Capítulo XVI

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POV Lauren.

Verdade. Está aí algo que fala mais alto que nós: ela grita. A verdade é determinante, salta olhos, provoca febres, desenvolve úlceras. A verdade vem de dentro e acaba passando por um processo de triagem particular: deixamos sair algumas verdades, outras... Aprisionamos. Mas omitir não é diferente de mentir? Talvez. Entretanto, ambas possuem o mesmo intuito: esconder a verdade. O fato é que o que fica secreto não chega a ser uma mentira, mas é algo que não dialoga, não ventila, não desenvolve, apenas mofa, mantém-se estático na inutilidade e envelhece sem nunca ter sido confrontado. Dizem que quando a vida está por um fio é que as pessoas se mostram de verdade, que situações de limites as expõem de verdade. Por isso, escolha sempre estar por um fio. Não que isso signifique viver ao lado do perigo, mas preferir tudo aquilo que não nos corrói em silêncio. É melhor para fora do que para dentro.

Quando acordei, já tinha amanhecido. Camila não estava lá, mas tinha deixado um bilhete.

Bom dia, meu amor!

​Fiz salada de frutas pra você de café da manhã, está na geladeira. Vejo você no nosso laboratório.

​Com amor, Camz.

​Após a noite maravilhosa que tivemos, eu finalmente consegui convencer Camila a ir para a casa de Kimberly comigo, o que foi uma excelente ideia, já que quase não dormimos...

Meu estômago deu uma pequena cambalhota, como se tivesse acabado de sair de uma dessas montanhas-russas de parque de diversões. Desci e dei uma fuçada na cozinha e encontrei uma única tigela de frutas picadas na geladeira. Sorri e a levei para o andar de cima, pegando o bilhete que Camila tinha deixado e pregando-o no painel de cortiça que tinha em meu quarto. Tomei banho e vesti-me, tentando me focar na montanha de trabalho que eu tinha para fazer no IBCA e querendo que as lembranças da noite anterior viessem com menos frequência.

— Ally? Normani? O que... — eu tinha acabado de adentrar o IBCA e mal conseguia formular uma frase enquanto as minhas duas amigas me esmagavam em um abraço apertado.

​— Então, era uma surpresa! O Dr. Thomas aprovou a nossa inscrição — Ally explica, completamente animada.

​— Você sabia disso? — sussurro para Camila, que afirma com a cabeça — Só um momento, meninas! — peço antes de puxar Camila para um canto — O que deu em você? Achei que esse lance de mentiras já tinha terminado.

​— Eu não menti! Elas são as suas amigas, achei que você gostaria de tê-las por perto, já que você anda meio distante ultimamente. E vamos precisar de duas técnicas de sequenciamento, você me disse que elas eram as melhores.

​— Sim, mas não podemos envolvê-las. Isso é loucura! Elas podem acabar se machucando...

​— Elas já estão envolvidas. Você deu para elas as suas amostras!

​— Sim, mas elas não sabem disso!

​— Normani encontrou a sua sequência sintética. Precisamos de especialistas de confiança.

​Eu não podia acreditar no que estava acontecendo. Por mais que eu soubesse que Camila estava certa, eu não queria admitir. O meu lado protetor era mais forte.

​— Meninas, não estamos contratando. Desculpa. — disse assim que me virei para ambas novamente.

​— Lauren! — Camila repreende.

​— Não! — rebato.

​— Nós sabemos sobre os clones. — Normani revela.

​— O quê? — eu e Camila perguntamos ao mesmo tempo.

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