Como uma criança

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-Oi- Disse Breno vindo se sentar ao meu lado novamente, e novamente as meninas nos olharam indignadas como se estivessem pensando que Breno merecia um lugar melhor.
-Oi -respondi brincando com o anel em meu dedo.
-Não se importa de eu me sentar aqui né? -perguntou.

-Não, só fico encomodada com os olhares de reprovação- desabafei me sentindo estranha, nunca havia dito a alguém sobre o que eu gostava ou não, sobre o que me incomodava e nem sobre como me sentia.

-Oi, você não quer se sentar com agente? -perguntou uma das meninas olhando para Breno.
-Me desculpe, mas estou bem aqui com a Anastácia - respondeu ele sem nem mesmo erguer o olhar para a garota.

-Se quiser ir tudo bem - Falei.

-Não quero, não suporto meninas que se acham as rainhas da cocada preta.-disse em voz alta de propósito para que elas ouvissem.
A primeira aula para meu desespero era educação física, eu era péssima em qualquer esporte.
Breno andou fielmente ao meu lado.
-O emo e a gorda- disse uma das meninas passando por nós.
-Ei garota - gritou ele chamando a atenção dela.
-O Que vai fazer ?-Perguntei segurando automaticamente ele pelo braço.
-Oi emo-respondeu ela se virando para nós.
-Emo por que não quis ficar com você é sua ralé?
-Não, emo por que você é emo mesmo.-disse ela petulante.
-Tudo bem, pode me chamar de emo, mas ela você não chama de gorda.
-E por que não?
-Só por que você é uma magra anoréxica não quer dizer que ela seja gorda.

disse ele simplesmente.

A garota ficou de queixo caído.
Breno e eu passamos por ela,deixando - a sem fala e envergonhada no meio das amigas.

Como não era obrigado a jogar vôlei fiquei sentada no banco ao lado da quadra.
-Pode ir jogar Breno.
-Quem sabe outro dia.
-Não precisava ter falado nada para ela.
-Como não? Ela merecia ouvir mais.
-Já passei por coisa pior - sussurrei
-O Que te fizeram?
Eu o olhei em dúvida se deveria falar ou não, e ele sorriu me encorajando a falar.
Então contei tudo a ele, relembrar aquilo era doloroso, sem que eu percebesse comecei a chorar, só percebi quando ele passou as pontas dos dedos em meu rosto. Olhei para ele que me olhava com ternura.
Estar diante de Breno me fazia sentir - me como uma criança, uma menininha, era estranho e maravilhoso ao mesmo tempo.
Derrepente me senti com medo,o que aquele garoto lindo queria comigo?
Era perfeito demais para mim, isso era uma coisa que não seria possível acontecer a mim, uma garota gorda.
Segurei a mão dele e a afastei do meu rosto.
-Quer sair comigo hoje a noite?
-Eu...
-Por favor não me diga que não.
-Aonde vai me levar?
- Para jantar, em um restaurante.
-Por que está fazendo isso? Não preciso que sinta pena de mim.
-Eu não sinto pena de você, eu realmente quero levá- la para jantar.
-Está bem.
-Só me diz onde você mora que vou te buscar.
Passei o endereço para ele, sabendo que na hora ele não apareceria.

A garota gorda sou euOnde histórias criam vida. Descubra agora