Capítulo VIII

1.8K 128 13
                                    

​Árvores. Ocas, talvez, mas é exatamente o que somos antes de qualquer decepção. No inicio, damos bons frutos, lindas flores e as mais verdes folhas. Depois, deixamos uma pessoa nos cortar e nos fazer de lenha. E então vemos que, sozinhos, somos faíscas; juntos, somos fogo. Tudo parece quente e extremamente aconchegante enquanto o fogo dura. Chegamos até a pensar que os nossos frágeis pulmões são fortes ao ponto de gerar fôlego suficiente para que continuemos soprando a fogueira. Entretanto, o nosso fogo apaga depois que tudo ao redor incendeia. Assim, sem mais. Nós simplesmente deixamos uma pessoa nos fazer de lenha e nos moldamos ao seu machado para que, no final de tudo, o nosso fogo destrua tudo ao nosso redor. Tudo se consome até virar fumaça. Eram tantos sentimentos que queimaram. E nenhum extintor será capaz de salvar os nossos corações de uma decepção de 3° grau.

​A voz da aeromoça invadiu o avião, fazendo com que os passageiros acordassem, o que não aconteceu comigo, uma vez que passei todo o voo pensando nas últimas horas. Suspirei ao pisar no solo da cidade de Henderon, em Nevada. Eu tinha decidido que aquela era uma boa hora para fazer uma visita a Kimberly e Brianna, e espairecer a cabeça também.

​Recolhi a minha bagagem na esteira e atravessei o portão de desembarque calmamente, até que senti alguém tocando meu ombro esquerdo.

​- Lauren! - ele levanta as mãos em sinal de rendição assim que o encaro - Por favor, não se assuste!

​- Estou mais que assustada, Thomas! Eu estou puta da vida! - falei, tentando esconder a minha surpresa.

​- Deixe-me levar você para tomar um café, pode ser por aqui mesmo.

​- E por que eu iria? - ralhei.

​- Porque eu tenho uma oferta que pode te interessar.

​Contrariando todas as expectativas, o segui quando ele foi em direção a uma cafeteria simples do aeroporto e sentei-me ao seu lado, em um dos bancos do balcão. Em seguida, ele tirou vários papéis de sua pasta e estendeu na minha frente.

​- É um contrato de trabalho do IBCA. Generosamente compensador, diga-se de passagem.

​- Você só pode estar de sacanagem! - dou um riso sarcástico enquanto alterno o olhar entre papel em suas mãos e seus olhos.

​- Nós realmente queremos trabalhar com você, Lauren - diz antes de abrir a sua pasta novamente e estender um objeto metálico - Esta é a sequência completa de toda informação hereditária de seu organismo codificado em seu DNA.

​- Não é mais fácil falar "genoma"?

​- Eu não estou brincando, Lauren. São 3.2 bilhões de pares. - faz uma pausa - Minha oferta é você ter a liberdade de estudar si mesma e suas irmãs. Uma pesquisa sem restrições. Mas, claro, com o nosso consentimento.

​Encaro os transeuntes do aeroporto, sentindo o olhar do homem sobre mim.

​- Eu te darei um prazo de 72 horas - ele continua - Sei que compartilhamos as mesmas preocupações e essa sequência pode ser sua, se você quiser. Pense a respeito. - vejo-o recolhendo os papéis que me foram mostrados anteriormente antes de se levantar, deixar o objeto metálico em minhas mãos e ir embora.

​Agora a indecisão me consumia mais do que nunca. Eu realmente precisava entender a minha biologia e talvez essa fosse uma boa oportunidade. Embora eu saiba que ele foi o causador de toda a mágoa que eu sentia agora, Thomas Baker era o único meio de eu ter acesso ao meu passado.

​Percorri um curto trajeto de táxi do aeroporto até o endereço da casa onde as meninas estavam. O taxista estacionou em frente a uma casa grande e de dois andares que tinha a grama perfeitamente amparada e verde. Saí do veículo e apertei a campanhia, pude ouvir o táxi dando partida atrás de mim enquanto alguém girava a chave na fechadura para abrir a porta, dando de cara com uma Brianna séria. Entrei assim que ela me deu passagem para tal ato.

The ScientistOnde histórias criam vida. Descubra agora