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Quando voltei á casa dos vampiros, a lua estava alta no céu. Lexi estava esparramada no sofá, de olhos fechados, ouvindo Hugo tocar piano. O instrumento estava tão desafinado que a música que ele martelava, supostamente uma marcha revolucionária, parecia mais um lamento fúnebre. Ainda assim, não pude deixar de puxar Lexi, girando-a em uma dança improvisada.

-Está atrasado - disse Lexi, fugindo da dança - Ou teve um encontro?

-Ou matou mais humanos? - perguntou Buxton, entrando na sala.

-Está apaixonado? - perguntou Percy, apoiando os cotovelos nos joelhos ao me olhar da mesa do canto com inveja, onde jogava paciência. Percy claramente amava mulheres, mas seu rosto infantil o fazia parecer um rapaz de 15 anos, e em geral as mulheres que mais atraíam pensavam que Lexi era sua mãe.

Fiquei agradecido por ter sido transformado na idade que tinha.

Balancei a cabeça.

-Não estou apaixonado - falei, perguntando-me se dizia isso para convencer a mim mesmo - Mas estou me acostumando com a rotina do circo. Acho que estou aprendendo a gostar de Nova Orleans.

-Que grande notícia - murmurou Buxton sarcasticamente.

-Buxton - Lexi o olhou com censura antes de voltar a atenção a mim - Esqueceu-se do nosso compromisso?

Esforcei-me para me lembrar, mas acabei negando com a cabeça.

-Desculpe.

Lexi suspirou.

-Lembre-se...vou levá-lo ás compras. Posso ser vampira, mas ainda tenho vaidades femininas e simplesmente não combina comigo estar cercada de homem mal-vestidos. O que os vizinhos vão pensar? - Ela riu, achando graça da própria piada.

-Ah, sim - Aproximei-me um pouco da escada - Quem sabe amanhã? Estou exausto.

-É sério, Stefan - disse Lexi, pegando meu braço - Você precisa de roupas e é uma espécie de tradição. Levei estes dois cavalheiros para fazer compras e olhe para ele agora - disse ela, assentindo para Buxton e Higp como se seu trabalho a agradasse excepcionalmente. Era verdade. Do casaco azul de gola alta de Buxton ás calças bem -contardas de Hugo, eles estavam elegantes.

-Além disso, você não tem escolha - disse ela com malícia.

-Não tenho?

-Não - Lexi abriu a porta com um floreio - Rapazes, vamos sair. Quando voltarmos, nem vão reconhecer Stefan, de tão lindo que estará!

-Até mais, lindo! - gritou Buxton com sarcasmo enquanto a porta se fechava. Lexi balançou a cabeça, mas não me importei.

Estranhamente, eu me acostumara com Buxton. Era como um irmão. Um irmão com um gênio potencialmente fatal, mas eu me acostumara a lidar com ele.

Juntos, Lexi e eu andamos lado a lado pelo ar frio da noite. Vi Lexi me olhando de lado e me perguntei o que ela estaria vendo.

Senti que vivia três vidas distintas: em uma eu era um irmão leal, em outra era o novo integrante de um clube que não compreendia bem e na terceira era um jovem dedicando minha confiança a uma humana -uma mulher por cuja salvação apunhalei minha própria carne e sangue. O problema era que eu não sabia levar todas com tranquilidade.

-Você está quieto - disse Lexi no meio de um passo - E...- Ela farejou o ar - Não bebeu sangue humano. Estou orgulhosa de você, Stefan.

-Obrigado - murmurei. Sabia que ela não teria orgulho de mim se lhe contasse da conversa que tive com Callie. Diria que sou impulsivo demais, que eu cometera um erro imenso contando meu segredo a ela. Mesmo que eu não tivesse exatamente contado, mas confirmado suas suspeitas extraordinariamente precisas.

sede de sangue -diarios de Stefan -vol.2Onde histórias criam vida. Descubra agora