O experimento genético

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Dizem por aí que eu sou algo que nunca deveria existir nesse mundo. Um experimento feito para provar que a ciência moderna não iria morrer. Para mostrar que a mente humana se estendeu mais do que o esperado. Para mostrar... ah, estou me adiantando demais. Vamos voltar ao início.

Enquanto eu acordava num laboratório, vi vários humanos pularem de felicidade. Eles começaram quase que imediatamente a anotar coisas em seus cadernos. Abriram o tubo de teste onde eu estava e anotaram minhas informações físicas. Eles chegavam mais perto a cada exame que faziam, chegaram tão perto que eu podia sentir o calor do suor deles exalando. O que quer que eu fosse, eles deviam ter levado anos pra me criar. Só então eu vi uma outra criatura numa mesa ao lado, toda esticada, inconsciente e cheia de hematomas. Perto daquilo, havia uma bandeja com algumas pinças e um microscópio. Eu fiquei curioso sobre aquela coisa, mas antes mesmo que eu pudesse ver o que era, um homem percebeu minha curiosidade e agarrou meu ombro.

-Nem pense nisso.

Aquela voz me fez ficar todo arrepiado, como se fosse a de um psicopata, uma voz de pura insanidade. Os cientistas todos saíram por aí coletando os dados que tinham recolhido e logo depois foram correndo pra fora do prédio. Me deixaram sozinho com a criatura, com minha curiosidade e um pouco de medo.

Levantei e comecei a andar na direção daquilo, até que pisei numa poça de algum líquido pegajoso que eu não sabia o que era. Olhando pra baixo dos meus pés, vi uma pequena gota roxa com olhos quase caindo, sem vida. Peguei aquela substância e a atirei na parede, só para vê-la deslizar pela parede e sair do tubo de teste por baixo da parede. Os cientistas haviam deixado um papel pra trás. Eu o peguei para ver o que tinha escrito. "Após vários anos de testes genéticos constantes, finalmente atingimos nosso objetivo. Devemos nomear nossa criação--"

Ouvi a porta atrás de mim abrir e larguei o papel. Os cientistas tinham retornado, trazendo consigo dois homens: um que parecia ser um cientista também, só que mais experiente, e um outro um pouco mais jovem que vestia um terno, quem presumi ser o líder de todo aquele projeto.

-Oh, não... Não, não... Vocês veem o que fizeram? - disse o velho.

O chefe deu uma risadinha.
-Claro que sim. Criamos o caminho para a vitória!

Eu senti que não tinha o que dizer, então apenas respondi com um rosnado. Não fazia ideia de quem era aquele homem, mas podia sentir o mal em seu coração, pois o velho tentou prevenir algo que podia ter acontecido de errado, e ele simplesmente ignorou. Ele veio até mim e colocou a mão em meu ombro. Aquele homem arrogante abriu a boca para falar, mas antes que as palavras pudessem sair, eu dei um soco no rosto dele, sentindo que era minha única defesa. Ele, bravo por sua própria criação não tê-lo obedecido, deu ordens para os cientistas, que me levaram rapidamente para algum tipo de porão secreto.

Lá, eles me prenderam numa cadeira e colocaram 4 CDs numa máquina, que depois amarraram na minha cabeça. Eu me sentia mais forte, mas mais fraco de certa forma. Era como se, a cada vez que eu ficava mais forte, eu esquecesse alguma tarefa simples, como bater ou gritar. Depois desse processo, o administrador começou a enfiar na minha garganta alguns doces azuis - 70 deles. Me sentia mais poderoso e independente a cada bala daquelas que me davam. Quando e fizeram comer a última, me soltaram daquela cadeira que me prendia,

Olhei para os cientistas que me rodeavam, percebendo como aqueles docinhos afetaram minhas habilidades físicas e minha força. Eu me sentia invencível, como se eu tivesse sido criado para ser Deus em pessoa. Antes que um deles pudesse aplicar mais um experimento em mim, eu olhei para ele e aquele homem começou a segurar sua cabeça com força enquanto suas orelhas sangravam. Aquela figura patética morreu alguns minutos depois.

Ao passo que os outros tentavam me cercar, eu simplesmente desenhei figuras pontudas em formato de estrela com as mãos, fazendo com que seus braços fossem cortados brutalmente. Um deles conseguiu me dar uma facada, e eu coloquei minha mão sobre a ferida, curando-a. Matei-o da mesma forma que o primeiro. Meu criador fugiu, deixando-me apenas com o pequeno e jovem administrador.

-Você fez isso comigo... - Pensei comigo mesmo.

Ele se virou e olhou em volta.

-Quem disse isso? - perguntou, e depois olhou pra mim. - Ah, foi você. Você tem poderes psíquicos, dá pra perceber.

O homem sorriu de orelha a orelha após aquela frase, mas pouco depois aquele sorriso sumiu, e deu seu lugar a uma expressão de seriedade.

-Creio que não podemos mais te manter aqui. Te deixamos forte demais. - ele deixou o prédio sem mais palavras.

A criatura de que me basearam abriu os olhos. Andei até ela e a ergui em meus braços.

-Você está seguro comigo. - mandei uma mensagem telepática pra ela.

Aquilo fechou os olhos enquanto eu saía daquele laboratório com ele no colo. Dei uma última olhada naquele prédio espelhado, e o destruí com minhas estrelas. Deixei a criatura, agora consciente, voar livremente. Ela levou os papéis dos cientistas consigo e os escondeu numa mansão. Olhei uma vez para meu nome antes que pudesse ficar completamente livre. Andei e nadei por vários quilômetros
até que, eventualmente, me isolei de tudo e de todos dentro de uma caverna, sabendo que eu não era uma força que as pessoas deveriam enfrentar. Um guarda-costas acabou se voluntariando para não deixar ninguém entrar naquele lugar.

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10 Anos Depois
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Numa noite fria na minha caverna, eu ouvi sons de passos ecoando, vindo da entrada. Pensei comigo quem poderia estar aqui e como esse alguém passou do guarda-costas, então fiz algumas criaturas baseadas em outras que vi durante minha jornada. Até enviei as pequenas gotas pegajosas de antes para assustá-lo, mas esse cara era corajoso. Ele invocou suas próprias criaturas para me deixar mais fraco. A última coisa que me lembro daquela batalha foi quando ele atirou alguma coisa na minha cabeça, e depois... Escuridão.

Alguns dias depois, lembro-me de ter acordado num mundo meio estranho. Fui invocado na frente de um grande cachorro azul. Antes que eu pudesse fazer qualquer coisa, o garoto atirou uma bola roxa naquele cachorro e ele desapareceu dentro daquela pequena coisinha. Nunca esquecerei a última coisa que o moleque gritou antes de eu voltar praquele mundo esquisito.

-Mewtwo, volte!

CONTOS DE TERROOnde histórias criam vida. Descubra agora