Capítulo 40

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Dimitri Belikov

Era realmente muito estranho estar na Rússia novamente, depois de ter saído daqui para me tornar o que eu era naquele exato momento, vir parar em São Petersburgo, e estar em casa após tantos anos longe de tudo que era familiar para mim, remexeu com uma série de sentimentos e lembranças, que pensei ter esquecido há muito tempo, por questões de segurança. Ainda assim, eu não me arrependia de ter cedido ao pedido de Rose, para estarmos ali naquele momento. E quem diria que minha irmã havia estudado com ela, e que anos depois eu estaria apaixonado por Rose. O que realmente me preocupou de forma perturbadora, foi o modo como minha avó havia reagido quando percebeu que eu estava presente, que eu estava bem e em casa, após tanto tempo longe de todas elas.

Era fato que desde moleque minha avó me dava certo medo, por ser do jeito que era e por ver as coisas que via em suas cartas, e todas as outras coisas que fazia, porém agora a situação era completamente diferente, porque no exato momento que ela encarou Rose e disse aquelas palavras de um jeito estranho, que eu não entendi, ainda consegui me sentir assustado e particularmente preocupado com o que ela havia dito, para minha aluna e secreto amor, e principalmente, porque ter feito aquilo do nada e sem motivos específicos. Pelo que eu sabia, ela podia ter amaldiçoado Rose por estar ali ou coisa pior.

- Mãe, o que exatamente foi aquilo? -Perguntei, impaciente com o silencio dela.

- Eu realmente não sei se consigo explicar querido, sua avó tem estado estranha esses dias. -Respondeu minha mãe, encarando as próprias mãos em seu colo.

- Mae, não tenta mentir pra mim, porque a senhora sabe que não vai conseguir fazer isso comigo. De todos nessa casa, a senhora é a única que conhece bem o que a vovó diz, e porque ela diz dessa forma assombrosa. Sei que você sabe, e precisa me dizer o que significa. -Falei de forma séria, ainda assim submissa.

- Está bem meu amor, eu falo o que eu sei a respeito. Querido, eu realmente sinto muito que tenha que ouvir isso agora, mas acho que vai ser bom você saber, já que não tem como escapar de qualquer forma. -Minha mãe falou, meio nervosa.

- Compreendo perfeitamente mamãe, apenas me fala o que está acontecendo aqui. A vovó me deixou realmente muito assustado, com o jeito que olhou para Rose e disse aquelas palavras. Preciso saber o porquê disso. -Falei, ainda lutando para me manter controlado, tinha que me manter calmo.

- Ela disse que sua aluna Rose será uma ótima pessoa para você, e que está orgulhosa ao perceber, que você encontrou o que seu coração procurava. Ela disse que você está... Bem, como posso dizer isso? Que está completamente apaixonado pela sua aluna e que em breve, vocês dois não vão mais poder esconder isso das pessoas, ou poderão ter sérios problemas, se tentarem se esconder por mais tempo. E que alguém vai se machucar gravemente, com as escolhas de vocês dois, em algum momento próximo. Haverá muitas lágrimas, algo terrível colocará os dois numa situação completamente perigosa e... -Minha mãe se interrompeu, olhando para mim de forma preocupada.

- E o que mais, mãe? Por favor, me conta o que você sabe... Conta pra mim o que a vovó estava falando pra Rose, por que... O que vai acontecer se eu não proteger Rose quando voltarmos para a Academia? -Pedi lutando para me manter controlado, tarefa essa que estava sendo estranhamente difícil.

- Alguém vai trair a todos que confiavam nessa pessoa, por uma razão que ninguém vai entender inicialmente, haverá sangue derramado pela traição. Morte. Sinto muito querido, de verdade. -Disse ela para mim, levantando-se e saindo rapidamente, indo para a cozinha.

O restante de meu controle foi pelos ares naquele exato momento, meu sangue gelou em minhas veias e meu corpo começou a tremer por inteiro. Minha mãe sabia a verdade, até a minha avó sabia a verdade, sobre o que estava acontecendo entre mim e Rose. Mas não era isso que me preocupava de verdade naquela história, e sim o fato do que aconteceria, depois que estivesse de volta a Academia São Vladimir seguindo as regras, treinando os alunos, alguém iria se machucar e morreria por algum motivo, e algo me dizia que isso tinha haver diretamente com minha aluna. Eu não iria aguentar passar por aquilo sem desmontar, não podia imaginar um mundo, sem minha Roza ao meu lado. Não. De jeito nenhum, eu não podia perdê-la de forma alguma. Precisava encontrar um modo de protegê-la.

- Dimitri, acorde. Olha o almoço está pronto há algum tempo, e a mamãe fez seu prato favorito. Macarronada com queijo derretido. -Disse Victoria, tocando meu ombro e se assustando. -Nossa, você está suando frio. Você está legal?

- Estou bem Vick, não se preocupe. Eu estava só... Deixa pra lá. Espera um momento, onde está Rose? -Perguntei, me colocando de pé rapidamente.

- Ela está na cozinha a um tempão com a mamãe e a Bekah, estavam conversando sobre coisas relacionadas à Academia São Vladimir. Agora ela está ajudando a colocar os pratos na mesa, para que possamos almoçar. Vem, antes que esfrie. -Disse ela sorrindo gentilmente.

Entrei na cozinha em passos lentos, ainda pensando na conversa estranha que tive com minha mãe, sobre meu possível futuro desastroso, e a possibilidade de Rose acabar morrendo em algum momento, depois que a Academia nos receber de braços abertos, e meus olhos automaticamente foram na direção dela, que por sua vez estava sentada ao lado de Rebekah e imediatamente me coloquei ao lado delas, com um sorriso descontraído.

Pela primeira vez na minha vida, eu não estava me importando sobre o que poderiam pensar, do fato de eu estar apaixonado pela minha aluna, e de qualquer forma, minha mãe iria acabar contando para minhas irmãs... Se é que elas já não haviam percebido o modo como eu agia perto de Rose, depois da revelação estranha de minha avó, elas iriam perceber no mesmo minuto.

- Olha só, vejo que a Bela Adormecida finalmente acordou de seu sono dos cem anos. -Brincou Rose, sorrindo ao me olhar.

- Engraçadinha. -Falei revirando os olhos e então peguei a mão dela, entrelaçando nossos dedos e isso a fez paralisar. -O que foi?

- Dimitri, o que você está fazendo? -Perguntou ela, franzindo a testa ao encarar minha família, que havia parado também e voltado o olhar em nós dois.

- Estou sendo sincero comigo mesmo, pela primeira vez em... Muito tempo. Fingir sobre o que eu sinto por você cansa. -Respondi dando de ombros e então, quebrando todas as regras morais que passei a vida acreditando, inclinei meu corpo segurando o rosto de Rose, e juntei nossos lábios. - Eu te amo, Roza.

- Eu tinha certeza de que seu autocontrole não era melhor que o meu, Guardião Belikov. Também amo você, Dimka. -Respondeu ela, me encarando com ternura e depois olhando para baixo.

- E aí, vamos comer pessoal? -Perguntou Dimitri, endireitando o corpo e olhando para todos como se nada tivesse acontecido. -Estranho, estou com fome.

Por mais que fosse estranho, eu me sentia bem em poder ser eu mesmo, perto de alguém que não fosse unicamente Rose. Era bom perceber que minha família não iria me julgar, por ter me apaixonado por minha aluna, mesmo ela sendo minha aluna, menor de idade e em breve Guardiã da Princesa Dragomir. Por outro lado, estourar essa mesma bomba quando voltarmos para a Academia, não seria tão fácil, além disso, a mãe dela, Janine Hathaway provavelmente iria querer me matar, e algo me dizia que Ibrahim Mazur, não se incomodaria em ajudá-la.

Escuridão do Espírito - Fanfic Academia de VampirosOnde histórias criam vida. Descubra agora