A garota das dez horas

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Certo tempo, houve um homem chamado Gregory, mesmo que ele preferisse ser chamado apenas de Greg. Ele era uma pessoa quieta com uma imaginação ativa mas com uma séria tendência a fugir de confrontos. Por causa disso, ele não conseguia interagir muito bem com outras pessoas e se tornou um pouco recluso.

Porém, toda noite, quando o relógio batia 10 horas, Gregory sofria uma mudança, graças a uma garota misteriosa que aparecia em sua porta toda noite sem medo algum. Toda vez que ela chegava, ele sorria e sentia todos os seus problemas irem embora quando pegava sua mão e a levava para dentro de casa.

A garota nunca lhe disse nome algum, mas ele também não perguntava; era como se ele tivesse a conhecido durante toda sua vida e confiasse nela como ninguém. Os dois caminhavam pelas ruas rindo do mundo ao seu redor.

De vez em quando, as pessoas paravam pra olhar. O tímido Gregory sentia uma raiva inexplicável o tempo todo - como será que eles se olhavam daquele jeito? Malditos loucos. Então ele gritava para as pessoas e as enxotava, e algumas vezes isso surtia o efeito errado, despertando nas pessoas uma vontade de brigar.

A garota se assustava, o que fazia Gregory perder o controle, como se estivesse bêbado, atacando as pessoas que ousavam estragar sua noite. Algumas vezes, ele acabava até mesmo passando a noite numa cela, preso. Mesmo assim, dentro da cela, sua amiga ficava com ele até o sol nascer. Ele nunca perguntou como ela fazia aquilo (nem por quê); era como se o mundo não pudesse vê-la, mas Gregory sabia que ela real.

Quando o sol nascia, Gregory finalmente sucumbia à exaustão e fechava seus olhos. Quando acordava, a garota desaparecia e ele voltava para seu mundo de solidão, evitando conflito o máximo possível. Evitando pessoas até que o relógio batia 10 da noite e o ciclo se repetia.

O que Gregory não sabia era que ele era um irmão, mesmo que sua irmã tivesse morrido pouco depois de nascer. Seus pais nunca lhe contaram sobre esse trágico acontecimento e ele foi criado como se fosse filho único.

Seus pais não tiveram nem tempo para dar um nome à criança morta.

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