O 1º Sonho

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Era exatamente 23:58, eu estava contando os segundos, eu iria completar 6 anos em menos de dois minutos! Eu estava dentro do armário, já havia passado da hora de dormir, e minha únicas companhias dentro daquela guerra de roupas amassadas, era um lindo despertador azul - que era do meu Pai- que continha uma luz meio florescente, e minha pequena cadelinha de 3 anos, a Molli.
Era a primeira vez que eu pegava naquele despertador antigo, meu pai o guardava como se valesse ouro, e eu nunca entendia tamanha preocupação com um simples despertador. Nesse longo tempo de dois minutos, Molli mal conseguia ficar um minuto sem se mexer, ela ficou arranhando as portas, e mordendo minhas roupas, o que me deixava brava, principalmente pelo fato de não poder dar uma bela bronca por babar nas minhas roupas novas.
-23:59! Ai meu Deus Mollizinha, falta apenas um minuto! Daqui um minuto deixarei de ser um Bebê, irei virar uma mulher! Daquelas bem bonitas e...
Antes que eu pudesse completar minha frase, o despertador... Despertou !
Eu normalmente pularia dali com a maior euforia, correria para o quarto dos meus país e pularia na cama deles gritando "6 ano, 6 anos". Mas não desta vez. Agora eu entendia por que meu papai guardava aquele velho despertador com tanta delicadeza. Ele não era qualquer coisa, que qualquer um compraria em uma loja ali na esquina, ele era especial e único!
Ao despertar, indicando um novo dia começando, ele não simplesmente apitou, ele começou a tocar uma música bem antiga, de uma cantora que meu pai amava muito, e que não era qualquer cantora... Era minha vó, que morreu em um acidente de carro quando meu pai era só uma criança. Ela não era mundialmente famosa, mas para meu pai, era a mais linda de todas.
Em seu aniversário de 6 anos, minha vó lhe deu esse despertador, de aniversário. Depois de uma pequena festa, ela o colocou para dormir , mas antes, se sentou na cama, lhe colocou o despertador em suas mãos, ajustou-lhe para despertar no minuto seguinte e disse:
- Quero que guarde isso com você, não é grande coisa meu filho, mas lhe dou de coração, para que nunca esqueça suas origens, e também, nunca se esqueça de realizar os seus sonhos, esses sonhos que estão guardados em seu coração, dos mais improváveis aos mais óbvios, eu quero que lute por eles, que faça o que for preciso para realizá-los.
Meu pai havia me contado essa história antes, mas eu nunca dei ouvidos, pois achava maluquice, e nunca intendi o verdadeiro sentido disso tudo, mas no momento em que eu ouvi sua suave voz, senti como se estivesse deitando-me em um campo de margaridas. E pensei dentro da minha cabeça " É isso! Esse é meu sonho, e é isso que eu quero  fazer para o resto da minha vida... Eu quero CANTAR!".

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