CAPÍTULO 2: - Marina -

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- Marina -

Na quarta-feira eu cheguei à agência com a cabeça praticamente explodindo de tanta dor de cabeça, consequência de uma reunião infindável e uma noite mal dormida. Tudo o que eu mais queria era entrar em minha sala e tentar relaxar um pouco, porém, eu sabia que assim que colocasse os pés na agência Verônica viria falar comigo, me cobriria de perguntas e claro um milhão de cobranças. Não sei onde estava com a cabeça quando me deixei seduzir por aquela mulher. Mas não pude resistir, Verônica apareceu em minha vida em um momento completamente difícil pra mim, na mesma época em que Larissa, minha ex-noiva me trocou por um almofadinha da alta sociedade, filho de um bancário. Verônica estava sempre por perto, sempre me oferecendo seu ombro, cheia de palavras de carinho e cuidados, isso mesmo que eu ainda não tivesse permitido a sua entrada em minha vida de um modo pessoal, na época ela era apenas uma colega de trabalho, funcionária da JUMP, e na minha vida ela tinha espaço apenas se viesse tratar comigo algo da agência. Mas a verdade, é que no momento em que deixei transparecer a minha fraqueza e minha tristeza, eu havia sim permitido a aproximação de Verônica de uma forma diferente. Eu nunca havia olhado para ela com olhos de cobiça ou desejo até um dia que ela me beijou enquanto eu estava deitada em um sofá em minha sala de olhos fechados. "Você não precisa sofrer assim, você merece algo melhor, e tudo o que eu quero é uma chance de estar ao seu lado de uma forma diferente, porque eu estou completamente apaixonada por você Marina!" - Lembro-me de tê-la ouvido falar momentos antes de voltar a me beijar, e eu no alto da minha carência, cansada de chorar e sofrer por quem não queria nem mesmo um resquício do meu amor, me entreguei aquele beijo.

Nunca errei tão feio em minha vida como naquele dia em que aceitei ser beijada e beijei Verônica. Após aquele dia, passamos a sair, e aos poucos eu fui deixando que ela entrasse de vez em minha vida, mas isso não sem antes ser completamente sincera com ela. Eu a avisei, que meu coração ainda estava ocupado, por uma pessoa ingrata, mas ainda sim ocupado, e que eu ainda era completamente apaixonada por minha ex-noiva. Eu perguntei se ela queria mesmo estar comigo mesmo que eu não pudesse oferecer o que ela queria, se ela aceitaria estar com uma pessoa que amava outra, e ela apenas me disse que queria tentar, que não me cobraria nada mais do que eu já estivesse oferecendo, que iria tentar tirar Larissa do meu coração, iria tentar até o dia em que fosse ela a ocupar aquele lugar. Sendo assim, entramos em relacionamento aberto, não pertencíamos uma a outra, isso era injusto eu sei, mas era só isso que eu podia oferecer.

Nunca fiquei com nenhuma outra mulher, mesmo que me relacionamento com Verônica fosse aberto, eu nunca me interessei por nenhuma outra mulher. Eu não tinha cabeça pra nada, ou melhor, pra mais ninguém que não fosse Larissa. Belas mulheres, se aproximaram, declararam-se mas nenhuma conseguiu passar para o lado de cá do muro que construí para me esconder e me defender. Eu não queria saber de mais ninguém, a única que eu havia deixado se aproximar de um modo diferente foi aquela que me oferecia amor em troca de migalhar, que me aceitava até mesmo pela metade, Verônica!

Após mais de dois anos eu já tinha superado Larissa, ainda mantinha aquele relacionamento sem pé nem cabeça com Verônica, eu não conseguia me desvencilhar dela, me sentia presa a ela, mas eu sabia que no fundo isso era apenas medo de um dia me apaixonar por outra pessoa e sofrer novamente. Eu não sentia nada por ela, nada além de desejo e tesão, e isso fazia com que eu me sentisse completamente errada, suja, egoísta. Eu estava a prendendo a mim, estava a mantendo perto de mim por puro egoísmo, eu jamais sentiria nada que pudesse ser comparado ao que um dia senti por Larissa, era inútil tentar, e ela sabia disso, mas durante todo esse tempo ela nunca deixou de alimentar aquela paixão que sentia por mim. Com o tempo as coisas foram mudando, eu não via mais aquela Verônica carinhosa, cheia de cuidados, e compreensiva, ela havia mudado bastante. Nunca juramos amor uma a outra, ela sabia exatamente o que sentia por ela, ou melhor, o que eu não sentia por ela, mas ela se sentia com direitos sobre mim, me cobrava, tinha ataques de histeria quando uma mulher se aproximava de mim, chegava a ligar umas 20 vezes ao dia pra mim quando eu não estava na agência, queria saber onde eu estava 25 horas do dia, meu celular não podia descarregar que ela enlouquecia, e tinha ciúmes de uma forma doentia até de minha própria sombra. A paixão que ela um dia sentiu acabou se tornando em obsessão. E o que me destruía era pensar que talvez tenha sido eu a criar aquele "mostro", foi eu que despertei aquela obsessão ao aceitar aquele relacionamento que não tinha nem mesmo um nome. Ela me queria, e me queria por completo, e por mais que eu tivesse tentado no último ano me apaixonar por ela, não funcionou, e eu não tinha como forçar aquilo.

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