Acaso Destinado (AMOSTRA)

PRÓLOGO - MUITOS ANOS ATRÁS

No quintal de um orfanato, dois meninos brincavam com bonecos feitos de madeira. Ambos morenos e franzinos, pareciam ter a mesma idade e haviam chegado ao local com uma diferença de apenas alguns dias.

Devido a chegada em datas tão próximas, logo formaram um laço de amizade e companheirismo, defendendo um ao outro das crianças maiores que tentavam machucá-los.

Durante vários anos, foram a única família um do outro, suportando a solidão e a carência constante, prometendo que não seriam separados e que, quando completassem dezoito anos, sairiam daquele lugar e continuariam a viver juntos. Iriam conhecer o mundo, viajar sem destino, sempre os dois juntos, nunca separados.

Um dia, porém, os sonhos dos meninos foram despedaçados por aquilo que poderia ser considerado como um milagre. Um casal mais velho, que nunca tivera filhos, chegou ao orfanato e não escolheu nenhum bebê ou criancinha mais nova. Preferiu uma criança mais velha. Fora uma adoção tardia, quase inexistente nesse mundo de abandono.

Escolheram um dos dois amigos inseparáveis que, como seu companheiro, já contava dez anos de idade. Ambos gritaram, choraram, imploraram. Mas todos os esforços foram em vão. Ao final do processo, na triste despedida, ambos prometeram que escreveriam diariamente. Aquele que fora adotado prometera ao que ficara que nada nos seus planos mudaria. Eles ainda viajariam e descobririam juntos os divertimentos ao redor do planeta.

Com o passar dos anos, eles continuaram mantendo uma constante comunicação. A lealdade dos dois era algo admirável, os próprios empregados do orfanato não acreditavam que fosse durar, mas durou, até que aquele que ficou completou dezoito anos e teve que sair do orfanato. Depois disso, nunca mais aquele que fora adotado tivera qualquer notícia do seu irmão de criação, porém em nenhum momento o esquecera.

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