Cap. 10: Olhos azuis vs Olhos pretos

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Uma hora mais tarde

*Pov Mery*

John parou o carro perto de uma pequena casa. Não era grande mas localizava-se numa pequena clareira junto do rio. O acesso àquela casa podia ser feito de carro através de uma pequena estrada de terra batida que se encontrava uns metros afastada do rio. Saindo do carro e admirando aquela casa, disse:

-O que foi feito do hotel?

- Isto também é um hotel...só que ligeiramente mais pequeno, sem piscina ou spa...mas tem serviço de quartos. O número que tens se marcar é: J-O-H-N.- disse John.

-Isso nem sequer é um número.

-Isso são pequenos pormenores sem importância.

-Agora a sério, onde estamos?

-É uma pequena cabana que eu construí à uns anos. Já cá não venho à imenso tempo...

-Ok... E por que é que me trouxeste?

-Achei que seria um bom lugar para viveres: é calmo, não é muito conhecido, é bonito...

-Pois...se houvesse um homicídio ninguém daria conta.- disse eu sorrindo.

-Eu não pretendo matar-te.- disse John sorrindo.- Se o quisesse fazer já o tinha feito.

-E quem disse que seria eu a morrer?

-Ah, elementar meu caro Watson.

Acabamos por nos rir os dois.

-Se quiseres podemos ir para um hotel que fica a 20 minutos daqui.- disse John.

-Não...Isto é bonito...-disse eu.- Não é um hotel de cinco estrelas mas é uma cabana de duas estrelas e meia.

John riu-se.

-Duas estrelas e meia?- disse ele.

-Talvez uma e meia...- disse eu rindo-me.

-Uma e meia?

-Talvez meia...

-És mesmo sacana...

-Não sou sacana...- disse eu rindo-me.- Sei muito da vida...

-Ou seja, és sacana...

-Não, sou uma mulher informada sobre a vida...

-E se entrassemos?

-Boa ideia.

Entrámos na cabana que, apesar de modesta, estava bem mobilada. Tinha três quartos, duas casas de banho (uma em tons de branco e azul que se encontre no andar de baixo e outra em tons de violeta e branco que se encontrava no andar de cima), uma cozinha e uma sala. Também tinha un sótão. Existia uma porta fechada à chave que presumi ir dar à cave.

-Aquela porta é para a cave? - disse eu apontando para a porta.

-Sim. É onde guardo as lembranças todas e por isso está sempre trancada.- disse John.

Acenei com a cabeça e fui até ao meu quarto.

John tinha-me escolhido o quarto maior: tinha uma cama de casal com um edredón azul, uma mesinha de cabeceira com um candeeiro branco, uma janela com vista para a floresta com uma cortina azul marinho e um roupeiro. O quarto estava decorado em tons de azul e branco, sendo que o azul era a minha cor favorita. Pensei para mim mesma: "Será que ele sabia que o azul é a minha cor favorita?". Assustei-me ao ouvir a resposta:

-Sim, vi que no teu quarto estava tudo decorado de azul e percebi que era a tua cor favorita.- disse John atrás de mim.

Virei-me e disse:

-Obrigado, foi querido da tua parte.

-Tu mereces.- disse ele sorrindo.

Coloquei a mala em cima da cama e fui ver a vista para a floresta.

Duas semanas depois
Estava tudo a correr bem: estava tudo sossegado, não havia as discussões de costume... John não passava o dia comigo mas, todas as noites, regressava à cabana para verificar como eu estava. Passava a noite no quarto ao lado do meu, tomava o pequeno-almoço comigo e saia de casa.

Já tinham passado duas semanas e eu tenho de confessar que já estava a ficar aborrecida. Estava a vaguear pela casa quando ouvi o que parecia ser alguém a discutir. Tentei perceber de onde vinha o som e percebi que vinha da minha direita. Quando me virei, vi a porta branca que John me tinha dito que ia dar à cave. Encostei o ouvido à porta e ouvi mais gritos. Tirei um ganjo que tinha no cabelo e forcei a fechadura. O mue subconsciente ralhava comigo: "A sério Mery? Ele tem a hospitalidade de te acolher na casa dele e tu forças-lhe as fechaduras. Perfeito. Realmente bom.".

Quando finalmente consegui abrir a porta, entrei numa pequena sala totalmente vazia: Não havia luz porque as janelas estavam tapadas, não havia mobília e a única coisa que existia naquela sala era um tapete no centro da sala. Estava a passar por cima do tapete, para destapar as janelas, quando tropecei nele. Após me equilibrar, reparei que estava algo debaixo do tapete. Tirei o tapete e vi uma espécie de alçapão. Abri-o e ouvi a discussão mais forte. Desci, ainda que receante, por umas escadas de madeira que me levaram até ao que julguei ser a cave. Andei um pouco, por um corredor escuro, e finalmente vi quem discutia. Vi o John e um John de olhos azuis a discutirem um com o outro. O meu consciente ralhou comigo: " Não devias ter tomado os comprimidos para a dor de cabeça. Agora estás com alucinações...".

Os dois Johns calaram-se e olharam para mim. Eu comecei a ver tudo desfocado e a dobrar. O meu consciente ralhava ainda mais comigo: "Boa Mery, agora em vez de veres dois Johns vês quatro".

Comecei a perder o equilibrio e acabei por cair no chão. De seguida... não me lembro de mais nada.

*Pov John*

Já se tinham passado algumas semanas desde que a Mery veio viver para a cabana.

Estava a preparar um plano para ficarmos mais preparados para os caçadores, quando vejo o Bryan a entrar pela porta da cave.

-Mas tu tens que estar sempre um passo a cima de mim? - perguntou o Bryan irritado.

-Eu? Porque dizes isso? Eu não te vejo a séculos. - disse continuando o que estava a fazer.

-Sim e mesmo assim conseguiste ganhar a confiança da Meredith primeiro. - disse o Bryan começando a gritar.

-Então isto é tudo por causa da Mery? - disse gritando ainda mais.

-Tão querido até já têm apelidos. - disse o Bryan gritando e sendo irónico.

Senti que alguém nos observava. Quando olhei para o lado vi Mery com um olhar confuso.

Estava a começar a ficar preocupado porque ela estaca cada vez mais pálida, mais branca. Em questão de segundos, Mery desmaiou. Apanhei-a rápido, subi até ao seu quarto e deitei-a na cama.

Glossário:

"elementar meu caro Watson"- expressão típica de Sherlock Holmes.

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