabem disso.- Charlie olhou para o teto, depois em meus olhos- Precisamos conversar.

-Sobre o que?- Franzi a testa.

-Vem comigo.- Ela deu dois tapas leves em minha coxa e nós levantamos.

Charlie pegou minha mão e me levou até aquele corredor que eu conhecera assim que chegamos na casa, não prestei atenção quando passei por alí que havia uma porta muito bem escondida por sinal.

-O que é isso? Nosso quarto de BDSM?- Dei risada e apertei sua bunda.

-Você só pensa em sexo mesmo, não é?- Charlie balançou a cabeça- E eu amo isso!

Ela deu um tapa forte em minha bunda e destrancou a porta me puxando para dentro dela. Era uma espécie de escritório e academia de Charlie.

-Por quê estamos aqui?- Fui até a mesa reparando o lugar e me sentei nela.

-Você precisa saber o que fazer caso alguma coisa aconteça comigo, quero que esteja preparada pra tudo!- Ela foi até um cofre e pegou uma pasta de documentos.

-Do que está falando Charlie?- Cruzei os braços e fiquei preocupada.

-Do jeito que as coisas estão ganhando repercussão eu posso ser presa, Elisa.- Ela pôs a pasta ao meu lado e repousou suas mãos em minhas pernas.

Charlie olhou profundamente em meus olhos e eu notei sua preocupação e seu medo.

-Não vai acontecer nada, amor. Ninguém sabe que estamos aqui é só a gente não sair de casa...

-Só temos comida pra mais um dia, Lis. Nós vamos precisar sair. E algo pode acontecer, então SE acontecer eu quero que você pegue essa pasta e procure meu advogado. Tem o endereço, o telefone dele e fax. Não deixe de fazer isso.- Ela disse seriamente.

-Tudo bem...- Minha voz ficou coberta de medo.

-Esse documentos são...

-Não quero saber do que se tratam.- Tapei sua boca. Charlie sorriu- Eu não vou precisar usá-los.

Tentei me manter otimista.

-Como quiser, apenas faça!- Ela tirou meu cabelo do rosto colocando-o atrás da orelha- Promete que fará isso?

-Prometo.- Respirei fundo e meus olhos lacrimejaram.

-O motivo pelo qual sua mãe está falando aquelas coisas sobre mim, pelo qual ela quis casar comigo ficarão claros pra você quando precisar abrir essa pasta.- Charlie a olhou com os olhos semi cerrados.

CharlieOnde histórias criam vida. Descubra agora