Cap. 22: Mentira VS Realidade

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Na media: "When you say nothing at all" by Alison Krauss

1 de Abril

*Pov Sean*
-Como assim uma Mery morta?

-Não tenho a certeza mas... Eu acho que ela não está bem. Está inconsciente à demasiado tempo.- disse Bryan.- Sobreviver a uma transformação de vampiro ou lobisomem já é difícil... Sobreviver às duas ao mesmo tempo... Chama o John. Quando a Mery acordar diz-lhe que fui eu quem o chamou. Assim ela não tem motivos para se chatear contigo.

-Está bem.- disse eu dando um beijo na testa de Mery e saindo a correr.

***

Cheguei o mais depressa que pude à cabana e entrei no no escritório de John.

-John, precisamos de conversar.- disse eu.

*Pov John*
-Claro.- disse eu.- Vamos começar pelo facto de entrares no meu escritório sem bater à porta.

-Ou então começamos pela Mery.- disse Sean.

-Sean, ainda é muito cedo para isso.- disse eu.

-Não, não é. Na verdade, até temo que seja demasiado tarde.

-Como assim?

-Tenho uma coisa para te contar. Primeiro que tudo, promete-me que com a raiva não vais partir tudo à tua volta, isso inclui não me partires a cara. Segundo, promete que não ficas zangado comigo.

-Sean, o que é que fizeste?

-Não é bem essa a pergunta que deverias fazer... Deverias ter perguntado o que é que eu faço...

-Desembucha de uma vez.- gritei eu.

-A Mery não está morta.- disse Sean.

-Ah, é só isso?- disse eu sentando-me na cadeira.

Sabia que Sean estava a gozar comigo, mesmo assim, aquela era uma piada de mau gosto.

-De todas as reacções que te imaginei ter, esta era a mais improvável. Queres explicar o teu estado de tranquilidade?

-Que queres que faça? Que te dê os parabéns por teres feito a partida mais original, e com mais original quero dizer de pior gosto, da história?

-Espera, o quê?- disse Sean boquiaberto.

Parecia não saber do que se tratava, tinha aquele ar de intrigado, surpreendido. Nem mesmo ele era assim tão bom ator. Então das duas uma: ou ele tinha tirado um curso de teatro e não me tinha contado ou acreditava mesmo no que dizia.

-Isto não é uma partida?- disse eu.

-Partida?- disse Sean.

-Sim.

-Porque haveria eu de pregar uma partida?

-Tu pregas sempre uma partida nesta altura...Pelo menos foi o que os Roberts disseram.

-Nesta altura? De que falas?

-De que falas tu? Não sabes que dia é hoje?

-Sim, é o dia em que eu pensava que ia receber um murro teu após te contar o que acabei de te contar.

-Eu pensava que essa era a tua partida este ano. Hoje é dia 1 de Abril.

-Achas que eu pregaria uma partida sobre este assunto?

-Espera!- disse eu levantando-me da mesa.- A Mery está mesmo viva?

-Era isso que estava a tentar explicar-te. Eu depois conto-te a história mas, basicamente, ela nunca morreu mas agora pode estar a morrer. Precisamos da tua ajuda. Por favor.

Ainda quase incrédulo, e tenho de admitir que parte de mim ainda acreditava que se tratava de uma mentira, segui Sean.

***

Entramos numa casa e Sean, enquanto fechava a porta, gritou:
-Lá em cima.

Subi as escadas e Sean rapidamente me indicou uma porta que se encontrava entreaberta. Abri-a com o coração aos pulos. Parte de mim queria que aquilo não passasse de uma partida, a outra parte desejava fortemente que fosse verdade, que Mery estivesse viva.

Assim que a porta se abriu por completo vi Bryan de costas para a porta, virado para uma cama. Ia para gritar o nome dele quando me apercebi de quem estava deitada na cama. Sem conseguir proferir uma palavra, e sentido as lágrimas escorrer-me pelo rosto, andei até à cama. Percebi que Bryan se tinha desviado mas o meu olhar manteve-se focado em Mery. Peguei na sua mão, gelada, e apenas olhei para ela. Parte de mim estava aliviado por aquilo ser verdade: isso significava que tinha Mery de volta. A outra parte sentia-se frustrada: se Sean contara a história certa, Mery estava de novo entre a vida e a morte. Eu quase não sobrevivera ao perdê-la uma vez... Jamais sobreviveria ao perdê lá duas vezes.

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