A garota gorda sou eu

Meu pai é o melhor

-mãe - chamei da porta da cozinha
-hum?-fez ela ainda sem me olhar.
-Não quero ir para a escola nessa última semana - resmunguei sentindo que iria chorar mais um pouco.
-Taci, o que aconteceu? -perguntou vendo meus olhos inchados e as lágrimas escorrendo.
Taci era o meu apelido abreviado de Anastácia.
-Eu quero morrer - sussurrei cobrindo o rosto com as mãos.
-O Que está acontecendo aqui?-Perguntou papai chegando na cozinha.
-Não sei, ela não me disse -respondeu mamãe com agonia na voz.
-Filha o que aconteceu? -perguntou papai me abraçando protetoramente.
-O Que foi, acabou o refrigerante, por isso ela está chorando? -zombou Renata.
-Cale a boca Renata - rugiu minha mãe.
-Nos deixe a sós Renata - pediu meu pai.
Renata saiu batendo os pés.
Mamãe, papai e eu sentamos em volta da mesa de jantar, e então contei tudo a eles, me sentindo muito envergonhada.
-Essas meninas tem que pagar por isso - disse mamãe.
-Eu só não quero mais ir para a escola - falei
-Você não pode ficar sem ir para a escola filha, falta só mais um ano para você se formar.
-Mas papai, eu não posso voltar para aquela escola.
- Cintia, o que você acha de nós mudarmos daqui,matriculariamos Anastasia em outra escola? 

sugeriu meu pai.

-O Que ?-Berrou Renata.
-Eu não acredito que você estava ouvindo atrás da porta ?-rugiu papai
-Agente não pode se mudar por causa dessa garota gorda azarada - gritou furiosa.
-Não fale assim da sua irmã - repreendeu papai.
-Eu não vou me mudar, eu vou morar sozinha.
-Faça o que você bem entender - disse minha mãe.

-Está na hora de você crescer Renata,e se dar conta de que o mundo não gira em torno de você - Disse papai a ela.
-Estou indo embora de casa hoje mesmo.
-E pra onde vai?
-Vou morar com o Rômulo pai, eu já devia ter feito isso a muito tempo - falou saindo porta afora.
-Tá certo - disse papai com a voz trêmula - Agente vai se mudar e você não precisará voltar para aquela escola - concluiu ele contendo as lágrimas pela filha ingrata que o deixará.
Abracei meu pai com força, feliz por ter um pai herói que me entende.

Arranquei todas as folhas do diário, rasguei e joguei dentro do vaso sanitário e dei a descarga.
Nunca mais iria escrever sobre um garoto, nunca mais iria gostar de um.
E nunca mais esperaria que um garoto se apaixonasse por mim e me transformasse em uma princesa.
Princesa eu nunca seria.