O amanhecer em Rosa de Iracema (cidade interior de Minas) é um dos mais bonitos que eu já vi ...

Sempre ao amanhecer e ao entardecer eu ia com a Estrela (filha da empregada da casa de meus avós) para a cachoeira Bela Luz (Que recebeu esse nome porque, ao pôr e retirada do sol, sempre era refletida uma luz azulada sob os olhos maravilhados de uma índia chamada Iracema e ela passou a frequentar fielmente aquele lugar, ficou tão obsecada que pedira a cachoeira e a deusa que ali "habitava" para lhe dar um filho que tivesse o azul das águas da cachoeira nos olhos. Se passaram os meses e como sabemos nas aulas de história, os estrangeiros vieram para o Brasil e com Minas não foi diferente, ela se apaixonou por um colono e tiveram um filho, com o nosso entendimento sobre DNA o filho do casal nasceu com os olhos azuis da cor das águas da cachoeira. Rosa ficara encantada e batizou a cachoeira de Bela Luz)

E hoje não é diferente, cá estou eu sentada na grama próximo a cachoeira, os olhos vidrados na luz refletindo por conta do nascer do sol ... Relembrando cada minuto, de quando era adolescente, e o lugar servia de encontro para acabar com a saudade que sentíamos um do outro ...

Sinto por um instante meus olhos marejarem e percebo que já derramei duas lágrimas e estou prestes a fazer com que a cachoeira transborde, (exagero sempre foi meu forte) levanto, dou duas batidinhas na bunda, para limpar a mísera quantidade de terra que está grudada no meu short, limpo as lágrimas e volto, com o olhar vago e distante, e a cabeça baixa, para a fazenda onde meu pai está tomando café e ligando para a Fátima, (uma mulher que cuidava da limpeza da casa, enquanto estávamos fora) para avisa-la que já nos hospedados no lugar e se ela quisesse assumir o posto de governanta da fazenda, era dela. Não sei que rumo a história teve, mais provavelmente a proposta foi aceita por Fátima, meu pai contratou duas empregadas, uma cozinheira e um jardineiro.
É ele estava disposto a descansar mesmo naquele lugar distante.

Aproveitei o dia para organizar uma papelada que o sr Bernard Miles me mandara. Era um novo protótipo que ele queria que eu desse uma olhada, dessa vez era um míssil e um ônibus espacial, chamei meu pai para me auxiliar e ele soube exatamente o que fazer, estudei cada peça que queriam utilizar, e constatei que seria uma grande revolução na história dos robôs espaciais já que o ônibus continha configurações avançadas e o míssil uma especie rara de tecnologia , me senti honrada por aquela conferida que o sr Bernard Miles queria que eu revisasse. Já tinha feito aquilo mais não com a grandiosidade e disponibilidade de tecnologia em que fora posta naqueles protótipos ...

Ao examinar tudo enviei um arquivo de resumo com algumas modificacõezinhas que fiz.
Terminei, levantei-me da cadeira da escrivaninha escolhi uma roupa :: um cropped vinho, um short de cintura alta e uma jaqueta de pano azul quadriculada, e minhas botas curtas. Tomei um demorado banho, lavei os cachos, me enrolei, sequei o cabelo, passei creme e me vesti.

Peguei uma maçã e as chaves do meu carro, o EcoSport vermelho, e fui para a cidade.

Estava mais diferente do que eu me lembrava, havia shopping, livrarias a parte, sorveteria, hamburguerias, e muitas lojinhas de conveniências, estacionei o carro e sai andando pela pequena cidade de Rosa de Iracema.

Dei uma passada na igreja que estava estupenda, e visitei o teatro da cidade, estavam fazendo uma exposição de filmes do Godard, eu era apaixonada por cinema, então fiquei por lá mesmo. Ao terminar dei uma volta na praia, tomei uma água de coco, fui no shopping e comprei alguns livros sobre astrônomos e cosmólogos, Stephen Hawking estava na minha listinha de PARA LER.

Sentei na praça de alimentação e me pus conferir cada teoria, cada ideia, em que naqueles livros foram postas , pedi esfirras e uma fanta, as teorias de Hawking eram impressionantes mais me causavam certas dúvidas, as maiores eram em relação ao buraco negro.

Quando minhas esfirras chegaram eu parei a leitura e comi saboreando o gosto de cada uma, e a substância sabor laranja que estava na minha latinha de fanta, aiai Brasil.

Passei na Riachuelo, C&A, Renner, e American(uma lojinha americanizada que vendia roupas digamos mais estilo Estados Unidos::: Parcas, moletom, cardigãs coisas mais únicas que raramente se encontra em lojas de departamento) comprei umas blusinhas para o calor, e uns shorts cintura alta jeans escuros ( nunca fui fã dos mais claros) uso sempre aqueles de cintura alta, por eu ser magrela e alta sinto que fico mais confortável com eles.

Passeei um pouco pelo shopping e comprei um sorvete, fui buscar o carro, eram 17:30, e já tinha ligado uma porção de vezes para o meu pai para que ele soubesse onde eu estava, paguei o estacionamento do meu carro e fui para a fazenda ... O Carlos ( o nosso novo jardineiro) abriu a porteira, dei uma buzinada para ele, e dirigi até a entrada da grande casa, havia um corredor cheio de árvores e mais parecia entrada de casamento.

Cheguei em casa, e subi para o meu quarto, tomei banho, e dessa vez não molhei o cabelo, visualizei meus e-mails e só havia uma mensagem da Megan, uma amiga que conheci no Canadá, e dizia que estava com saudades e perguntava quando eu iria voltar para lá novamente.

Ouvi alguém, na cozinha conversar com meu pai, não segurei a ansiedade, e fui ver quem era, dou de cara com aqueles olhos verdes claro que tanto amei ...

MEMÓRIAS DE JULIETAOnde histórias criam vida. Descubra agora